PÁSCOA | Ressurreição do Senhor

SAGRADO TRÍDUO PASCAL

Desde os primeiros séculos cristãos, a Igreja celebra o mistério da salvação, nas suas três fases (Paixão, Morte e Ressurreição), no decorrer de três dias, que constituem o ponto culminante do ano litúrgico.

Este Tríduo Pascal começa com a Missa Vespertina de Quinta-feira Santa, tem o seu momento mais alto na Vigília Pascal e termina com as Vésperas do Domingo da Ressureição.

Deste modo, não podemos identificar a Páscoa apenas com o Domingo da Ressurreição. Isso seria mutilar uma realidade extremamente rica e reduzir-lhe as dimensões.

Compreende-se, portanto, a importância deste Tríduo Pascal, quer na Liturgia, quer na vida da Igreja. Dele derivam todas as outras solenidades, que não são senão reflexos, ecos deste Acontecimento salvífico, de modo que o culto cristão é um culto pascal.

O Tríduo Pascal, pelo qual se aplica aos homens a perene eficácia do Mistério da Redenção, deve ser vivido plenamente. Nestes três dias, unidos ao Salvador, percorramos o seu itinerário tornando-nos solidários com Ele na Paixão e na Morte, para o sermos na Ressurreição.

VÍGILIA PASCAL NA NOITE SANTA – TEMPO PASCAL

A celebração anual da Morte e Ressurreição do Senhor tem o seu ponto culminante na Vigília Pascal, coração da liturgia cristã, centro do ano litúrgico, a mais antiga, a mais sagrada, a mais rica de todas as celebrações, “a mãe de todas as vigílias” (Santo Agostinho).

Nesta “noite de vigília em honra do Senhor” (Ex 12, 42). Os cristãos reúnem-se para celebrarem na esperança e na alegria, o grande acontecimento da salvação, pelo qual Jesus, depois do Seu aniquilamento voluntário, foi constituído “filho de Deus em todo o Seu poder” (Rom 1, 4), “Senhor da Glória” (1 Cor 2, 8), “Chefe e Salvador” (At 5, 31).

O Mistério Pascal não é, porém, estático, mas dinâmico. Não é um estado de Cristo, mas uma “passagem”, um movimento, em que é envolvido todo o Povo de Deus. Por conseguinte, a espera dos cristãos, nesta noite santa, não se reduz à expectativa da comemoração dum facto, histórico, objectivo e real. É a espera de Alguém. É a espera do Senhor, que volta, para nos levar a fazermos a Sua “passagem”, a Sua Páscoa com Ele.

Misteriosamente presente no meio da assembleia cristã, o Senhor Jesus renova, nesta grande acção sacramental, que á a Vigília, o Seu Mistério Pascal, inserindo-nos nele fazendo-nos assim passar com Ele das “trevas à Sua luz admirável” (1 Pd 2, 9).

Esta “passagem” da morte do pecado à vida da graça realiza-se, em primeiro lugar, pelo Baptismo. Ser baptizado é, na verdade, morrer com Cristo, para ressuscitar com Ele. “A água do Baptismo é o Mar Vermelho, que traga as forças do mal e liberta o Povo de Deus; é o sepulcro do Calvário, onde é deposto o homem corruptível e donde sai, vivo, o homem novo”. Por isso, a Igreja, desde a mais alta antiguidade, pensou que o melhor meio de celebrar o Mistério Pascal era baptizar, nesta noite, os seus catecúmenos e levar os baptizados a reviver a própria ressurreição e a tomar consciência do seu nascimento como Povo de Deus.

Esta nova criação, surgida das águas do Baptismo, só no último dia, na Vinda do Senhor, “passará” da sua forma actual e perecível à forma definitiva e gloriosa. Por isso, nesta Vigília, os cristãos, conservando nas suas mãos as lâmpadas acesas (Lc 12, 35ss), orientam também a sua espera para o momento do encontro com o Esposo, que vem (Mt 25, 13).

Padre António Justino
Canção Nova Portugal
(Padre Toninho)