Decorreu, a 1 de dezembro, a jornada de abertura do novo ano pastoral de Fátima, que tem por tema “Dar Graças por Peregrinar em Igreja”.
A jornada iniciou com a inauguração da exposição “Capela Múndi”: exposição temporária comemorativa do centenário da construção da Capelinha das Aparições, com visita guiada pelo comissário da exposição, Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima.
Na sessão de abertura do novo ano pastoral, o Cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, afirmou que a Igreja deve prosseguir a sua peregrinação no Mundo e na História apesar das “poeiras que caem sobre ela”.
O reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, fez um balanço sobre o ano que agora terminou, deu a conhecer as propostas para o novo ano pastoral, e apresentou as Aparições de Fátima como “consolo que Deus oferece aos membros da sua Igreja peregrina”.
A apresentar o tema do ano esteve o diácono Rui Ruivo, da diocese de Leiria-Fátima, que destacou a importância de Fátima como lugar da peregrinação em Igreja.
As Aparições de Fátima “são consolo que Deus oferece aos membros da sua Igreja peregrina”, afirmou o Pe. Carlos Cabecinhas
O Santuário de Fátima iniciou nos passado domingo, 2 de dezembro, o novo Ano Pastoral durante o qual convida os peregrinos a “Dar Graças por Peregrinar em Igreja”, uma dimensão de eclesialidade sublinhada pela Mensagem de Fátima, disse esta tarde o Reitor do Santuário na jornada de apresentação do tema do ano.
“A mensagem de Fátima põe em destaque esta dimensão eclesial – a consciência de sermos povo de Deus –, que exprimimos com o tema `Dar graças por peregrinar em Igreja´. Esta dimensão eclesial da mensagem faz-se patente, de forma muito explícita, no chamado `Segredo´, na referência ao `Bispo vestido de branco´ e à Igreja peregrina e mártir” disse o Pe. Carlos Cabecinhas na sua alocução.
O responsável pelo Santuário, que foi o primeiro a usar da palavra na sessão de apresentação do tema do Ano Pastoral, presidida pelo Cardeal D. António Marto, sublinhou que esta consciência de ser Igreja experimenta-se, em Fátima, de “muitos modos”, desde a participação nas celebrações sacramentais; nas assembleias crentes que aqui se reúnem para a expressão comum da fé, para adorar a Deus, dar-Lhe graças e louvá-l’O; na união e comunhão com o Papa e na oração por ele, tão característica de Fátima.
Mas o tema do ano pretende sublinhar, por outro lado, que esta experiência de ser Igreja é dinâmica: “é uma peregrinação”, acrescentou o Reitor do Santuário.
“Neste caminho da Igreja, as Aparições de Fátima são consolo que Deus oferece aos membros da sua Igreja peregrina; são auxílio para o caminho. No longo peregrinar dos seus filhos, Maria apresenta o seu Coração Imaculado como refúgio e caminho”, afirmou.
“Este ano pastoral permitir-nos-á refletir sobre o sentido da peregrinação e sobre os traços mais característicos da peregrinação a Fátima. Permitir-nos-á refletir sobre o Santuário como meta de peregrinação e lugar de forte experiência de Igreja, porque lugar de forte experiência do Deus que congrega a Igreja e reúne o seu povo” esclareceu o Pe. Carlos Cabecinhas.
Por isso, conclui “o presente Ano Pastoral, que agora se inicia, convida-nos a encarar a mensagem de Fátima como meio para conseguir uma maior consciência eclesial e caminho eficaz para fortalecer o sentido de pertença eclesial, nomeadamente através da experiência comunitária da peregrinação.”
O novo Ano Pastoral será o segundo de um triénio, que inicia o segundo século de Fátima e que está a ser vivido como um “Tempo de Graça e de Misericórdia”.
Em 2019, o Santuário viverá dois centenários especialmente relevantes: o centenário da construção da Capelinha das Aparições e o centenário da morte de S. Francisco Marto. De resto, os cem anos da construção da Capelinha é o acontecimento inspirador do tema deste ano, lembrou o sacerdote, fazendo memória do relato da Aparição de 13 de outubro, na qual Nossa Senhora disse aos videntes: “Quero que façam aqui uma capela”. Essa capela foi o início do Santuário e constitui, ainda hoje, o seu “coração”.
