O pré-namoro gera no outro uma maturidade de conhecimento e respeito
Ao se tratar de afetividade, é bem perceptível o quanto as gerações mais recentes têm absorvido novos pensamentos e outra cultura em relação à geração anterior à sua. Nós não temos os mesmos conceitos sobre relacionamento que os nossos pais tinham; eles, por sua vez, viveram diferente de nossos avós.
Em meu livro ‘As cinco fases do namoro’, comento que os casais de hoje têm melhores meios de fazer uma escolha consciente pelo par, pois eles têm mais acesso às informações sobre sexualidade e afetividade.
Cultura do amor livre
Na contramão, a cultura do ‘amor livre’, que avança desde a década de 60 em nome de um falso conhecimento, vem implantando cada vez mais sua ideologia, convencendo as pessoas de que os parâmetros de moral e ética são apenas uma imposição cultural de um tempo passado.
A prática do “ficar” e o sexo descompromissado, por exemplo, tomaram uma proporção tamanha, que quem nasceu e cresceu vendo isso à sua volta e nos programas de TV, considera-os normal. Contudo, temos também presenciado as consequências desastrosas na vida da pessoa que “se dá o direito” de usar seu corpo e seus afetos para preencher desejos de momento.
Em meio a tudo isso, é crescente o número de jovens que têm notado as repercussões infelizes que o descompromisso tem causado. Contrários a tudo o que a mentalidade corrente fala e propaga sobre esse “amor livre” – para o qual vale tudo –, cada vez mais pessoas estão dispostas a cercar-se de seguranças para proteger o que há em seu coração, em sua essência e alma. Quando o assunto é proteger o dom do amor, muitos não medem esforços.
O que é pré-namoro?
Por causa disso, surgiu um novo modo de relacionamento, o chamado pré-namoro, cujo termo e prática surgiram entre os jovens cristãos, católicos e protestantes, os quais já pregavam a castidade como principal modo de purificar o amor.
É interessante notar que, apesar dessa prática ser uma iniciativa cristã, o assunto já chama atenção também no meio secular, onde, geralmente, as pessoas recusam regras.
No último Dia dos Namorados, grandes sites de notícias e comportamentos fizeram matérias sobre casais que chegaram ao altar, mas, antes mesmo de começarem a namorar, investiram no pré-namoro. Vi também, num blog que trata de assuntos masculinos, o articulista escrever: “Uma amiga minha disse que estava num pré-namoro. Perguntei a ela o que era isso, mas, na verdade, vi que ela estava era de ‘rolo’!”. Diante disso, vemos que proteger a capacidade de amar é instintivo, mesmo para quem não sabe como o fazer.
Vou, então, explicar o que não é o pré-namoro. Não tem nada a ver com o “ficar” nem com “estar de rolo”, ou seja, trocar beijos e abraços, por semanas ou meses, sem assumir um compromisso sério entre as partes nem entre seus amigos. Também não é ter um amigo que lhe seja mais especial que os outros, embora você o considere somente amigo; só que ele acaba se apaixonando por você. Então, para não perder a amizade ou por proposta dele, vocês combinam de discernir o que fazer por meio de um pré-namoro. Saiba que isso só vai servir para desgastar a amizade.
Identificando um pré-namoro
Para que haja um pré-namoro, é necessário que as duas pessoas se sintam apaixonadas uma pela outra e declarem essa paixão. Mas, em vez de iniciar imediatamente um namoro, o casal faz um acordo e esperam para adentrar em um “nível” maior de diálogo e convívio. Um diz ao outro seus sentimentos e vê se é recíproco. Se o for, daí propõem esse caminho.
Acredite! Você pode ter uma amizade com uma pessoa há muito tempo, mas quando começar a surgir uma atração recíproca, o nível de cumplicidade e envolvimento aumentará. Sabendo que se gostam, as conversas se aprofundam e as coisas que fazem juntos têm maior significado.
Para que tudo isso? Ora, não basta o sentimento! Quem de nós nunca foi enganado pelas próprias emoções, pelo menos uma vez na vida? Ninguém quer começar um relacionamento que pode não dar certo. Se as diferenças forem muito grandes e os planos desiguais demais? E se a pessoa for diferente de tudo o que você viu até agora? Para diminuir essas dúvidas é que se trilha o pré-namoro, pois ele ajuda a saber se o sentimento é só “fogo de palha”, algo vindo das carências, ou se é algo que pode perdurar e se transformar em namoro.
Como agir no pré-namoro?
O que fazer junto com a outra pessoa e o que dizer às famílias e aos amigos? Como ainda não é namoro, então o casal mantém o que é próprio de amigos e não de namorados.
Não se beijam (nem selinho), não andam de mãos dadas, não se abraçam (amigos se abraçam, então podem dar um abraço quando se encontram ou se despedem, também na hora de dar a ‘paz de Cristo’ na Missa). Eles conversam, conversam muito. Continuam se encontrando, saindo juntos, exatamente para se conhecerem mais, para falarem de seus sentimentos, das impressões que estão tendo um do outro.
Conheça a história de vida do seu amado, ajude-o em seus afazeres no dia a dia, perceba as reações dele, sua índole, seu temperamento e caráter. Assim, o casal passa pela fase da pura paixão e até se decepciona um com o outro. Isso lhes dá mais condições de decidir não só sobre o sentimento, mas também racionalmente. Será mesmo que compensa namorar com ele?
Ah, vocês podem frequentar a casa um do outro e dizer aos familiares: “Estou gostando e pensando em namorar com essa pessoa, mas preferimos nos conhecer melhor”.
Quanto tempo deve durar o pré-namoro?
É relativo o tempo que cada casal pode viver essa experiência. Uns combinam um determinado número de meses, seja quatro ou cinco, por exemplo; outros simplesmente começam a pré-namorar até sentirem que dá para namorar ou não.
O importante é chegarem à conclusão de que conseguem tomar uma decisão, mesmo tendo algumas decepções um com o outro devido a tudo o que conheceram, seja de bom ou ruim.
É necessário mesmo trilhar o pré-namoro?
Algumas pessoas, ao lerem este artigo, vão se questionar: “Se um declara ao outro seus sentimentos, eles vão aguentar continuar saindo sem nenhuma demostração de afeto como namorados? Não acho que seja preciso essa privação”.
Não, não é obrigatório! Não é uma nova lei de namoro cristão. Aliás, se, por exemplo, a moça propor o pré-namoro ao rapaz e ele achar desnecessário, que ele se sinta livre para dizer que não quer pré-namorar; e ela também seja livre para acolher a opção dele ou não.
O pré-namoro é somente uma forma de proteger o sagrado que há em nós. A verdadeira prova de amor é aquela que mostra o sacrifício próprio pelo amado, sem pedir que ele dê de si.
Deus o abençoe!
Sandro Arquejada
Missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente, trabalha na Editora Canção Nova. Autor de livros pela Editora Canção Nova, ele já publicou três obras: “Maria, humana como nós”; “As cinco fases do namoro”; e “Terço dos Homens e a grande missão masculina”.
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