A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) afirmou que mesmo no hemisfério norte “ainda muito há a fazer” no reconhecimento dos direitos civis das mulheres e recorda que na academia portuguesa existem apenas duas reitoras.
“É importante que as mulheres profissionais estejam também elas disponíveis para uma afirmação com confiança, abandonando a estratégia da ‘liderança relutante’ e olhando para a sua singularidade feminina não como opressão”, escreveu Isabel Capeloa Gil, num artigo intitulado ‘As mulheres e a globalização’.
A reitora da UCP alerta que a “falta de sensibilidade de género para a paridade” na organização de conferências, na constituição de painéis, júris, nas nomeações para cargos políticos e económicos é cultural, “mas não se altera por decreto”.
No “belo jardim português”, exemplifica, “apenas se sentam duas reitoras entre quinze universidades públicas” na academia e numa votação conjunta para a eleição dos 25 gestores de topo em Portugal, “apenas foi selecionada uma mulher”.
“As imensas possibilidades que nos são socialmente oferecidas, continuam a ser contrariadas por uma invisibilidade estratégica, quiçá não deliberada, e por isso ainda mais perversa”, acrescenta.
O artigo de opinião assinala que, apesar do longo caminho trilhado, “ainda muito há a fazer” no hemisfério norte, sobretudo no acesso aos cargos de topo na política, na gestão, na academia mas existe uma outra realidade que “entra diariamente em casa por via da globalização das comunicações” que é a do hemisfério sul.
Essa realidade, que estás sobretudo no hemisfério sul, mas “não exclusivamente”, mostra descriminação, violência física e psicológica, “mostra afinal uma linha de diferença sexual no fluxo de objetos em movimento da globalização”.
Isabel Capeloa Gil, professora catedrática da Faculdade de Ciências Humanas, tomou posse como reitora da Universidade Católica Portuguesa a 28 de outubro de 2016.
A reitora nasceu a 22 de julho de 1965 em Mira, Coimbra; tem doutoramento em Língua e Cultura Alemãs na Faculdade de Ciências Humanas da UCP, da qual foi diretora desde 2005 e 2012.
No seminário apresentaram-se 13 testemunhos de mulheres com responsabilidades em instituições católicas em Portugal, a nível nacional e diocesano.
Para além do testemunho na primeira pessoa onde é partilhada a forma como vivem essa missão, o dossier é introduzido por duas intervenções do Papa Francisco, que tem pedido desde o início do seu pontificado uma presença efetiva das mulheres nos locais de decisão, na Igreja e na sociedade.
Fonte: Agência Ecclesia
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