Quais são as referências masculinas que temos hoje?

Precisamos de mais homens que passem uma imagem positiva do ser masculino


A figura masculina é muito importante no desenvolvimento das crianças, tanto para os meninos quanto para as meninas.

O pai é a primeira imagem de homem que as crianças têm; para as meninas, ele será o modelo que elas terão como referência para todos os homens que passarem pela vida delas. Para os meninos, será aquele que os fará sair do mundo feminino da mãe para se tornarem homens. Contudo, não é apenas dentro de nossos lares que precisamos ter uma imagem positiva do masculino, mas na sociedade como um todo.

No processo de construção da sua personalidade, nossas crianças, principalmente os jovens, são influenciados por pessoas que lhes são próximas e também por indivíduos da mídia.

Como muitos pais agem dentro de casa?
Quais são as referências masculinas que temos hoje em dia? Vejamos alguns exemplos, começando pelos pais. Podemos dizer que a maioria foi doutrinada, desde anos atrás, a serem ausentes:

– alguns, pelo trabalho que os consome, pois aprenderam que a grande necessidade de um filho é ter “do bom e do melhor materialmente”;

– outros, por se tornarem progenitores num momento de “curtição”; e quando surpreendidos pela notícia da paternidade, não se julgam preparados ou dizem que a mãe deveria ter se prevenido;

– outros são adeptos também da falta de tempo, porque praticam um hobby ou mesmo têm um vício, que os tira constantemente da responsabilidade de educar. Esse último é o típico pai e marido que o personagem Homer Simpson ilustra. Às vezes, são glutões, beberrões, não sabem nem querem aprender a fazer nada dentro de casa, e ainda dão trabalho e envergonham a mulher e os filhos.

Imagem do homem na sociedade e na mídia
Saindo do ambiente domiciliar temos:

– o “pegador”, que trata bem as mulheres só até conseguir o que quer, e não recorda o nome delas no dia seguinte. Faz questão de contar para os amigos o que elas fizeram na cama com ele;

– Há também os atletas, cantores, atores e outros “endinheirados”, que pensam que a fama lhes deu “passaporte livre” para escarnecer de toda ética, não tem a mínima consideração com o mundo e as pessoas. Ostentam bens de luxo como se isso fosse a prova de sua superioridade.

– Os super-heróis, quando de máscaras, armas ou armaduras, enfrentam tudo, mas não lidam bem com questões existenciais, tem um passado sempre sombrio e cheio de traumas. A maioria não consegue resolver questões mais simples como se declarar e assumir a amada;

– Temos ainda o modelo de corpo “saradíssimo”, que borrifa um perfume da moda, veste um terno, sai por aí chamando toda à atenção para si e conquistando mulheres;

– Os bebedores de cerveja, que se gabam de quantas conseguem tomar e imitam os garotos-propaganda nos comerciais dessa bebida – rostos de homem, atitudes de crianças.

– O metrossexual, que namoraria a si mesmo se pudesse.

– Não podemos nos esquecer daqueles que aderem a tudo quanto é “modinha”, e assim parecem  antenados, como homens que beijam outro homem na boca como forma de protesto à violência contra as mulheres. Fala sério! É isso que faz de um homem alguém sem preconceitos? Como se esse gesto o fizesse mais homem!

Definitivamente, não são esses os exemplos de masculinidade, pois fazem de si mesmos, de seus prazeres, dos próprios conceitos e questões interiores, o grande ideal de vida, e essa não é a verdadeira essência do ser masculino.

O que um homem verdadeiramente precisa e busca?
Qual é o protótipo de homem ideal? Onde encontrar a verdadeira essência do ser masculino?

A principal característica do homem é a luta, é entregar a vida para conquistar o que ele ainda não tem. O homem sempre deve lutar pelo amor de sua mulher, pelo seu reino – lar, harmonia, bem-estar psíquico e material daqueles que lhe são confiados – e por um ideal. Os homens sempre vão buscar uma luta, uma aventura, uma causa que esteja fora dele.

