A Fundação AIS lançou uma campanha de ajuda de emergência para a comunidade cristã libanesa que está a atravessar um dos tempos mais difíceis da sua história, especialmente na cidade de Beirute onde ainda são bem visíveis os estragos causados pela violenta explosão do dia 4 de Agosto.
Essa explosão, na zona portuária, causou um rasto de destruição que atingiu principalmente dois bairros, o Mar Maroun e o de Achrafieh, este predominantemente cristão.
Calcula-se que a explosão de uma quantidade significativa de nitrato de amónio, que estava armazenada no porto da capital do Líbano tenha provocado pelo menos 180 mortos, 6500 feridos e a destruição total ou parcial de mais de 90 mil habitações, assim como de mais de uma centena de igrejas, capelas, conventos e escolas.
Calcula-se que mais de 300 mil pessoas, das quais cerca de 80 mil são crianças, tenham ficado desalojadas após o dia 4 de Agosto.
Como referiu o Padre Samer Nassif, “num segundo foram causados mais danos no bairro cristão de Beirute do que durante os longos anos de guerra civil. Temos de reconstruir tudo do zero!”.
Também a Irmã Maria Lúcia Ferreira, uma religiosa portuguesa que vive no Mosteiro de São Tiago Mutilado, na vila de Qara, perto do Líbano, referiu a profunda devastação que atingiu o bairro cristão de Beirute. “Foi um bairro que sofreu bastante durante a guerra, mas a destruição, agora, é muito maior do que durante todo esse tempo.”
Perante a tragédia que atingiu tão fortemente a cidade de Beirute e a própria comunidade cristã, a Fundação AIS decidiu, logo nas horas seguintes à explosão, enviar uma ajuda de emergência no valor de 250 mil euros, verba destinada, essencialmente, à “aquisição de cabazes alimentares” para cerca de 5 mil famílias.
Mas as necessidades são imensas e a ajuda não pode parar. De facto, o Líbano vive uma das mais profundas crises da sua história, com a economia num caos e a falência do sistema bancário a encurralar as famílias no desemprego e na fome.
Há cada vez mais pessoas que têm de procurar nos caixotes do lixo a comida que já não conseguem comprar. No Líbano vivem também milhares de cristãos sírios. São refugiados de guerra. A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais esta realidade tão dramática. O Líbano depende agora da ajuda internacional.
Perante os inúmeros pedidos de auxílio da Igreja local, a Fundação AIS decidiu lançar um novo apelo aos portugueses para ajudarem a alimentar esta campanha de emergência.
Numa carta enviada aos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre, Catarina Martins de Bettencourt sublinha que o propósito principal desta campanha é “aliviar a fome e a miséria”, explicando que “a Igreja local precisa da solidariedade dos cristãos de todo o mundo para continuar com a sua missão, ajudando a alimentar o povo de Deus e a continuar com a assistência espiritual tão importante nestes tempos de incerteza e medo”.
No entanto, diz ainda a directora do secretariado português da Fundação AIS, “vai ser preciso ajudar também a reconstruir as casas destruídas, as igrejas, os conventos, centros de saúde e escolas geridos pela comunidade cristã e que ficaram profundamente danificados”.
Catarina Bettencourt lembra a importância desta campanha pois “o apoio ao Líbano é essencial para a sobrevivência da própria comunidade cristã no Médio Oriente”. E lança mesmo uma pergunta na carta enviada aos benfeitores portugueses: “Já imaginou estas terras sem a presença de cristãos? Está nas nossas mãos evitar também essa tragédia!”.
“Rezemos e peçamos todos juntos a intercessão de Nossa Senhora de Fátima por este povo neste momento de enorme sofrimento e angústia”, escreve ainda a directora do secretariado português da Fundação AIS na carta que começou a chegar, por estes dias, a casa dos benfeitores da instituição no nosso país.
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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