No dia que a Igreja dedica aos pobres, o padre Carlos Cabecinhas convidou os peregrinos à “solicitude pelos mais pobres”
No início da Missa deste domingo, na Basílica da Santíssima Trindade, o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, que presidiu à celebração, começou por saudar de uma forma especial o grupo de 50 utentes da Cáritas de Vila Real, que, a convite do Santuário de Fátima, veio em peregrinação à Cova da Iria neste II Dia Mundial dos Pobres que a Igreja hoje celebra.
Na homilia, o presidente da celebração centrou a sua reflexão no apelo à atenção pelos pobres, exortando os peregrinos a discernir neles a presença de Jesus Cristo e, a exemplo dos santos Pastorinhos, concretizar a solicitude aos outros através de gestos de ajuda em seu favor.
O reitor do Santuário começou por fazer notar a “linguagem cheia de apelos marcados pelo dramatismo e pela urgência” que a Palavra de Deus assume a cada final de ano litúrgico, para traduzir este “modo de expressão” como um sinal de “esperança e confiança no futuro”, que convida à preparação para a vinda do Senhor.
“Este modo de expressão marcou sempre períodos conturbados de perseguições e incerteza, visando assegurar a esperança dos crentes e assegurar que Deus, mesmo nos momentos mais complexos, não nos esquece nem nos abandona. Estes textos pretendem transmitir-nos essa confiança no futuro, mesmo quando tudo parece dar um sinal contrário”, explicou, ao estabelecer um paralelo com a terceira parte do segredo de Fátima, que “utiliza o mesmo tipo de linguagem: viva, de imagens fortes, que convida à confiança em Deus e a estarmos preparados para acolher o Senhor”.
Neste sentido, o sacerdote desafiou os peregrinos a olhar para o “tempo de angústia”, referido na primeira leitura de hoje, e para a “grande aflição” apresentada no Evangelho deste domingo, não como uma profecia do futuro, mas como convite a estarmos preparados para “reconhecer os sinais discretos da presença de Deus no mundo e na nossa história.”
“Hoje, que celebramos o II Dia Mundial do Pobre, é preciso sublinhar que o Senhor vem na pessoa dos pobres, que são presença real de Jesus no meio de nós”, concretizou o padre Carlos Cabecinhas, ao lembrar o convite que o Santo Padre deixou na mensagem para este dia, no sentido de um “verdadeiro exame de consciência sobre a capacidade pessoal de escutar o brado dos pobres”.
Seguindo o alerta o Papa Francisco, o sacerdote chamou a atenção para o “grande risco de indiferença” perante a crise de refugiados, o sofrimento dos pobres, excluídos e marginalizados, e apontou o Dia Mundial dos Pobres como uma oportunidade para “alertar as consciências para os dramas que é preciso encarar” através de uma “solicitude pelos mais pobres que, numa atenção amiga, aprecia a outro como pessoa, procurando o seu bem”.
“Procuremos discernir, no tempo presente, os caminhos de bem a que Deus nos chama, e os muitos modos como Ele se faz presente na nossa vida. Disponhamo-nos também a aprender, com os santos Pastorinhos, esta solicitude pelos outros – sobretudo pelos mais pobres, doentes e atribulados –, que se concretiza não só na oração e sacrifícios, mas também em gestos de partilha com os mais necessitadas”, concluiu.
Na celebração deste domingo, o grupo e acólitos do Santuário renovou o seu compromisso para “servir e colaborar na dignificação da celebração da Eucaristia”.
Participaram na celebração grupos de peregrinos de Portugal e também do estrangeiro: Espanha, Itália, Polónia, Brasil, Estados Unidos da América, Filipinas, Índia e Uganda. Marcaram presença também: um grupo de Chefes Estado Maior da Armada de Portugal e Espanha; um grupo do Conselho Nacional da Associação de Médicos Católicos Portugueses; um grupo dos Encontro Nacional das Equipas de Nossa Senhora; um grupo dos participantes nas Jornadas Nacionais do Movimento da Mensagem de Fátima, que decorrem no Santuário; e os participantes no curso sobre a mensagem de Fátima da Escola do Santuário, que hoje termina.
O grupo de utentes da Cáritas de Vila Real usufruiu de uma visita guiada pelos vários espaços do Santuário, seguindo-se a despedida, na Capelinha das Aparições.
Fonte: Santuário de Fátima
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