Um exemplo de quanto a influência externa pode levar alguém ao medo é encontrado no Evangelho de São João: havia um líder religioso judaico de grande prestígio chamado Nicodemos. Certa vez, ele foi visitar Jesus, sabendo que Deus o enviou para ensiná-lo. Os sinais disso eram os milagres de Jesus. O líder religioso era entusiasmado pelo Messias, mas tinha medo de ser visto com o Mestre, por isso só foi procurá-lo à noite. O medo nos leva a esses comportamentos.
Evidentemente, precisamos partilhar as nossas preocupações e pedir conselhos aos sábios. Não podemos correr o risco de ser afoitos ou tímidos. Caminhos batidos são para homens batidos; os destemidos sentem a fascinação do ser desbravador. Todo homem deve lutar, procurar o caminho da vitória e não ceder. Precisamos ter iniciativas, destemor e espírito de aventura, assim seremos vitoriosos em Jesus Cristo.
O medo se apresenta de muitas formas. Há o medo do silêncio e da sua existência, mal que atinge aqueles que vivem agitados, procurando fugir da própria realidade e dos próprios problemas. Nesse caso, o melhor é parar, encarar os problemas e buscar a solução de cada um deles.
Não podemos ter medo na nossa entrega ao Senhor
Há o medo de defender a verdade e a justiça por conta de retaliações e revanchismos. Mas o cristão, em nome de Jesus, não pode ter esse medo quando a verdade de Deus exigir o seu testemunho. A Igreja tem uma lista repleta de nomes de santos e mártires que deram a própria vida a negar a fé da Igreja e o ensinamento de Cristo. Jesus nos orientou a não temer aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma.
Muitos temem não serem estimados pelos outros ou rejeitados de alguma forma. Isso é insegurança e falta de personalidade. Devemos ser o que somos diante de Deus e dos homens. A espontaneidade é uma grande virtude. Não podemos carregar o medo de críticas ou humilhações, ou mesmo de perseguições.
Voltando ao episódio da visita de Nicodemos, podemos dizer que a visita dele a Jesus, apesar de medrosa e à noite, apresenta um sinal. Podemos comparar essa passagem com o momento em que estamos na noite do pecado, das trevas, da aridez, da desolação, da confusão interior, do desencanto da vida, do coração desfeito, e precisamos de ajuda. São nessas noites que devemos aprender a procurar Jesus, mesmo sem saber onde encontrá-lo. Ao menos Nicodemos deu esse passo, ele foi até Jesus e foi acolhido por Ele. O Senhor sempre está pronto para nos acolher, mesmo na noite escura dos nossos medos.
Precisamos manter os olho fixos em Jesus
O medo paralisa e corrói interiormente as pessoas. Talvez ele seja uma das piores realidades de nossos dias. Diante dessa vida moderna, há mil razões para sermos atingidos por tal sentimento. Contudo, à luz da fé, é necessário e urgente vencê-lo, sob pena de sermos destruídos por ele.
O medo retira-nos a fé e, consequentemente, impede o poder da ação de Deus. Quando Jesus chamou Pedro para ir a seu encontro, andando sobre as águas, ele foi, mas permitiu que o medo tomasse conta do seu coração; então, começou a afundar. Após salvá-lo, Jesus lhe pergunta: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14,31).
Pedro sentiu medo porque “olhou” para o vento e para a fúria do mar em vez de manter os olhos fixos no Senhor. Esse também é o nosso grande erro. No lugar de manter os olhos fixos no Senhor, permitimos que as circunstâncias nos amedrontem.
É olhando para o Senhor, na fé, que evitamos o pânico. Nessa hora, é preciso repetir com o coração palavras de fé e de abandono no Senhor, como Moisés no seu cântico: “Minha força e meu canto é o Senhor, ele foi para mim a salvação” (Ex 15,2), “O Senhor é minha luz e minha salvação; de quem terei medo?” (Sl 26,1), “Só em Deus repousa a minha alma; dele vem minha salvação. Só ele é meu rochedo e minha salvação, minha rocha de defesa: jamais vou vacilar” (Sl 61,2-3).
Do seu amigo,
Wellington Silva Jardim
Cofundador da Comunidade Canção Nova
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