Preparar-me para ser sua testemunha

O Advento é tempo de preparação para a chegada do Senhor. E Lucas, ao apontar o momento histórico e os líderes políticos e religiosos de então, enquanto coloca no centro o anúncio de João Batista no deserto, pretende que assumamos duas coisas: primeiro, que o Senhor chega num contexto e momento históricos específicos; segundo, que a preparação da sua chegada nos deve levar a uma ação que, não ignorando o contexto, o transcenda. Daí o convite do evangelista a sairmos das agitadas ruas de Roma e Jerusalém para descermos ao deserto e ao Rio Jordão, para ouvir o precursor.

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O ónus da mudança do mundo está, exclusiva e equivocadamente, depositado naqueles que ocupam lugares de governo, entregue àqueles que “têm” poder. Esperamos, justificadamente, que sejam os nossos líderes a abrir caminhos para o bem e para a justiça. Contudo, para que o reino de Deus se instaure entre nós, há que ir além da confiança na ação de terceiros, pois o ónus é de cada um de nós. Temos de reconhecer, como nos indica Paulo na segunda leitura, o bem que Deus iniciou nas nossas vidas e prepararmos-nos, continuamente, para ser suas testemunhas.

Pela graça do batismo, somos chamados a colaborar na construção do Reino, e a primeira leitura recorda-nos que é isso que o Senhor espera de nós, que é ao Reino que Ele nos convida e que conta com as nossas vidas para completar a sua ação. E, tudo isto, como alegria a ser vivida, não como dever.

Nas nossas famílias e lugares de trabalho, nas nossas comunidades e grupos, colaboremos com aqueles que recebem a missão de liderar. Mas, principalmente, arrisquemos a viagem até ao deserto e estejamos atentos à voz de João Batista, que nos chama a preparar o caminho do Senhor.

1ª Leitura: Livro de Baruc 5, 1-9  — “Deus mostrará o teu esplendor”
Salmo: 125 (126) – Grandes maravilhas fez por nós o Senhor: por isso exultamos de alegria.
2ª Leitura: Epístola de São Paulo aos Filipenses 1, 4-6.8-11  — “Puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo”
Evangelho: São Lucas 3, 1-6  — “Toda a criatura verá a salvação de Deus”