Meu filho não é quem eu pensava. O que faço?

Quem sabe, então, quem é o seu filho? A escola, os amigos? Se continuarmos com tantas perguntas, faremos um verdadeiro trava-línguas. Já pensou: “Quem é o meu filho?”. Ele tem olhos claros, cabelos pretos, é alto, tímido… Na verdade, estamos tratando de uma relação muito delicada, que exige uma seriedade ao escrever sobre as certezas e incertezas da vida familiar.

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Sonhos, expectativas e planos. Provavelmente, demoramos para saber quem é o nosso filho, porque não pensamos sobre suas necessidades, suas reações comportamentais e emoções. Falta-nos planejamento. Ficamos a preferir o tempo que para nós só era de felicidade. Bastava trocar a fralda, dar o mingau e fazer um dengo. Até, então, sabíamos de quem estávamos cuidando.

Estar presente na vida do filho é a melhor maneira de não cair no discurso de não o conhecer
Quem não se perdeu pelo caminho sabe quem é seu filho. Quer seja o filho bom, quer seja o filho rebelde, ele não se tornou o que é da noite para o dia. Nem bom nem ruim. Um período muito propício para estarmos mais próximos de nossos filhos é a fase de 12 a 18 anos. Não podemos nos afastar deles para não termos surpresas desagradáveis. Se eles vão à balada, precisamos saber com quem foram e que horas vão chegar. Caso tenhamos filhas mulheres, precisamos ficar atentos às suas roupas, seus desejos e suas necessidades. Portanto, a reposta para o título – “Meu filho não é quem eu pensava. O que faço?” – está na reserva de amor, na paciência e autoridade, na convivência que cada um de nós tem para lhes oferecer.

Tê-los e abandoná-los, desculpa a expressão, faz-nos ficar sustentados em um discurso vazio, medíocre, de que eles não nos ouvem nem nos obedecem, porque só vivem no celular, por exemplo. Você pode estar pensando: abandonar? como assim? Estamos nos deixando ser substituídos pela tecnologia. Então, por que lhes damos de presente a tecnologia mais avançada? Nossos filhos podem ter acesso à tecnologia, mas que eles tenham, em maior número, acesso aos pais.

Nós é que deveríamos ser uma geração avançada de pais ao lado de nossos filhos. Pais pensantes, que trazem as regras claras, o diálogo positivo, o testemunho, o acompanhamento diário, o amor, a alegria e a vida. Por causa de nossas opções profissionais e pessoais, distanciamo-nos tanto deles que, um dia, não muito distante, eles se perguntarão: “Meus pais não são quem eu pensava. O que faço?”.

Não existe uma fórmula mágica, mas se faça presente
Só sabe quem é o filho quem senta à mesa, quem convive e se mistura com eles, quem se levanta para acordá-lo para ir à escola e tem a prática da bênção, quem dá valor à mesa e aos horários das refeições. É preciso conviver. Se estivermos em paz com a nossa opção de constituir uma família, muito raramente os filhos não vão ser o que esperamos que eles sejam. Estamos lutando contra forças ocultas que nos enfraquecem. Estamos lutando contra o consumismo, contra a violência e o bullying.

Se não soubermos quem são nossos filhos, vamos em busca da resposta. Eles precisam contar conosco na disciplina, no castigo, no diálogo e no amor. Se quando pequenos levantávamos para vê-los respirando, a fim de confirmar se estavam vivos no berço, precisamos, hoje, levantar para vê-los vivos no  grupo de amigos, na agenda escolar, nos elogios que lhes damos ou por meio do que existe de melhor em nossa família.

Não somos perfeitos, mas cada pai, cada mãe tem uma riqueza dentro de si. É aí que está o tesouro, que está a verdadeira resposta do que fazer diante das surpresas em relação aos nossos filhos. Não desistir, ser firme, reorganizar a casa. Não importa o modelo ou arranjo familiar no qual se encontra o nosso casamento, o mais importante é darmos conta de quem ainda está ao nosso alcance: nosso filho. E se ele não aceitar mais a nossa volta? Continuaremos em paz. Quando uma família reconhece seus erros e recomeça, movimenta a mão de Deus.

Podemos concluir que as dores não podem nos desanimar. A frustração e a tristeza existem, visitam-nos, mas não podem arrancar as nossas forças. O perdão, o amor e a esperança em Deus são as nossas forças. E se a descoberta for a pior possível, nada será tão grande que o Senhor não possa agir e Nossa Senhora reconduzir numa família. Não podemos nos esquecer de que os nossos filhos também fazem opções. Assim como escolher a sua profissão, chega um momento que escolhem seus caminhos. Vamos juntos, rumo à geração avançada de pais que oram, fazem jejum e dobram os joelhos no chão por seus filhos. Vamos ser pais disciplinadores, amorosos, afetivos e realizados. Deus conta conosco e nós contamos com a graça d’Ele.

Judinara Braz
Administradora de Empresa com Habilitação em Marketing.
Psicóloga especializada em Análise do Comportamento.
Autora do Livro “Sala de Aula, a vida como ela é.”
Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).