O Santuário de Fátima vai inaugurar o órgão da Basílica de Nossa Senhora do Rosário com a estreia mundial da peça Hû yeshûphekâ rô’sh, da autoria do compositor português João Pedro Oliveira, num concerto interpretado por Olivier Latry, organista titular da Catedral de Notre-Dame de Paris, no dia 20 de março, às 15h30.
A inauguração começa com a bênção do órgão pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, seguindo-se um improviso do organista Olivier Latry, que demonstrará as potencialidades do instrumento.
O concerto inaugural do órgão estreará a obra de João Pedro Oliveira, baseada na primeira profecia sobre Maria, no Livro do Génesis, encomendada pelo Santuário de Fátima para assinalar esta ocasião, bem como uma improvisação final que será executada tendo como base o Ave-Maria de Fátima.
O órgão da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, instalado no coro alto, é um instrumento com uma grande presença física no espaço e na memória de muitos peregrinos. Construído em 1951, pela empresa italiana Fratelli Ruffatti, é o maior instrumento do género em Portugal, com 90 registos e cerca de 6.500 tubos.
A reestruturação foi levada a cabo pela empresa italiana Mascioni Organi, que conservou uma parte considerável da tubaria original mas acrescentou alguns registos com o intuito de conferir ao instrumento uma sonoridade homogénea e moderna.
A nova conceção foi idealizada tendo em vista a filosofia de um órgão sinfónico, caracterizando-se pelos detalhes de cada registo em separado, mas também, pela poderosa massa sonora, tornando-o apto para a interpretação de todo o repertório organístico.
A consola de cinco teclados e pedaleira foi restaurada e modernizada. O tubo maior, de madeira, tem cerca de 12 metros de altura e 50 centímetros de largura e os tubos de metal, da fachada, têm cerca de oito metros de altura.
A parte frontal deste instrumento foi redesenhada pela arquiteta Joana Delgado, autora do projeto de reformulação do presbitério da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, e conta com uma intervenção artística do escultor português Bruno Marques, autor do crucifixo, bem como das obras de arte que materializam os lugares litúrgicos do presbitério da Basílica. Para a restante caixa foi proposto um revestimento em madeira cuidadosamente desenhado em total articulação com os organeiros da Mascioni Organi. Os eco-órgãos, instalados nas galerias, foram também objeto de um trabalho conjunto na definição estética da solução.
O concerto de dia 20 de março é o primeiro de um ciclo de seis concertos para órgão que se realizam até outubro, no âmbito das comemorações que assinalam o Centenário das Aparições de Nossa Senhora de Fátima, com um repertório criado em diversas épocas, regiões geográficas, estilos e atitudes composicionais variadas. Música alemã, música francesa, música sacra, música contemporânea e hinos marianos aludem a um período de tempo centenário e permitem uma perspetiva abrangente das capacidades expressivas do novo órgão.
O primeiro realiza-se a 8 de maio e terá como intérprete António Esteireiro que percorrerá a Música alemã dos séculos XIX e XX, incluindo alguns dos grandes clássicos do órgão deste período, e as Ave-Maria de Max Reger e Karg-Elert.
A 5 de junho António Mota apresentará um programa de cem anos de música contemporânea, incluindo a Suite Mariale de Maleingreau.
A 10 de julho, Felipe Veríssimo interpretará um repertório retratando cem anos de música sacra, incluindo a Sinfonia da Paixão de Marcel Dupré, obra emblemática do início do século XX.
A 14 de agosto, Giampaolo Di Rosa fará Improvisações sobre melodias e hinos ligados à tradição de Fátima, que se tornaram parte da tradição litúrgica e popular e são conhecidas pelo público e fiéis, compostos e cantados durante os últimos cem anos. E, a 9 de outubro, João Santos (organista titular do Santuário de Fátima) interpretará cem anos de música francesa, de César Franck a Messiaen, incluindo vários excertos dos 15 Versets sur les Vêpres du commun des fêtes de la Sainte Vierge.
Recorde-se que quer o concerto inaugural quer o ciclo de órgão foram pensados no âmbito das comemorações do Centenário das Aparições, que terminará com outro grande concerto em que serão interpretadas 13 peças do compositor escossês James McMillan, recentemente nomeado compositor do ano pela Pittsburg Simphony Orchestra, e uma composição de Eurico Carrapatoso, interpretada pelo Coro e Orquestra Gulbenkian, sob a direção da maestrina Joana Carneiro, a 13 de outubro de 2017.
Fonte: fatima.pt
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