O Papa recebeu no Vaticano crianças de vários países pelo lançamento do livro ‘Querido Papa Francisco’ e como na nova publicação também respondeu a perguntas feitas por meninos e meninas de nove países.
“As perguntas mais difíceis não foram feitas pelos professores, mas aquelas que me fizeram as crianças”, disse o Papa sobre as cartas que recebeu de crianças de todo o mundo, onde se inclui o português João, de 10 anos.
Francisco explicou que, às vezes, responder às perguntas de uma criança traz “dificuldades” porque têm algo que “vê o essencial e perguntam diretamente”.
“Isso produz um efeito de maturação interior em que escuta a pergunta. Ou seja, as crianças fazem os adultos amadurecer com as suas perguntas”, observou.
A Rádio Vaticano divulga que o Papa também respondeu a perguntas de crianças de nove países que fizeram perguntas tão variadas como: “Qual o Santo que mais admiras?; Como é ser Papa?; Que amor provas por Jesus Cristo, por Deus?; Quantas vezes reza por dia e como?”
Francisco disse que, entre outros momentos, reza o breviário quando se levanta, depois celebra a Missa e reza o Terço e aconselhou as crianças a terem sempre um, como o que carrega “no bolso”.
“Estes são os momentos formais, mas eu gosto de rezar pelas pessoas que encontro”, acrescentou antes de dar um Terço a cada um.
Sobre “o aspeto favorito em ser Papa”, Francisco destacou que é o contacto com as pessoas: “Gosto muito de estar próximo das pessoas, porque se estás com um idoso, uma criança, jovens e adultos, cada um deles ensina-te alguma coisa da vida e te faz viver a vida.”
Sobre o que queria ser quando fosse grande, explicou que em pequeno ia ao mercado de rua, com a mãe a avó, e queria ser como o “talhante” que “cortava a carte com arte”, mas a “primeira vocação” foi química, que estudou antes de entrar no seminário.
No final das perguntas e respostas em direto, o Papa revelou que lhe causa “dor e comoção” encontrar crianças doentes, nas audiências gerais de quarta-feira, no Vaticano.
“Faço a pergunta que já fazia o grande Dostoievski [escritor e filósofo russo]: ‘Porque sofrem as crianças?’. E asseguro-lhes que eu, o Papa, aquele que parece que sabe tudo e que tem todo o poder, não sei responder a esta pergunta. A única coisa que me ilumina é olhar esta Cruz, ver por que sofreu Jesus, é a única resposta que encontro”, desenvolveu.
O Papa Francisco concluiu este encontro com uma mensagem aos adultos: “Estejam próximos das crianças que sofrem e ensinem as crianças a estarem próximas daquelas que sofrem.”
O livro ‘Querido Papa Francisco’ reflete as ideias de crianças de todos os continentes que escreveram cartas com perguntas ao Papa e remonta a maio de 2015 quando a Loyola Press, editora dos Jesuítas nos EUA, propôs a ideia.
Desde então foram recolhidas 259 cartas de 26 países, incluindo, além de Portugal, Albânia, China, Nigéria, Filipinas e escolas provisórias que acolhem refugiados sírios.
Numa primeira fase, o livro lançado hoje em Itália sai também na Espanha, México, Polónia, Indonésia, Filipinas e Índia; ainda não há uma data definida para a publicação em língua portuguesa, embora a previsão para o lançado no Brasil seja março.
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