Papa em Fátima apela para Igreja sem portas “porque a Mãe acolhe todos”

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) está na reta final. Mas o Papa não viria a este encontro mundial com os jovens sem vir a Fátima rezar. Esse era o seu desejo e em Fátima, neste sábado, 5 de Agosto, faz-se memória da sua visita há seis anos atrás por ocasião do Centenário das Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria onde canonizou os Santos Francisco e Jacinta Marto.

Foto: Canção Nova Portugal

Francisco chegou pelas 9h00 ao Santuário de Fátima após ter partido de Lisboa de helicóptero e aterrado no Heliporto dos Bombeiros Voluntários de Fátima.

Atravessou o Recinto de Oração no papamóvel e seguiu em direção à Capelinha das Aparições, que sofreu ligeiras adaptações específicas e provisórias, dadas as dificuldades de mobilidade do Santo Padre.

Durante o seu percurso até à Capelinha, os peregrinos emocionados saudavam-no com palmas.

Na Capelinha das Aparições estiveram 112 jovens e 128 acompanhantes para a Recitação do Terço, rezado por intenção dos jovens participantes na JMJ, dos jovens doentes e reclusos, pela Paz e pelo Papa.

Dos 112 jovens 98 são portadores de deficiência.

Além de 20 pedidos individuais de jovens portadores de deficiência, estiveram presentes 10 jovens do Centro de Apoio a Deficientes João Paulo II, de Fátima, 17 jovens do Centro de Reabilitação e Integração de Fátima e 6 da Casa do Bom Samaritano.
O grupo incluiu ainda 18 jovens da Associação Silenciosos Operários da Cruz de Itália (2 dos quais são colombianos) e 19 provenientes dos SOC da Polónia.
Seis jovens reclusos da Prisão-escola do Estabelecimento Prisional de Leiria e 2 jovens colaboradores do Santuário de Fátima completam o grupo que rezou com o Papa.

Foto: Canção Nova Portugal

Depois da oração do terço, o Bispo de Leiria-Fátima D. José Ornelas acolheu o Papa com uma saudação onde afirmou: “Acolhemos Vossa Santidade, acompanhando-o no seu desígnio de ser peregrino orante junto de Maria”, mostrando comunhão e unidade na oração com o Papa pela “guerra na Ucrânia e em tantos outros focos de conflito no mundo”, reforçando ainda que “a nossa oração inspira-se também no cuidado materno da Mãe de Jesus, aqui revelado para com três crianças, pastorinhos simples e pobres, durante uma guerra sangrenta e uma pandemia que vitimou duas delas, animando-as, no meio do sofrimento e fazendo nascer no coração delas a união a Jesus e a esperança, até à vida sem limites junto de Deus. Por isso rezamos particularmente pelas crianças e jovens vítimas da doença, da pobreza, da fome, de todo o tipo de conflito, dos abusos, das injustiças e da exclusão dos mais frágeis. Consigo oramos, e orando levantamo-nos do nosso comodismo e da nossa indiferença, como nos ensina Maria, nesta JMJ…”.

Foto: Canção Nova Portugal

De seguida o Papa dirigiu algumas palavras aos presentes. Agradeceu as palavras de acolhimento de D. José Ornelas e iniciou o seu discurso reforçando as palavras do Bispo de Leiria-Fátima: “A Capelinha onde nos encontramos constitui uma bela imagem da Igreja: acolhedora e sem portas; é um santuário a céu aberto no coração deste recinto que lembra um grande abraço materno. Assim seja na Igreja, que é mãe: portas abertas para todos a fim de facilitar o encontro com Deus; e lugar para todos, porque cada um é importante aos olhos do Senhor e de Nossa Senhora”. No entanto, mais uma vez, deixa o discurso previamente escrito e fala de improviso reforçando que “todos, todos podem entrar porque estão na casa da Mãe, e uma mãe sempre tem o coração aberto para todos os filhos: Todos, todos, sem exclusão!”.

