O Papa disse que sentiu “vontade de chorar” durante a sua visita ao campo de refugiados na ilha grega de Lesbos e explicou a decisão de convidar três famílias sírias para regressarem com ele ao Vaticano.
“Depois daquilo que vi, daquilo que vistes, naquele campo de refugiados, dava vontade de chorar”, disse aos jornalistas, em conferência de imprensa durante o voo de regresso a Roma.
Francisco mostrou três desenhos que crianças refugiadas lhe tinham oferecido, explicando que os meninos e meninas apenas querem “paz”.
Num dos desenhos há uma criança que se afoga, em que o sol chora.
“Trago isto no coração, hoje havia mesmo que chorar”, explicou.
O Papa decidiu levar para o Vaticano um grupo de 12 refugiados, incluindo seis menores, que estavam na ilha grega de Lesbos, após a visita que realizou hoje.
As três famílias sírias são muçulmanas e Francisco disse aos jornalistas que não fez qualquer “escolha”.
“Estas famílias tinham os papéis em ordem e era possível avançar. Havia duas famílias cristãs, mas não tinham os documentos”, revelou.
O Papa assumiu que se trata de um “pequeno gesto” e citou a Madre Teresa de Calcutá para sublinhar que “é uma gota de água no mar, mas depois desta gota, o mar já não será o mesmo”.
Em relação aos problemas ligados às fronteiras comunitárias e ao Tratado de Schengen, Francisco disse compreender “um certo medo” das populações, mas apelou ao “acolhimento”.
“Erguer muros não é uma solução, vimos no século passado a queda de um, não se resolve nada”, declarou.
O pontífice argentino lamentou a existência de “guetos” que são potenciados pelos terroristas, fruto da ausência de uma “política de integração”, em particular na Europa.
A Europa, prosseguiu, preciso de políticas de acolhimento, integração, crescimento, trabalho e reforma da Economia para poder construir “pontes” em vez de “muros”.
O Papa disse depois que os “traficantes de armas” deveriam passar um dia no campo de refugiados de Mória, em Lesbos, junto de quem foge “da guerra e da fome”.
Francisco esteve em Lesbos para uma visita de cinco horas, na qual começou por visitar um campo de refugiados e homenagear os migrantes que morreram no mar, acompanhado pelo patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu, e pelo arcebispo ortodoxo de Atenas, Jerónimo II, com quem assinou uma declaração conjunta.
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