Podemos ver isso o tempo todo, nos personagens masculinos dos filmes, mas também, desde crianças, nas brincadeiras entre meninos, os quais, na maioria das vezes, são de iniciação e competição, até nossos pais e avós aposentados, como ficam inquietos dentro de casa, sempre bolando um negócio.

Só para entendermos melhor: “Para conhecer-se, uma mulher olha para dentro de si e encontra todo um universo. Ela lê seu próprio coração (que é um mundo de sentimentos, percepções e sensibilidades) para entender o mundo que a cerca”.

Já o homem, “olha para dentro de si, intui o que tem e o que possui; então, busca autenticação de seu conteúdo no mundo exterior. Ele vai experimentar se essa intuição sobre si mesmo é verdadeira, no mundo e na prática.

O homem precisa fazer o esforço de sair de si, e esse esforço o ajuda a compreender o que está em seu interior, seus anseios e o sentido de sua vida”. (Trecho do livro Terço dos Homens e a grande missão masculina).

Quem pode ser o exemplo positivo do ser masculino?
Onde está o modelo de homem em quem podemos nos espelhar? Em Cristo Jesus. Ele é a referência de pessoa e masculinidade. É o homem perfeito (cf. Mt 5,48).

Jesus não foi marido de uma mulher, mas Esposo por excelência (cf. Ap 21,9). Ele é o Filho, mas que revela a mais perfeita paternidade: a celeste (cf. Jo 10 30). Jesus não renegou os que Lhe foram dados, mas os assumiu (cf. Is 53, 5-6), era presença e ainda o é (cf. Mt 28, 20), incansável na solicitude com aqueles que precisam d’Ele (cf. Mc 6, 31). Cristo era gentil com as mulheres, não se aproveitava delas; pelo contrário, as elevava (cf. Lc 8,2-3 e Mt 19,7), não ostentava, mas era humilde (cf. Mt 8,20), como um herói salvou a muitos, na vida, mas, principalmente, em curar feridas existenciais (cf. Lc 1, 41), atraia a atenção de todos, não pela sua aparência exterior, mas pela beleza que exalava da sua alma (cf. Mt 14,13-14).

Principalmente, ensinou a verdadeira essência masculina, na aspiração mais importante e latente no homem. “Cristo também amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5, 25). E sabemos como Ele amou a Igreja, foi se sacrificando.

A realização está nos atos de nobreza
É esse o esforço, a luta que precisamos enfrentar. É no sacrifício por algo, que é maior do que a nossa pessoa, que encontraremos a nossa missão no mundo. É tendo a coragem de sairmos de nós mesmos e nos sacrificar, entregando a vida por livre e espontânea vontade, que chegamos a ter um sentido de existir, que nos faremos homens mais completos, homens à imagem de Jesus. Coragem!

Não são nossas vontades que vão nos preencher, mas sim os atos de nobreza. Em tudo, pergunte-se: “O que de nobre eu posso e tenho que fazer agora?”.

Na verdade, todos nós homens temos nossos medos, traumas, egoísmos, conceitos próprios, descompromissos, infantilidades e um pouco de “narcisismo”, inclusive eu mesmo, por isso não condeno ninguém. No entanto, chamo à atenção para as atitudes, aquelas descritas acima, que nos fazem ser menos homens de verdade.

Precisamos, sim, de homens com “H maiúsculo”! Onde estão esses homens que honram sua palavra, que respeitam as mulheres, as filhas dos outros, que amam suas famílias, protegem suas esposas e as amam de verdade! (cf. Ef 5, 25-33). Onde estão esses homens que brincam e se dedicam à saúde afetiva dos filhos, os trabalhadores, os virtuosos que não são arrastados pelos vícios, os que ensinam um ofício aos mais jovens, que introduzem valores cristãos no mundo, os pregadores da Palavra, os que conquistam e atraem pelo testemunho de vida?