“Em contexto cristão, o edifício da igreja – neste caso, a “capela” – é sempre símbolo da Igreja de pedras vivas que aí se reúne para celebrar a presença de Jesus Cristo. S. Pedro, na sua primeira epístola, exorta-nos a tomarmos consciência da nossa condição de “pedras vivas” que entram na construção de um edifício espiritual, a Igreja, e conclui: “Sois agora o povo de Deus” (1 Ped 2, 10). É esta consciência de sermos povo de Deus que desejamos aprofundar”, justificou.
O Reitor do Santuário destacou, também, a atenção especial que o Santuário destinará aos jovens, sobretudo a esse grande evento que será a Jornada Mundial da Juventude no Panamá, em janeiro de 2019, para onde se deslocará, a título excecional, a Imagem Nº 1 da Virgem Peregrina de Fátima, atendendo à importância do evento mas também ao itinerário mariano proposto pelo Papa Francisco que escolheu Maria como tema central da caminhada de preparação para a Jornada Mundial da Juventude de 2019.
Para a vivência deste novo ciclo pastoral de três anos, e deste ano pastoral em concreto, o Santuário volta a apostar no cartaz mensal que recordará, ao longo do ano, o tema que guia a vida do Santuário; uma catequese alusiva a São Francisco Marto nas alamedas do recinto de Oração e a oferta de um itinerário orante como proposta a todos os peregrinos.
Por outro lado, ao nível da formação e da reflexão, a Escola do Santuário proporá várias iniciativas todos os meses, desde Itinerários de Espiritualidade a Oficinas Pastorais, uma novidade que começa em fevereiro e dirigida a um público especifico. Ao nível da formação e da reflexão mantêm-se, ainda, o Simpósio Teológico-Pastoral anual e os Encontros na Basílica.
A nível cultural, além de um programa musical diversificado salienta-se a exposição temporária “Capela Múndi”, visitável diariamente até 15 de outubro do próximo ano, no Convivium de Santo Agostinho.
O Reitor do Santuário aproveitou ainda a sessão de abertura para fazer um balanço do ano que agora terminou e que “permitiu consolidar algumas práticas” iniciadas durante o centenário, mas agora aos “ritmos diários e habituais da vida do Santuário”.
“O caminho feito a nível celebrativo, com o cuidado das celebrações”; a oferta de “propostas de reflexão e aprofundamento da mensagem de Fátima” e a oferta cultural, “com a suas linguagens próprias para falar de Fátima” foram alguns dos exemplos apontados pelo Pe. Carlos Cabecinhas para evidenciar a dinâmica de vida do Santuário de Fátima neste segundo século.
Por outro lado, “a afluência de peregrinos, embora não atingindo os números excecionais de 2017, manteve-se muito elevada, com crescimento significativo de grupos de proveniências até há pouco tempo incomuns” referiu.
A jornada de apresentação do tema do novo Ano Pastoral, prosseguiu com uma conferência do diácono Rui Ruivo, seguida de um breve recital com o Coro do Santuário e a Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima. A sessão terminou com uma intervenção do cardeal D. António Marto, bispo da diocese de Leiria Fátima.
A Igreja deve prosseguir a sua peregrinação no Mundo e na História apesar das “poeiras que caem sobre ela”, disse o Cardeal D. António Marto
A Igreja é “peregrina na História” que “ainda não chegou à plenitude”, em permanente conversão, renovação, e com esperança “que Deus dá como dom”, rumo a uma “meta definitiva”, disse esta tarde o bispo de Leiria-Fátima no encerramento da Jornada de apresentação do tema do novo Ano Pastoral, “Dar graças por peregrinar em Igreja”.
“A peregrinação é uma característica da Igreja, que no Pentecostes saíu para anunciar a Boa Nova de Cristo. Hoje a Igreja é convidada a prosseguir a sua peregrinação no mundo, sendo peregrina na História. E é chamada a crescer na fé e no testemunho, é chamada a renovar-se pois sobre ela cai a poeira da história, como os tempos em que que vivemos”, disse o prelado, lembrando que ninguém pode desanimar com a missão que, em Fátima e a partir de Fátima, é guiada por Nossa Senhora.
