D. Manuel Clemente destaca a possibilidade de estudar os acontecimentos através da «pena ou da escrita dos patriarcas»
O Patriarcado de Lisboa, por ocasião da comemoração dos seus 300 anos de criação, publicou em livro as ‘Cartas Pastorais dos Patriarcas de Lisboa’ e uma compilação de ‘Subsídios para a História da Igreja em Portugal’.
Na sessão de apresentação destes dois livros, esta quarta-feira na igreja de São Vicente de Fora, o cardeal-patriarca de Lisboa classificou este trabalho como “muito importante”, porque se tratam de “duas obras fundamentais para compreender a história da diocese e não só, a história religiosa do país”.
De acordo com D. Manuel Clemente, agora investigadores e público em geral podem olhar para os últimos três séculos na região lisboeta através da “pena ou da escrita dos patriarcas”, e perceber qual foi a reação teórica, a indicação prática, ou a própria originalidade e criatividade da igreja de Lisboa”, face aos desafios vividos.
Abre-se também, através destes dois projetos, uma janela essencial para compreender e perspetivar a relação da Igreja Católica face a outros atores sociais, a começar pelo Estado.
“Até ao século XIX podemos dizer que a temática Igreja – Estado ou Igreja – Mundo não se punha como se põe hoje. E é muito interessante verificar como, pouco a pouco, responsáveis da Igreja se vão consciencializando disso mesmo e tentando perceber qual é então o papel da Igreja enquanto fermento na massa, como sal na terra”, salientou D. Manuel Clemente.
O livro ‘Cartas Pastorais dos Patriarcas de Lisboa’, dividido em dois volumes, agrupa 241 textos cronologicamente ordenados entre o período que vai entre o primeiro patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida (1670 – 1754) e o penúltimo, D. José Policarpo (1936 – 2014).
Um total de 1700 páginas agora apresentadas ao público através da editora Nova Terra.
Quanto aos ‘Subsídios para a História da Igreja em Portugal’, este livro resulta de uma investigação realizada por Maria Odete Sequeira Martins, mestre e doutorada em História Medieval, que se baseou num vasto acervo documental da Igreja Católica guardado na Torre do Tombo.
Entre os documentos recolhidos, referiu a autora, encontram-se cartas “de orientação relativamente à fé”, “registos da Real Mesa Censória proibindo determinados textos e autores como nefastos à fé católica”, “bulas papais” e “informações do Vaticano”.
Também “notas conciliares e pastorais, até solicitando obediência às autoridades públicas, contribuindo para a ordem a paz social”.
Maria Odete Sequeira Martins destaca ainda escritos que permitem estudar acontecimentos marcantes da vida das comunidades de Lisboa e das outras dioceses portuguesas, desde “epidemias, inundações e sismos” como o de 1755.
“Conseguimos compilar 2278 registos que implicam toda a história de Portugal, e com temas muito diversos. E até nas visitações (dos patriarcas) podemos antever a vida das populações, na sua dupla condição, social e religiosa, até moral”, completou.
Estes ‘Subsídios para a História da Igreja em Portugal’ têm a chancela da Editora Aletheia.
Sobre a celebração dos 300 anos do Patriarcado de Lisboa, e das iniciativas de âmbito mais cultural que estão a ser promovidas para marcar este acontecimento, os próximos passos, até ao final deste ano, vão ser a publicação da ‘História dos Bispos e Arcebispos de Lisboa’ e a revitalização da coleção do Museu dos Patriarcas.
Fonte: Agência Ecclesia
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