Jesus sabia respeitar a escolha das pessoas, sabia dialogar
Fazia parte do jeito de ser de Jesus a expressão “se queres”. Propôs ao moço rico uma vida mais perfeita, se ele quisesse (Mt 19,21), respondeu que queria, ao leproso que lhe propunha que, se quisesse, o curasse (Mt 8,2), perguntou aos doze em dúvida se não queriam ir embora (Jo 6,67).
Perguntou ao paralítico na piscina se queria sarar (Jo 5,2-8). Não consta que tivesse forçado o centurião romano a se converter, nem à cananeia, nem à samaritana. Jesus tinha outras ovelhas que não eram do seu rebanho e as respeitava (Jo 10,16). A pessoa não tinha que ser do seu grupo para operar em nome dele, desde que fosse sincera. Foi o que ele disse aos discípulos quando estes proibiram alguém que não era do grupo de expulsar demônios em nome de Jesus (Mc 9,38).
Jesus sabia respeitar a escolha das pessoas, sabia dialogar, não foi nem nunca seria sectário. Por isso soube dialogar com fariseus, escribas, mulheres de má reputação, com a samaritana, cuja vida não era um modelo de virtudes, com Zaqueu, o coletor de impostos,
com gente contrária, gente alheia e gente que nem era do seu povo.
Jesus não saiu por aí ameaçando com o inferno a quem não aderisse a Ele. Só foi duro com pessoas mal intencionadas. Veio para os de boa vontade e respeitou a vontade de gente boa que não aderiu a Ele. Não temos provas de que Nicodemos ou José de Arimateia tenham se tornado cristãos. Jesus teve pena do moço rico, mas não o condenou por
sua escolha.
E não amaldiçoou os que o deixaram. Foi misericordioso inclusive com Judas, que planejava traí-lo (Lc 22,48 ). Jesus era um pregador que não impunha a fé. Oferecia com um sereno ”se queres”. Quem não quisesse – ou não pudesse – era amado do mesmo jeito.
O cristão de verdade é diferente
Há uma diferença enorme entre Jesus e alguns pregadores modernos que chegam a ofender a quem discorda, não adere e não ora do jeito deles. É que Jesus amava a todos e eles não conseguem. Só consideram irmão quem ora como eles. Precisam crescer, por isso encaram a pregação como uma guerra. O outro é adversário e precisa ser derrotado. O cristão de verdade é diferente. É fraterno com todos, mesmo com os que não pensam nem vivem como ele.
Vale a pena ouvir Jesus. Seu evangelho é forte, mas sereno. De fanático Jesus não tem nada. Alguns de seus seguidores precisam aprender também isso. Jesus era ecumênico e respeitava os outros. Eles é que não conseguem, nem desejam!
Padre Zezinho, SCJ
- Primeiro dia do funeral marcado pela trasladação do corpo de Bento XVI para a Basílica de S. Pedro - 3 de Janeiro, 2023
- Legado teológico de Bento XVI está a ser traduzido para português - 3 de Janeiro, 2023
- Canonista explica protocolo do funeral de Bento XVI - 2 de Janeiro, 2023