“Aqui em Fátima, Nossa Senhora pediu conversão para o mundo e para a Igreja e esta conversão tem de ser feita todos os dias”, precisou lembrando o papel de Nossa Senhora como Peregrina e Discípula desta Boa Nova.
“Ela apresentou-se aos povos da Terra como símbolo da misericórdia e da ternura de Deus” disse D. António Marto que recordou alguns dos exemplos em que Maria se revelou como peregrina desde a Visitação a Isabel, sua prima, passando pelas Bodas de Canã, onde falou da necessidade de vinho novo e depois pelo Calvário, onde acompanhou o filho até à Cruz.
“Ela pôs-se a caminho como mulher e como mãe e hoje serve-nos de guia” afirmou lembrando que é o sinal de esperança da peregrinação cristã.
“Cristo não quer que caminhemos sem uma mãe. Ela encontra-se tão presente no coração dos crentes; é sinal de esperança e consolação para este povo peregrino e continua a dizer à Humanidade desolada e desalentada: por fim o meu Coração Imaculado Coração triunfará”, esclareceu.
Aludindo a um conceito mais concreto da peregrinação, algo inerente à condição humana, destacou que “a peregrinação pode ser experiência bela e surpreendente de Deus. Uma experiência de interioridade profunda” quando é “uma viagem com uma meta a alcançar”, disse D. António Marto, alertando para os perigos de uma “cultura da exterioridade” e para o “frenesim do tempo”. Por isso, lembrou, é preciso que a “Palavra do Senhor seja uma bússola para o caminho”; o pão seja partilhado; “a oração e o pensamento se virem para Deus” e se faça uma verdadeira conversão interior com vista à transformação de cada um e do mundo”.
A jornada de apresentação do tema do novo Ano Pastoral contou ainda com uma atuação do Coro do Santuário de Fátima e da Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima, que apresentou um repertório centrado nas músicas de Fátima.
Nova exposição temporária mostra 100 anos de Capelinha das Aparições
Foi inaugurada, ao início da tarde de hoje, a nova exposição temporária do Santuário “Capela-Múndi”, que comemora o centenário da construção da Capelinha das Aparições, e que a apresenta como um dos mais importantes ícones do Santuário de Fátima.
Assente numa aturada pesquisa histórica, a exposição propõe ao visitante uma narrativa que se desenvolve em nove núcleos expositivos, que desvelam chaves de leitura sobre como uma pequena capela branca se tornou no centro das atenções de uma boa parte da humanidade.
Através de um diálogo metafórico constante entre peças de arte contemporânea e antiga, de várias disciplinas artísticas, como pintura, escultura, ourivesaria e tapeçaria, a exposição “Capela-Múndi” apresenta a Capelinha das Aparições como resultado da insistência popular junto da hierarquia religiosa de então, em fazer cumprir o pedido da Virgem, deixado na sexta Aparição de 13 de outubro de 1917, do qual as crianças videntes se afirmavam depositárias: “façam aqui uma capela”.
A mostra oferece a possibilidade de uma visita ao interior da Capelinha, através de uma réplica construída à escala real, numa reconstituição intimista onde estão expostas as gavetas originais do pequeno móvel do altar. No exterior, a volumetria representativa da Capelinha das Aparições – que foi intencionalmente deixada branco para sublinhar a simbologia da sua cor – é circunscrita por uma barra cronológica de fotografias que mostra a evolução da paisagem da Capelinha até à atualidade.
Entre as peças diretamente ligadas à Capelinha das Aparições estão também: uma carta, datada de 1919, onde um peregrino pede ao pároco de Fátima que se cumpra o pedido de Nossa Senhora para a construção da Capelinha; a carta onde o pároco de Fátima comunica ao bispo de Leiria o atentado à bomba que destruiu parcialmente a Capelinha, em 1922, assim como um fragmento da porta da Capelinha, recolhido após aquele episódio; terra, pedras e argamassas recolhidos do local onde está a peanha que suporta a Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que marca o lugar exato das Aparições; os pilares do antigo alpendre da Capelinha e uma réplica do azulejo do seu alçado oriental.
100 anos em 9 núcleos
O início do percurso sublinha o lugar de Maria como Mãe da Igreja. Sob o título “Contínua presença”, este núcleo de entrada expõe uma pintura da Assunção da Virgem Maria, assim como a coroa de prata que constou no trono do retábulo da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
O segundo núcleo faz memória do pedido da Virgem para a construção da Capelinha, transportando-o para o sentido da edificação da mensagem deixada por Nossa Senhora aos Pastorinhos, na Cova da Iria. É aqui que se encontra a réplica da Capelinha à escala real.
