O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e da Família vai participar no Sínodo dos Bispos e adianta os resultados do inquérito preparatório feito aos jovens portugueses, onde 57% afirmam «professar uma religião»
Há um distanciamento dos jovens portugueses em relação à Igreja, mas este abandono não implica uma desistência sobre o sentido da vida ou de Deus, afirma D. Joaquim Mendes, presidente da Comissão Episcopal do Laicado e da Família.
“Há alguma defeção dos jovens em relação à Igreja católica como há em relação a muitas instituições mas não em relação à fé, não em relação à busca de Deus, não em relação ao sentido para a vida, à justiça e ao bem”, afirma um dos dois bispos de Portugal que vão participar no Sínodo dedicado ao tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional».
Esta conclusão, extraída do resultado do inquérito dirigido aos jovens portugueses, como preparação para a reunião magna, pede à Igreja “coerência, transparência” e ainda “acompanhadores credíveis, com um testemunho credível de fé que estimule” e ajude os jovens “a ter modelos e referências para o seu caminho”.
“Salesiano por vocação e bispo por obediência”, D. Joaquim Mendes recorda que nos contactos, mais ou menos informais que mantém com os jovens, eles pedem uma atitude familiar.
“Os jovens desejam a família, o ambiente familiar. Mesmo agora nos contributos que deram para o sínodo como na reunião pré-sinodal, manifestaram o desejo de uma Igreja que seja casa, família, de proximidade, de comunidade, onde eles têm espaço, voz. Que eles se sintam amados, queridos e integrados, valorizados”.
O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e da Família adianta ainda que o inquérito português mostrou que 57% dos jovens portugueses afirmam “professar uma religião” e que 27% dizem “ir à missa todas as semanas e mais frequentemente”.
“Portugal é o segundo país, neste indicador, apenas atrás da Polónia. 36% dos jovens de Portugal dizem que rezam fora da missa todas as semanas ou mais frequentemente”, acrescenta o responsável.
O responsável reconhece uma grande vitalidade juvenil na Igreja em Portugal provocada pelo dinamismo de tantos movimentos e grupos mas afirma a necessidade de uma conversão de quem caminha ao lado dos mais jovens.
“Às vezes os animadores dizem: «os meus jovens». Calma ai. Eles têm pai, mãe e contexto. Há um certo protecionismo que não deixa crescer ninguém”, sublinha o bispo que indica a necessidade de integração e de dar espaço.
“A constituição dos conselhos pastorais deveriam ter jovens. É preciso abrir espaço”, enfatiza o também bispo auxiliar de Lisboa.
D. Joaquim Mendes adianta que no dia 23 de fevereiro será realizada “uma grande assembleia de jovens”, em Portugal.
“Queremos que esta assembleia ajude os jovens a ter esta experiência de igreja e a descobrir o seu papel na sua Igreja, a descobrir o contributo que podem dar para o crescimento do reino e tenham espaço. O caminho é de aproximação e de rede, de interação”.
O Sínodo dos Bispos, que tem início esta quarta-feira, no Vaticano, vai reunir 408 padres sinodais, entre eles D. Joaquim Mendes e D. António Augusto Azevedo, presidentes da Comissão Episcopal Laicado e Família e da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, respetivamente.
Até ao dia 28 de outubro, os participantes vão ajudar o Papa a refletir sobre a realidade dos jovens; após o encerramento da reunião magna, Francisco irá escrever uma exortação apostólica pós-sinodal com o resultado da reflexão propondo linhas orientadoras para a Igreja Católica.
Fonte: Agência Ecclesia
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