Papa diz que Lutero queria renovar a Igreja

O Papa Francisco disse no Vaticano que a intenção de Martinho Lutero era “renovar” a Igreja e não a divisão que se lhe seguiu, durante um encontro com uma delegação ecuménica da Finlândia.

“A intenção de Martinho Lutero, há 500 anos, era renovar a Igreja, não dividi-la”, assinalou, evocando a celebração conjunta que decorreu na cidade sueca de Lund, em outubro de 2016.

Francisco sublinhou que esse encontro deu “coragem e força” aos cristãos para que possam “olhar em frente” no caminho ecuménico que são chamados a “percorrer em conjunto”.

O pontífice recebia em audiência uma delegação ecuménica da Igreja Luterana da Finlândia, por ocasião da visita anual ao Vaticano na festa de Santo Henrique, padroeiro do país nórdico.

Segundo o Papa, o verdadeiro ecumenismo baseia-se na “conversão comum a Jesus Cristo”.

Depois de 50 anos de diálogo oficial entre católicos e luteranos, assinalou, foi possível “expor claramente as perspetivas” em que existe acordo e despertar um “arrependimento sincero” pelas culpas recíprocas.

Francisco observou que o ano comemorativo da reforma representou para católicos e luteranos uma ocasião para viver de maneira mais autêntica a fé, de modo especial reforçando a colaboração em favor dos que mais sofrem.

“Ao fazer isto, como cristãos não estamos mais divididos, mas estamos unidos no caminho rumo à plena comunhão”, sustentou.

O Papa deixou votos de que os cristãos consigam unir-se para dar vida a “gestos concretos de serviço, de fraternidade e de partilha”.

O encontro concluiu-se de maneira informal, com Francisco a agradecer a presença de crianças.

Cristãos de todo o mundo celebram desde quarta-feira a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, evocando em 2017 os 500 anos da reforma protestante, iniciada por Martinho Lutero.

O documento de reflexão preparado e publicado em conjunto pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé) e a Comissão Fé e Constituição (Conselho Mundial de Igrejas) tem como tema central a “reconciliação”.

A 31 de outubro de 2016, o Papa e o presidente da Federação Luterana Mundial (LWF, siga em inglês), assinaram na Suécia uma declaração comum, por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana dos 500 anos da reforma protestante.

As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).

Fonte:Agência Ecclesia