A concretização do pedido de Nossa Senhora num edifício de arquitetura arcaica e popular, e a forma como ele resistiu ao tempo é posto em relevo no terceiro núcleo, que, ao percorrer os vários projetos de remodelação e de reedificação do espaço, termina com uma imagem de Santo Agostinho – patrono da Diocese de Leiria-Fátima –, a segurar uma edificação, que pretende simbolizar a chancela eclesiástica da iniciativa popular de construção da Capelinha.
Um conjunto de Terços artísticos feitos de prata, ouro, marfim e coral são apresentados numa vitrina, no quarto núcleo, momento da exposição onde também é reproduzida a primeira fotografia da Capelinha das Aparições, uma outra da primeira da primeira Missa ali celebrada, a 13 de outubro de 1921, e uma série de três imagens que mostram o estado em que a capela ficou, após o atentado de 1922.
No quinto núcleo, que apresenta a Capelinha como “Lugar de oração: o louvor, a súplica, a entrega e a gratidão”, estão expostas placas votivas que os peregrinos foram oferecendo a Nossa Senhora ao longo do último século. É também neste momento expositivo que estão patentes as três rosas de ouro que os Papas ofereceram ao Santuário de Fátima.
O templo edificado como imagem teológica de um templo maior, constituído por “pedras vivas” que formam a Igreja, é metaforicamente abordado no sexto núcleo, onde é apresentado o projeto do alpendre que protege a Capelinha desde 1982, inspirado nos pálios litúrgicos, e que, desde então, a apresenta como relíquia.
A mostra extravasa o espaço do Convivium de Santo Agostinho para a expor uma das peças de arte contemporânea num dos espelhos de água da Galilé dos Apóstolos: uma bóia salva-vidas gigante em forma de coração, decorada com pétalas de flores.
As referências ao mar estão congregadas no VIII núcleo, que apresenta a metáfora da capela como farol sob o tema “Capela em alto mar: a barca de Maria”. Aqui, estão expostos ex-votos de pescadores e o terço oferecido a Nossa Senhora pelos pescadores de Caxinas, regatados de um naufrágio em 2011. No lado oposto, há também um diálogo com o espelho de água exterior, através da reprodução no vidro de diferentes perspetivas da forma arquitetónica da Capelinha, a última das quais, na forma da estrela das vestes da Imagem de Nossa Senhora, numa referência que aponta para o tema da exposição temporária do próximo ano pastoral.
O sétimo núcleo, que apresenta a “Capela como lugar da nova evangelização”, confina-se a uma sala onde é projetada a transmissão em direto da Capelinha das Aparições, numa constatação de Fátima como espaço da nova evangelização pelos milhares de peregrinos que seguem Fátima diariamente através do digital. Nesta sala, está também o andor histórico que transportou a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, até ao ano passado, altura em que foi para restauração, num processo que se pode ver num vídeo que ali é reproduzido.
Na conclusão, o último núcleo, sob o título “Capelinha = pequena Igreja”, centra-se no diminutivo que, desde cedo, é utilizado na designação da capela edificada na Cova da Iria a pedido de Nossa Senhora. Através de peças evocativas dos santos Pastorinhos, é apresentada a Mensagem de Fátima como uma luz “que uma boa parte da humanidade acredita ser transformadora do coração humano”.
A exposição “Capela-Múndi” estará patente ao público até 15 de outubro de 2019, diariamente entre as 9h00 e as 18h00. Até 2 de janeiro de 2019, o Museu do Santuário de Fátima assegurará visitas guiadas aos sábados às 11h30 e às 15h30. Na primeira quarta-feira de cada mês, entre maio e outubro, serão realizadas visitas temáticas, com um orador convidado, a saber nos dias 1 de maio, 5 de junho, 3 de julho, 7 de agosto, 4 de setembro e 2 de outubro.
Esta sétima exposição temporária, desenvolvida pelo Museu do Santuário, é comissariada por Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima e conta com a conceção arquitetónica de Joana Delgado e o design de Inês do Carmo.
Fonte: Santuário de Fátima
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