Um novo livro sobre Jacinta Marto, futura santa portuguesa, deverá sair até ao final de 2017 dedicado à passagem da ‘pastorinha de Fátima’ por Lisboa, para onde veio já doente e faleceu a 20 de fevereiro de 1920.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a autora Carla Rocha destaca a importância de “dar a conhecer” a história de uma “menina de 10 anos” mas “extremamente crescida espiritualmente”, que foi testemunha das Aparições de Fátima mas também um exemplo de resistência perante o “sofrimento”.
“A ideia do livro tem um ano e a data inicial era precisamente o centenário em maio. Por várias condicionantes, tive de ir adiando a data mas se isso não tivesse acontecido não teria a canonização, que vai fazer com que a obra fique mais enriquecida”, realça aquela responsável.
Jacinta Marto chegou a Lisboa a 21 de janeiro de 1920, cerca de três anos depois de ter presenciado as Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria com o seu irmão Francisco e a sua prima Lúcia, segundo o relato reconhecido pela Igreja Católica.
A ‘Jacintinha’, como era tratada, estava gravemente doente com a gripe pneumónica que atingia na época Portugal e a Europa, tendo vitimado também o seu irmão.
Na capital, ficou cerca de um mês, 12 dias no Orfanato de Senhora dos Milagres, hoje o Mosteiro do Imaculado Coração de Maria (Irmãs Clarissas), na Rua da Estrela, n.º 17; e o restante tempo no Hospital D. Estefânia, onde esteve internada e foi cuidada até à sua morte.
“Sempre tive um carinho especial por Jacinta, por saber que ela tinha passado por estas tormentas”, realça Carla Rocha.
A autora recorda que, apesar de esta menina ter passado “por sofrimentos enormes”, inclusivamente por uma “operação a uma ferida aberta no peito, quase a sangue frio”, ela nunca renegou o desafio que tinha assumido depois do encontro com Nossa Senhora.
O de viver o sofrimento enquanto “entrega pelos outros”, com um propósito “de reparação”.
“No fundo Jacinta acaba por passar por todo este sofrimento também por nós, embora estejamos cá 100 anos depois”, sustenta Carla Rocha, que está atualmente ainda a consolidar a pesquisa de material para o livro.
Além da história da vidente, a sua obra vai dar destaque também a várias figuras, cerca de uma dezena de pessoas, que contactaram com Jacinta ou que participaram de alguma forma na sua história.
Entre estas figuras estão o doutor Eurico Lisboa, médico que tratou do seu internamento no Hospital D. Estefânia; Maria da Purificação Godinho, a diretora do orfanato que acolheu Jacinta e que seria depois a primeira Madre do Mosteiro das Clarissas na Estrela, e o barão de Alvaiázere, Luís de Magalhães e Vasconcelos, que depois da morte de Jacinta ofereceu o jazigo da sua família em Ourém, para a menina lá ser sepultada.
“É para também homenagear esses nomes”, frisa Carla Rocha, que criou um contacto email (jacintaemlisboa@gmail.com) para mais facilmente poder ser contactada por alguém que tenha mais informações a partilhar.
A autora espera que o livro contribua ainda para preservar os sinais e vestígios da passagem de Jacinta Marto por Lisboa, e dá como exemplo o Convento das Clarissas.
“Eu própria passei aqui à porta 10 meses seguidos, duas vezes por dia, sem imaginar o que estava cá dentro. Costumo chamar-lhe um pedacinho do céu porque aqui dentro esquecemo-nos que estamos no centro de Lisboa, que estamos nesta cidade confusa de Lisboa, cheia de barulho e de trânsito”, conclui.
Fonte: Agência Ecclesia
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