Neste 13 de julho, em que se celebra a 3ª Aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, o Bispo Auxiliar do Porto, D. Vitorino Soares preside a esta Peregrinação Internacional Aniversária.
É com muita alegria e profunda gratidão, que hoje aqui em Fátima, me faço peregrino pela primeira vez como Bispo e estou no meio de vós.
Queria agradecer ao sr. Cardeal António Marto, o convite para presidir a esta peregrinação do 13 de Julho. Quis a providência que hoje seja eu a felicitá-lo pessoalmente e à sua diocese de Leiria/Fátima, duplamente. Associo-me e partilho desta alegria privilegiada no dia do aniversário da dedicação da catedral; mais do que o edifício, todos os que se reconhecem pedras vivas da pedra angular que é Jesus Cristo. Este povo do qual sua Eminência, sr. D. António Marto, é garantia de comunhão e unidade. E dou graças a Deus pelo segundo aniversário da sua criação como Cardeal, pelo Papa Francisco, ocorrido há poucos dias apenas… Parabéns…
Obrigado Mãe, Senhora de Fátima, que hoje também me acolhes nesta humilde e indigna condição. Já nos conhecemos, já me conheceis como filho, há muito apoiado no teu regaço inconfundível. Desde criança, na minha família, na minha paróquia, enquanto pároco, sempre estivemos juntos, em tantos momentos, mas hoje é um momento único, daqueles que só as mães conhecem, e tantas vezes os filhos desconhecem. E Tu, bem o sabes, melhor que eu.
A todos vós que participais nesta peregrinação, de forma presencial, que bom, é assim que tem sentido o encontro, o estarmos uns com os outros, não o inventamos, foi Deus, ao fazer-se humano em Jesus Cristo, no seio de Maria, que no-lo ensinou, ao fazer-se encontro com todos. Bem-vindos a este Santuário, à casa da Mãe, Aquela que está sempre convosco, connosco, mesmo que ausentes nesta fase de pandemia.
Aqueles que nos acompanham em suas casas, ou fora do seu país, e que através da comunicação social se fazem próximos, estamos unidos como irmãos à volta da mesma Mãe, a Senhora de Fátima, a luz que brilhou no coração dos 3 pastorinhos: Francisco, Jacinta e Lúcia. Maria queremos que nos encandeies a todos, para que nos nossos corações medrosos, inseguros, tristes, continuemos a ver Deus em cada um de nós e nos outros.
Ainda debaixo da nuvem da pandemia, que nos escondeu e nos trouxe incerteza e preocupação, e ainda continua a esconder, a mensagem de Fátima recorda-nos o desafio que a história e a humanidade tanto esquecem: precisamos uns dos outros.
Não é esse o sentido do pedido de Nossa Senhora, na terceira aparição, precisamente a de Julho, aqui na Cova da Iria? Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes e em especial quando fizerdes algum sacrifício: “Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.
Queremos sacrificar-nos uns pelos outros? Queremos ser oferenda e oferta, uns pelos outros? Não se trata de sacrifícios de vítimas, ou bodes expiatórios, mas irmãos que por amor se oferecem uns aos outros, nos gestos pequenos do dia a dia. Todos precisamos de Ti, Mãe, Senhora de Fátima, porque todos somos e queremos ser teus filhos, ouvindo os teus apelos e dando resposta aos teus convites.
No dia 13 de Julho de 1917, dissestes aos pastorinhos “por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. Hoje também o quereis dizer a cada um de nós: “O meu Imaculado Coração triunfará”. No meio desta pandemia, no meio das nossas incertezas. No meio dos nossos sofrimentos. No meio das nossas dificuldades laborais e económicas. No meio das nossas inseguranças e medos. Tu, Senhora de Fátima continuas a dizer-nos: “O meu Imaculado Coração triunfará”.
O coração da Paz, do Bem, da Bondade triunfará. O coração do amor triunfará.
No Evangelho de Mateus que ouvimos, Jesus faz uma pergunta: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” Se hoje nos fizesse também esta pergunta, que resposta daríamos? Pensemos… Quem é a Mãe de Jesus? Quem são os seus irmãos? À pergunta que Jesus faz, Ele próprio dá uma resposta. E por isso hoje, Ele também se antecipa a cada um de nós e continua a responder do mesmo modo. Aponta para os discípulos com a mão e diz: “Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos, porque aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, irmã e mãe”.
Queremos ser da família de Jesus? Queremos pertencer a esta nova família de Jesus?
Para Jesus o verdadeiro parentesco não é determinado pelos vínculos de sangue, mas pela adesão à vontade do Pai.
A verdadeira família de Jesus são aqueles que fazem a vontade do Pai. Aqueles que escutam e põem em prática a Palavra de Deus. Ora Maria, que hoje aqui nos acolhe, é a Mãe desta nova família de Jesus porque O acolhe, no seu ventre e no seu coração.
Maria é a Mãe que faz a vontade do Pai. Que desde a Anunciação até à Cruz sempre fez a vontade do Pai.
Ela é a primeira discípula de Seu Filho, de Jesus.
Hoje aqui, neste Santuário, Maria, nossa Mãe, também nos quer ajudar a ser discípulos de Jesus. A escutá-Lo. A encontrarmo-nos com Ele. A segui-Lo. A pôr em prática a sua mensagem.
Rezemos com o cardeal vietnamita François-Xavier Van Thuan:
“Maria, minha Mãe, vem viver em mim, com Jesus, teu amantíssimo Filho, a mensagem de renovação total, no silêncio e na vigília, na oração e na oferta, na comunhão com a Igreja e com a Trindade, no fervor do teu Magnificat, no teu humilde e amoroso trabalho para realizar o testamento de Jesus.
Faz com que eu me torne testemunha da Boa Nova, apóstolo do Evangelho. Por isso, ó Mãe, continua a operar em mim, a orar e a sacrificar-me; continua a fazer a vontade do Pai, continua a ser a Mãe da humanidade. Continua a viver a paixão e a ressurreição de Jesus.
Amo-te, ó Mãe nossa, e partilharei a tua fadiga, a tua preocupação e o teu combate pelo reino do Senhor Jesus. Ámen.”
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