Médica Patrícia Bernardino faz catequese em Fátima no Dia do Doente e desafia cuidadores a olharem para os doentes “com o Amor de Deus”
O Santuário de Fátima celebrou esta segunda- feira o Dia Mundial do Doente com uma tarde especial na Basílica da Santíssima Trindade e na catequese proposta aos grupos que se inscreveram para participar no programa a médica Patrícia Bernardino afirmou que o dom – de receber e dar de graça- deve ser considerado “um indicador de saúde”.
A partir de uma comparação entre os exemplos de Bernardette, protagonista das Aparições em Lourdes, na França e dos Santos Francisco e Jacinta Marto, na Cova da Iria, em Fátima, sublinhou que todas as pessoas, por mais frágeis que sejam, “têm sempre a atenção de Deus”.
“Uma doença é sempre um momento de dor, que nos desinstala e faz-nos parar fazendo-se dona dos nossos projetos. Mas, a fidelidade de Deus, mesmo quando nos revoltamos pela sua ausência e pelo seu silêncio, continua e há que ter confiança na sua presença fiel”, disse destacando que esta dádiva de Deus deve ser retribuída.
“Sabemos como os Pastorinhos se encontraram com Deus no coração de Maria; como aceitaram oferecer-se; como encontraram o Seu amor; se compadeceram dos limites da nossa humanidade e acolheram a missão de consolar e reparar, no meio da adversidade”, afirmou a médica.
“Não foi por serem pequeninos ou por terem adoecido que receberam essa graça: apenas responderam com amor ao amor de Deus. É assim que o Senhor vem ter connosco”, disse ainda.
“A alegria do dom de receber e dar de graça deve ser considerado um indicador de saúde” enfatizou pois “recebemos de Deus e damos aos outros”.
Patrícia Bernardino sublinhou a importância da reciprocidade na experiência do serviço.
“Mais do que fazer pelos doentes é sermos com os doentes. A reciprocidade é isto: dom recebido e dado”.
Por isso, tal como os Pastorinhos também “nós podemos responder com esse amor” esclareceu sublinhando a importância de não se tratar os doentes como coisas.
“Os doentes não são coisas nem objetos” afirmou lembrando que a fragilidade do outro evoca ternura e suscita o desejo de cuidar e de amar o que pode ser um antídoto “que nos cura do individualismo e da indiferença”.
Uma missão no meio do Povo de Deus
Também o Pe. José Nuno Silva, diretor do Departamento de Pastoral da Mensagem de Fátima, que presidiu à celebração eucarística, no final da qual foi administrada a santa unção aos doentes, afirmou que todos os doentes “têm uma missão no meio do Povo de Deus”, desafiando-os a fazerem do “sofrimento sacrifício”.
“Quando o sofrimento se faz sacrifício torna-se visitação” disse o Capelão lembrando que esta é uma “verdade fundamental da vida cristã”, porque “recebemos de graça e de graça damos, assumindo a responsabilidade que temos de cumprir este preceito que Nosso Senhor nos deixa”.
“Isto contradiz o espírito do nosso tempo, que está muito voltado para a conquista e para a recompensa, vivemos um tempo muito interesseiro em que as pessoas valem aquilo que conseguem, e aquilo que têm”, explica.
“Na minha doença eu posso encontrar o título da minha salvação” explicitou o sacerdote sublinhando que é na doença que se pode experimentar de forma mais nobre a missão que Jesus nos confiou.
“Social e culturalmente quem é doente pode ser visto como alguém que é menos, mas aos olhos de Deus quem é doente é mais” diz, ainda, destacando que a doença abre um caminho de santidade “maior que o da saúde”.
“Se aminha santidade é ser como Jesus, então quando sofro posso ser como Ele no momento mais importante da sua vida que é a paixão e a morte”. Por isso, conclui, “todos os doentes têm uma missão no meio do Povo de Deus”.
A atenção aos doentes na mensagem de Fátima
Recorde-se que os doentes sempre ocuparam um lugar muito especial no acontecimento e na mensagem de Fátima, procurando no olhar de Nossa Senhora uma fonte de esperança e de confiança. De resto, o Santuário organiza anualmente 20 retiros de doentes ; antes do inicio de cada uma das seis grandes peregrinações aniversárias, há sempre uma missa dedicada aos doentes, e no final de cada uma dessas peregrinações é sempre dita uma palavra aos doentes, que ocupam, de resto, um lugar próprio nos espaços do Santuário, como expressão de uma solicitude que o Santuário nunca deixou de considerar ao longo dos anos. Além disso, a instituição tem a funcionar em permanência um posto de socorros para atendimento dos peregrinos.
A mensagem do Papa
O tema deste ano, na celebração do Dia do Doente em Fátima, está em conformidade com a mensagem do Papa Francisco para o XXVII Dia Mundial do Doente, «Recebestes de graça, dai de graça» (Mt 10, 8).
O Santo Padre, na sua mensagem explica que o cuidado dos doentes “precisa de profissionalismo e ternura, de gestos gratuitos, imediatos e simples, como uma carícia, pelos quais fazemos sentir ao outro que nos é «querido»”.
“Contra a cultura do descarte e da indiferença, cumpre-me afirmar que se há de colocar o dom como paradigma capaz de desafiar o individualismo e a fragmentação social dos nossos dias, para promover novos vínculos e várias formas de cooperação humana entre povos e culturas”, afirma o Sumo Pontífice.
Francisco lembrou ainda que quando se nasce, “para viver tivemos necessidade dos cuidados dos nossos pais; de forma semelhante, em cada fase e etapa da vida, cada um de nós nunca conseguirá, de todo, ver-se livre da necessidade e da ajuda alheia, nunca conseguirá arrancar de si mesmo o limite da impotência face a alguém ou a alguma coisa”.
O Dia Mundial do Doente foi instituído a 11 de Fevereiro de 1992 pelo Papa João Paulo II e é celebrado com o intuito de apelar à humanidade para que seja promovido um serviço de maior atenção à pessoa doente.
Fonte: Santuário de Fátima
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