Papa recorda atentado contra São João Paulo II e «proteção materna» de Fátima

Francisco recordou mensagem das aparições de 1917, apelando à recitação do terço

Coroa preciosa de Nossa Senhora de Fatima

O Papa Francisco recordou hoje no Vaticano o atentado contra São João Paulo II, a 13 de maio de 1981, ligando a sobrevivência do santo polaco à “proteção materna” de Nossa Senhora de Fátima

“O 13 de maio é o dia que recorda a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, coincidindo com o dia do atentado contra a vida de São João Paulo II. Recordamos a sua afirmação: em todo o que aconteceu vi uma particular proteção materna de Maria”, referiu o pontífice, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a audiência pública semanal.

Francisco repetiu passagens da mensagem deixada aos videntes, na Cova da Iria, durante as aparições: “Vim para advertir a humanidade, para que mude de vida e não entristeça Deus com graves pecados. Que os homens rezem o terço e façam penitência pelos seus pecados”.

“Ouçamos esta recomendação, pedindo a Maria a sua proteção materna, o dom da conversão, o espírito de penitência e a paz para o mundo inteiro. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós”.
O Papa voltou ao tema ao saudar os peregrinos de língua portuguesa, recordando que maio é considerado pelos católicos como o “mês de Maria”, convidando a “multiplicar os gestos diários de veneração e imitação da Mãe de Deus”.

“Procuremos rezar o terço todos os dias, dedicando a Deus aquele mínimo de tempo que Lhe devemos. Assim aproximaremos dos homens o Céu. Sede para todos a bênção de Deus”, apelou.

O atentado contra a vida de João Paulo II, atingido a tiro na Praça de São Pedro, a 13 de maio de 1981, mudou a relação deste Papa com Fátima, onde viria a realizar três visitas, em 18 anos.

Um ano após os disparos do turco Ali Agca, João Paulo II veio à Cova da Iria reconhecer publicamente a sua convicção de que houve uma intercessão de Nossa Senhora de Fátima na sua recuperação.

Logo na primeira audiência após o atentado, a 7 de outubro de 1981 – memória litúrgica de Nossa Senhora do Rosário – o santo polaco manifestou esta sua certeza interior: “Poderia esquecer que o acontecimento na Praça de São Pedro se realizou no dia e na hora, em que, há mais de 60 anos, se recorda em Fátima, em Portugal, a primeira aparição da Mãe de Cristo aos pobres e pequenos camponeses? Porque, em tudo aquilo que sucedeu exatamente nesse dia, notei aquela extraordinária proteção maternal e solicitude, que se mostrou mais forte do que o projétil mortífero”.

Em maio de 1982, no aniversário desse primeiro atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla (1920-2005) chegava a Fátima.

Antes de partir, em Roma, João Paulo II explicava que queria ir à Cova da Iria, “lugar abençoado, também para escutar novamente, em nome de toda a Igreja, a Mensagem que ressoou há 65 anos nos lábios da Mãe comum, preocupada com a sorte dos seus filhos”.

Em Fátima, o Papa falou para “agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular” (homilia do 13 de maio) e, na Capelinha das Aparições, agradeceu a “especial proteção materna de Nossa Senhora”.

“Pela coincidência – e não há meras coincidências nos desígnios da Providência divina – vi também um apelo e, quiçá, uma chamada à atenção para a mensagem que daqui partiu, há sessenta e cinco anos, por intermédio de três crianças, filhas de gente humilde do campo, os pastorinhos de Fátima, como são conhecidos universalmente”, acrescentou então.

Na Cova de Iria, viria a ser vítima de um novo ataque contra a sua vida, perpetrado pelo espanhol Juan Fernández Krohn, padre tradicionalista que usava um punhal.

Já depois da morte de João Paulo II (2 de abril de 2005), o cardeal Stanislaw Dziwisz, que foi seu secretário particular, assegurava que este tinha sido ferido, embora de forma ligeira.

A 25 de março de 1984, o Papa presidiu à consagração do mundo ao coração de Maria, no Vaticano; a mesma imagem que, em 2000, colocou entre os bispos de todo o mundo, consagrando-lhe o terceiro milénio.

Ainda a 25 de março de 1984, o Papa oferece ao bispo de Leiria-Fátima a bala do atentado que, mais tarde, seria colocada na coroa preciosa da imagem de Nossa Senhora venerada na Capelinha das Aparições.

Em 2000, o agora Papa emérito Bento XVI era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (cardeal Joseph Ratzinger) e assinou o “comentário teológico” à terceira parte do segredo, no qual se fala de um “Bispo vestido de branco” que caminha no meio de ruínas e cadáveres, imagem associada ao atentado sofrido por João Paulo II.

O texto relativo ao Segredo de Fátima  (uma mensagem anunciada por Nossa Senhora aos Pastorinhos em julho de 1917 e escrita por Lúcia na década de 40 do século XX)  pode ser consultado no sítio do Vaticano.

Fonte: Agência Ecclesia