D. José Ornelas disse não encontrar «lógica» no debate parlamentar quando tantos se esforçam por «ajudar a viver»
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou hoje em Fátima que a legalização da eutanásia é contrária a uma “sociedade mais humana”, defendendo como alternativa a oferta de “condições e razões para viver”.
“Não são as soluções facilitadoras e ‘legalizadas’ que ajudarão a criar uma sociedade mais humana. O que é preciso é acompanhar e oferecer condições e razões para viver”, referiu D. José Ornelas, no discurso de abertura da Assembleia Plenária da CEP, que decorre até sexta-feira.
O bispo de Setúbal manifestou “respeito” pelo “drama de quem sofre”, sublinhando que não é sua intenção “condenar ninguém pelas atitudes tomadas em consequência da dor, da falta de sentido, de condições e de esperança”.
“O que essas pessoas precisam não é de mais condenação nem de estigmas”, acrescentou.
O presidente da CEP questionou a “lógica” de trazer para o debate parlamentar a legalização da eutanásia “no meio dos sacrifícios e esforços das instituições e pessoas, a começar pelo Serviço Nacional de Saúde e pelos profissionais, que têm sido de uma abnegação que ficará na memória e no coração de todos nós, quando tantos e com total dedicação se esforçam por dar razões e condições para ‘ajudar a viver’”.
“Não encontro lógica no facto de se escolher precisamente este momento para dizer aos que tocam o mais fundo da dor e do abandono: ‘tem coragem, ajudamos-te a morrer; estamos a caminho de aprovar uma opção que aceita a tua eutanásia’”.
No dia 23 de outubro, a Assembleia da República Portuguesa rejeitou a iniciativa popular para promover um referendo à eutanásia, que recolheu mais de 95 mil assinaturas.
A 20 de fevereiro deste ano, a Assembleia da República aprovara, na generalidade, os cinco projetos de lei – BE, PS, PAN, PEV e Iniciativa Liberal – que preveem a legalização da eutanásia em Portugal; o debate do diploma na especialidade prosseguirá, agora, no grupo de trabalho criado para o efeito na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
“Que se tenha retomado esta iniciativa precisamente neste momento e se tenha negado a discussão pública integrada num pronunciamento da vontade do povo, em assunto tão importante e fraturante, não abona a nossa democracia nem a promoção de uma cidadania que se quer participativa e interventiva”, indicou D. José Ornelas.
Fonte: Agência Ecclesia
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