Em seguida centra-se na passagem bíblica da Visitação, lema da JMJ, afirmando, “Nossa Senhora que sai a correr, mesmo grávida, para ajudar a sua prima Isabel”, referindo que esta atitude de Maria é uma das suas muitas vocações, a Virgem que sai a correr, sobretudo e “sempre que existe um problema, lhe pedimos e a invocamos, Maria vem com pressa ao nosso encontro” afirmou o Papa que pediu para que todos juntos repetissem em voz alta “Nossa Senhora corre apressada para estar junto dos outros porque é Mãe”.

Foto: Canção Nova Portugal

Francisco afirmou ainda que Maria não se esconde após a ressurreição, mas acompanha os discípulos, a descida do Espírito Santo, acompanha a Igreja após o pentecostes: “Apressada a acompanhar, nunca é protagonista! Ela acolhe-nos apressadamente a todos e nos leva apressadamente também a Jesus”, e com o coração orante a Nossa Senhora de Fátima pede que a incredulidade de todos os corações se abram a Jesus porque foi o que Maria fez e nos pede, caminhando na vida colaborando com Jesus.

Para concluir deixou mais reflexões e desafiou para um momento de silêncio para que todos refletissem nas seguintes questões: “O que me diz Maria como Mãe? O que é que Ela assinala no meu coração que possa não estar bem? Mãe, o que me queres dizer? O que é que existe na minha vida que te preocupa, que te comove, que te interessa e me assinalas?

Em seguida, regressou a Lisboa. Saiu da Capelinha das Aparições em cadeira de rodas, cumprimentou os doentes, portadores de deficiência e reclusos que estiveram com ele ali a rezar o terço e deixou Fátima.

Foto: Canção Nova Portugal

Entretanto Fátima permanece para acolher a JMJ e todos os peregrinos. Desta forma, o Santuário de Fátima preparou a ‘Aldeia Jovem’. Este espaço, que abriu a 24 de julho e encerra a 10 de Agosto, tem como objetivo reforçar o acolhimento de peregrinos jovens no Santuário de Fátima como assim refere o site oficial “uma estrutura que servirá os jovens que passarem pela Cova da Iria durante a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa”.

A ‘Aldeia Jovem’ com capacidade média de cerca de 2.000 pessoas conta com dispensadores automáticos de bebidas, comida, serviço para refeições ligeiras, wi-fi, espaço de acantonamento, zona de acampamento, casas de banho e duche gratuito. A ‘Aldeia Jovem’ permite assim ‘viver Fátima na JMJ’.

A um mês desta tão esperada visita o Reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos Cabecinhas numa mensagem já tinha deixado o convite para que nesta manhã – que é também primeiro sábado do mês e recorda a Devoção dos Cinco Primeiros Sábados pedida por Nossa Senhora por meio da Irmã Lúcia – se “possa acolher bem, com muitos peregrinos. Por isso, deixo o convite para que venham rezar com ele. Mais próximo dele, a rezar na Capelinha, estarão jovens doentes e jovens reclusos. Vão rezar com o Papa mas também nós somos convidados a rezar com ele, aqui no Santuário. Contamos convosco”.

E assim aconteceu… Embora curta esta passagem do Papa em Fátima, foi intensa e cheia de significado.

Entretanto, além da ‘Aldeia Jovem’, o Santuário de Fátima organizou ainda um conjunto de seis Caminhos de Peregrinação para chegar a Fátima a pé, com base nos percursos de peregrinação já consagrados e devidamente sinalizados. Está disponível um Itinerário do Peregrino Jovem, para uma vivência orante, espiritual e cultural no espaço do Santuário de Fátima. E decorrem ainda, Workshops temáticos  para os grupos que visitam o Santuário, em torno de temas da fé cristã fundamentais na mensagem de Fátima: Adoração, Imaculado Coração, Rosário, Sacrifício, em 4 horários: 10h00, 14h00, 16h30, 17h30, com a duração de 25 min.

Também algumas das celebrações têm sofrido ajustes quanto ao local da sua localização uma vez que são ajustadas conforme as necessidades de cada dia, entre 24 de julho e 10 de agosto.

Marta Nogueira