“Nunca tivemos um pedido de eutanásia”

SN/AE

A irmã Paula Carneiro, conselheira da Província portuguesa das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus afirma que “nunca” houve “um pedido de eutanásia” na Unidade de Cuidados Paliativos.

“Falarmos de eutanásia, de morte assistida, de uma boa morte não é a mesma coisa”, afirma a religiosa, lamentando a confusão criada na opinião pública.

A profissional de saúde considera que o “desafio” no atual debate sobre a eutanásia para os católicos é que seja orientado para “uma linguagem clara”, porque é preciso “elucidar a sociedade” que todos querem “uma morte assistida, bem cuidada, alguém que atenda bem”.

“O facto de alguém no fim da vida não encontrar sentido para o seu sofrimento não é só algo que acontece naquela fase da vida, é algo que se vai preparando”, desenvolve a religiosa hospitaleira, observando que é preciso “encontrar em cada dia sentido para o sofrimento”.

“E sentido para as diferentes circunstâncias. Efetivamente, no ritmo que levamos, no quotidiano, nem sempre conseguimos refletir sobre essa mais-valia que às vezes é o outro lado do sofrimento que é encontrar um sentido de vida”, sublinha a irmã Paula Carneiro.

Neste contexto, afirma que não é porque se está numa situação de “doença limite” que ocorrem pedidos de eutanásia e dá como exemplo a sua experiência de serviço na Unidade de Cuidados Paliativos, que já têm há 10 anos e “nunca” tiveram um pedido de eutanásia.

“Se calhar tem a ver com as abordagens que são feitas, com o acompanhamento quer ao nível de profissionais, quer ao nível de família, por ene circunstâncias. A análise da eutanásia deve ser um debate alargado e de diferentes dimensões também, acrescenta.

De recordar que o Vaticano reafirmou as suas orientações contra a eutanásia no documento ‘Nova Carta dos Operadores Sanitários’ para agentes pastorais, no dia 6 deste mês, divulgado por ocasião do Dia Mundial do Doente 2017, celebrado a 11.

O debate sobre a eutanásia está a na agenda politica e o Parlamento Português debateu uma petição do movimento cívico ‘Direito a Morrer com Dignidade’ pela “despenalização da morte assistida”, no dia 1 de fevereiro.

No sentido oposto, outro movimento cívico – ‘Stop Eutanásia’ – promovia uma manifestação e defendia “uma maior atenção aos cuidados paliativos”, no exterior da Assembleia da República.

Em janeiro, o Parlamento recebeu a petição ‘Toda a Vida Tem Dignidade’ que conta com mais de 14 mil assinaturas.

As associações católicas de enfermeiros e profissionais de saúde, de farmacêuticos, de professores, de juristas, de psicólogos e de médicos e ainda a ACEGE, assinaram um comunicado conjunto em que exprimem o seu apoio a esta petição.

 

Fonte: Agência Ecclesia.