O uso de anticoncepcionais é uma opção para viver a sexualidade descomprometida
Vivemos em um mundo, muitas vezes, marcado pelo egoísmo e também pelo hedonismo, isto é, a busca do prazer a todo custo. Elio Sgreccia, cardeal italiano e Presidente Emérito da Pontifícia Academia para a Vida, um dos maiores bioeticista, afirma que os anticoncepcionais favorecem, de alguma forma, o hedonismo e contesta a moral sexual conjugal tradicional. Existe, desse modo, uma incansável busca pelo prazer, de tal modo que o outro se torna objeto de prazer.
Pesquisas recentes têm mostrado que os anticoncepcionais têm induzido, de modo particular, jovens e adolescentes a começarem sua vida sexual muito cedo. Como resultado, tem-se a vivência de uma sexualidade completamente descomprometida com seu parceiro. No fundo, o que se busca é o prazer.
O primeiro livro da Bíblia nos descreve: “Deus contemplou toda a sua obra e viu que tudo era muito bom!”. Vemos, desse modo, que a sexualidade é dom de Deus, ela faz parte da identidade do ser humano. Deus nos criou seres sexuados. A Sagrada Congregação Para a Educação Católica ensina que “a sexualidade é um componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de manifestar-se, comunicar-se com os outros, de sentir, expressar-se e viver o amor humano”.
O descomprometimento
Os contraceptivos têm induzido, principalmente os solteiros, a uma vida promíscua, pois eles são motivados a viver a sexualidade de maneira descomprometida com seu parceiro. Isso devido à aparente segurança de não engravidar. Muitos deles começam cedo sua vida sexual ativa. Ao usarem contraceptivos, estão dizendo que não estão preparados para uma gravidez, e também que não querem se comprometer definitivamente com seu parceiro.
O amor exige comprometimento e disponibilidade de viver na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. A Igreja nos ensina que “a sexualidade deve ser orientada, elevada e integrada pelo amor, que é o único a torná-la verdadeiramente humana”. Logo, o sexo vivido fora do casamento jamais pode humanizar, antes tornar a pessoa objeto de satisfação sexual.
A moral católica é convicta em afirmar que somente dentro do matrimônio a sexualidade pode ser vivida. Na Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II “Gaudium Et Spes”, n. 49, vemos que “os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação, pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido”.
O anticoncepcional é uma opção para viver a sexualidade de maneira desregrada e descomprometida. Vivendo dessa maneira, a pessoa se fecha à vida, sendo assim, contrário à moral católica, pois esta ensina “que todo o ato matrimonial deve, por si só, estar aberto à transmissão da vida”.
O ato sexual vai muito além simplesmente do biológico
Nas práticas sexuais entre os jovens, estes têm vividos como se o sexo fosse algo somente biológico. Mas a Igreja ensina que o sexo vai muito além simplesmente do biológico, trata do envolvimento com a pessoa em sua totalidade. A “sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo puramente biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como tal. Ela só se realiza de maneira verdadeiramente humana se for parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até a morte.” (CIC 2361).
Um estudo recente apontou uma série de problemas nessa área da sexualidade. A pesquisa, ao descrever sobre como os adolescentes vivenciaram a gravidez indesejada, diz que eles vivem de maneira completamente descomprometida. A pesquisa ainda revela que “das 285 adolescentes participantes do estudo, cerca de 56% tinham idade entre 18 e 19 anos. Um dado relevante nesta pesquisa é o fato de que 82,5% das jovens entrevistadas se dizem católica.
Para a Igreja, o sexo jamais pode ser vivido fora do sacramento do matrimônio. Ela compreende que para haver entrega dos corpos, em uma relação sexual, antes precisa existir entrega do coração. Essa entrega é fruto de um amor maduro, que só é possível mediante o tempo de fidelidade de um para com o outro. O amor maduro consiste em um envolvimento que transcende o físico, atinge a dimensão mais profunda e plena da pessoa, consistindo em uma integração mental, espiritual e psíquica.
Na relação sexual, não existe somente um envolvimento físico, existe algo que transcende. A relação sexual não termina na cama, o próprio envolvimento físico o leva a algo que transcende o biológico. É um amor plenamente humano, mas, ao mesmo tempo, espiritual e sensível.
O sexo deve ser vivido dentro do casamento pelo fato que “não é, portanto, um simples ímpeto do instinto ou do sentimento; mas é também, e principalmente, ato da vontade livre, destinado a manter-se e a crescer, mediante as alegrias e as dores da vida cotidiana, de tal modo que os esposos se tornem um só coração e uma só alma e alcancem juntos a sua perfeição humana”. (Humanae Vitae 9).
Satisfação sexual
Quando o sexo é vivido descomprometidamente, corre-se o risco de a pessoa ser transformada em objeto de satisfação sexual. Para que a vida sexual se inicie, é necessária uma maturidade tal, que ambos compreendam que não se trata de um satisfazer o outro, mas um amar plenamente o outro com toda a sua capacidade humana de amar.
A Igreja, perita em humanidade, orienta que somente “depois, um amor total, quer dizer, uma forma muito especial de amizade pessoal, em que os esposos generosamente compartilham todas as coisas, sem reservas indevidas e sem cálculos egoístas. Quem ama verdadeiramente o próprio consorte, não o ama somente por aquilo que dele recebe, mas por ele mesmo, por poder enriquecê-lo com o dom de si próprio. É, ainda, amor fiel e exclusivo, até a morte”. (Humanae Vitae 9).
Sem este compromisso que o faz ficar com o outro até a morte, não se entende ainda um amor verdadeiro. Além do mais, um amor verdadeiro consiste quando o outro não pode oferecer nada, mas, mesmo assim, permanece ao seu lado.
A relação sexual vivida fora do casamento, em vez de trazer satisfação e realização ao casal de namorados, pode levá-los a uma tremenda tristeza e angústia.
É somente dentro do casamento que o amor humano encontra seu lugar apropriado. É no sacramento do matrimônio que a união do corpo e da alma acontece. “Para casamento, juntar e fundir almas, ainda mais perto do que antes e os corpos, e este não é um carinho passando de sentido ou espírito, mas com uma determinação firme e deliberada de vontades; e essa união de almas surge, pois que Deus estabeleceu um vínculo sagrado e inviolável”. (Casti Connubii 3).
Além de todos esses aspectos elencados acima sobre a vivência da sexualidade como mero prazer, vale ressaltar que o Magistério da Igreja não hesita em afirmar as duas dimensões do matrimônio cristão: unitivo e procriador. A mesma diz que “o ato conjugal conserva integralmente o sentido de amor mútuo e verdadeiro, e a sua ordenação para a altíssima vocação do homem para a paternidade. Nós pensamos que os homens do nosso tempo estão particularmente em condições de apreender o caráter profundamente razoável e humano deste princípio fundamental”. (Humanae Vitae 9). Isso implica em dizer que todo e qualquer método, onde esses dois aspectos são excluídos, não é moralmente aceito pela Igreja; logo, os métodos anticoncepcionais são inadmissíveis.
A partir de tudo que foi mencionado, com exceção das mulheres que tomam anticoncepcional por motivo de saúde, entende-se que, o ato de tomar anticoncepcional, por trás, muitas vezes, está várias componentes envolvidos, entre eles descomprometimento na relação, promiscuidade, não valorização do casamento, fechamento à vida. Portanto, os anticoncepcionais são um não à vida e um fechamento ao amor verdadeiro.
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