D. José Ornelas sublinha que «pandemia não terminou» e alerta para consequências da crise económica
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que a Igreja Católica teve uma atitude de “responsabilidade” e “solidariedade” perante a crise provocada pela Covid-19 no país.
D. José Ornelas, bispo de Setúbal, falava na abertura da 200.ª Assembleia Plenária da CEP, sublinhando que as comunidades católicas quiseram ser, no último ano, “espaço promotor de responsabilidade, solidariedade e esperança, próxima dos mais atingidos por esta crise que atinge o mundo inteiro, em diálogo com as autoridades competentes e fiéis ao Evangelho”, particularmente nas situações de “maior sofrimento e fragilidade”.
O bispo de Setúbal aludiu à decisão de suspender as celebrações públicas da Missa, nos confinamentos de 2020 e 2021, realçando que a mesma não foi tomada “por medo ou comodismo”.
“Foi particularmente sofrida e ponderada a decisão de voltar a prescindir das celebrações com a presença da comunidade, no início deste ano. Fizemo-lo tomando a sério o compromisso para com a vida e o dever de impedir a transmissão do mal, em solidariedade com quantos se têm prodigalizado em dedicação aos que são mais atingidos por esta crise”, declarou.
A reunião magna dos bispos católicos decorre até quinta-feira, com participação presencial e online, devido às restrições impostas pela pandemia.
“A pandemia não terminou e todos os indicadores nacionais e internacionais mostram que temos pela frente tempos difíceis”, alertou D. José Ornelas.
“A pandemia expôs a vulnerabilidade dos que são económica e socialmente mais frágeis, entre os quais se contam os sem-abrigo, os desempregados e os imigrantes, mas igualmente setores empresariais e culturais”.
O bispo de Setúbal falou das vacinas como sinal de esperança, deixando votos de que sejam “um fator de coesão e real progresso” e não venham agravar a “discrepância entre pessoas e países com maior ou menor poder económico”.
O presidente da CEP referiu que a Igreja Católica tem lições a aprender com a pandemia, num momento em que se espera pelo “incremento de presencialidade”.
“Uma das lições deste ano foi certamente a criatividade acrescida de grupos de leigos ativamente empenhados na busca de novos caminhos para a vida da Igreja, nos seus serviços de formação, catequese, ajuda solidária e missão”, apontou.
O responsável destacou a importância dos meios digitais e de uma “maior articulação e corresponsabilidade entre os serviços e movimentos laicais e os responsáveis ordenados: diáconos, padres e bispos”.
D. José Ornelas deixou ainda uma referência à deliberação do Tribunal Constitucional sobre a proposta de legalização da eutanásia em Portugal.
“Do mesmo modo que envidamos todos os esforços para vencer a crise e o sofrimento da Covid-19, podemos e devemos colocar igual solicitude de ciência, pessoas e meios, não para ajudar a pôr termo à vida, mas para a tornar possível, com a qualidade, afeto e dignidade em cada etapa da existência”, sustentou.
O presidente da CEP deixou evocou as vítimas das recentes cheias em Timor-Leste e as populações afetadas pelo terrorismo em Cabo Delgado, norte de Moçambique.
“Acompanhamos muito de perto esta última situação, contribuindo com a ajuda das nossas dioceses e outras instituições para minorar os efeitos dramáticos da crise humanitária. Apoiamos vivamente os esforços do Governo português, da União Europeia e de organizações internacionais, para que, em colaboração com o Governo moçambicano, se possam encontrar meios de auxílio às populações e assegurar condições de paz e segurança na região”, declarou.
Fonte: Agência Ecclesia
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