Novos tempos | Linhas de pensamento…

Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os construtores.
Se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigiam as sentinelas.
De nada vos serve levantar muito cedo e trabalhar pela noite dentro,
para comer o pão de tanta fadiga,
pois, até durante o sono, Ele o dá aos seus amigos.
Salmo 127 (126), 1-2

Há alguns tempos que dou por mim a pensar numa linha de pensamento que o Papa Francisco tem imprimido nas suas ações e documentos: a Casa e o seu valor. É interessante a ambivalência semântica da palavra «casa»: pode ser um edifício ou uma família ou dinastia. O Papa acrescentou-lhe a dimensão cósmica de Casa Comum, o planeta Terra.

Somos e vivemos no oikós, casa em grego, a casa comum, e temos de ter uma postura ecológica com a Criação, uma economia integral entre os seres humanos e praticar um ecumenismo entre os cristãos. São tudo palavras da mesma família.

Para a construção desta casa, o Papa Francisco apresentou-nos o melhor de todos os carpinteiros: Jesus de Nazaré e propôs-nos a sua carpintaria, a «carpintaria de José» como exemplo para ser vivenciado ao longo deste ano de 2021… Estamos no ano de São José.

No início deste ano, o Papa voltou a apresentar outra Casa como exemplo de vida: a casa de Betânia, a casa dos amigos de Jesus. Determinou que a sua memória litúrgica deveria ser celebrada para todos os irmãos de Betânia, a 29 de julho: Lázaro (aquele por quem Jesus chorou); Maria (que se sentava aos pés de Jesus a escutá-lo) e Marta (a que questiona o mestre com os seus afazeres). Esta família santa de amigos, onde Jesus ficava, é muito importante nos tempos que correm de distanciamento e confinamento. É a casa dos pobres (um dos significados de Betânia em hebraico). Temos de estar próximos dos «pobres», daqueles que não têm ninguém, nem nada. Temos de morrer e ser sepultados com dignidade (Lázaro); estar atentos às palavras do Mestre (Maria) e não parar de fazer as nossas tarefas (Marta).

Outro apontamento para a construção da Casa é a determinação do Papa em consagrar o último domingo de julho como Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, associando-a como domingo mais próximo à festa dos avós de Jesus e pais de Nossa Senhora, os Santos Joaquim e Ana, recordados a 26 de julho. Os avós e os idosos são muito importantes, todos sabemos. Na transmissão da fé, eles têm um papel fundamental como refere o Novo Diretório Geral para a Catequese. São os guardiães da memória e da História da Salvação.

Celebremos São José, de modo especial, neste ano a ele dedicado, recordemo-lo todos os dias 19 e em todas as quartas-feiras; não separemos a memória dos Santos Lázaro, Marta e Maria e apresentemo-los como os grandes amigos; valorizemos verdadeiramente os avós e os mais velhos….

Sérgio Carvalho, professor e jornalista