Inteligência (QI) Vs emoção (QE): o que é isso?

Já todos ouvimos falar do QI (Quociente de Inteligência), as várias formas de o medir e como isso está ligado ao nível de inteligência de cada pessoa, portanto quanto maior o seu QI, mais inteligente é.

Mas e do QE (Quociente Emocional) já ouviu falar?

Ao longo do tempo, diversos investigadores, estudiosos foram percebendo a importância da vida emocional nas pessoas e o impacto que tem na sua personalidade e no seu dia a dia.

As investigações foram mostrando que alguma coisa estava a ser deixada para trás, que eles não estavam a conseguir entender, porque muitas vezes viam pessoas com altos níveis de QI, mas péssimos nas suas relações sociais. Foi feito, por exemplo, um estudo com soldados americanos, onde lhes pediam que imaginassem uma situação onde teriam de escapar do inimigo. O que foi interessante é que, os que tinham níveis de QI mais elevados não conseguiam colocar-se nessa situação hipotética e ficavam sem saber como reagir, ou davam só uma solução. Outros indivíduos com QI mais baixo conseguiam dar diversas respostas hipotéticas. Isto é, os investigadores perceberam que a capacidade de imaginar, posicionar-se no futuro, não tem a ver com o QI, mas com o QE.

Outra situação é o grau de satisfação das pessoas com os seus chefes, aliado ao aumento da produtividade. Isto é, concluíram que os altos níveis de produtividade estavam, intimamente, relacionados com uma liderança positiva, empática e motivadora e esta não estava proporcionalmente relacionada com o QI, antes com o QE dos líderes (1). Em contrapartida, os baixos níveis de produtividade estavam relacionados com graus de insatisfação no local de trabalho, sensação de não serem escutados, compreendidos nem motivados. Portanto, líderes com elevados graus de QI, não conseguiam ser empáticos, eram descritos como frios, distantes, não eram assertivos nas suas decisões e não promoviam a união dentro da empresa.

Goleman (1995/2002), não foi o primeiro a descobrir a importância da inteligência emocional, mas foi o primeiro a divulgar amplamente essa teoria, ele refere que a inteligência emocional corresponde às aptidões mentais e outras características da personalidade, tais como, a capacidade de se motivar a si mesmo e persistir apesar das frustrações; de controlar os impulsos e adiar a recompensa; de regular as suas emoções e impedir que elas interfiram na capacidade de pensar; de sentir empatia e de ter esperança.

Goleman (2), refere que para além de uma inteligência “intelectual” nós possuímos uma inteligência “emocional”, talvez mais importante que a primeira, para o sucesso profissional e pessoal. Goleman fala em QE (Quociente Emocional), que complementaria o QI (Quociente Intelectual), demonstrando que a emoção é, da mesma forma, responsável pelas nossas respostas.

Quando conseguimos identificar e dominar as nossas emoções, desenvolvemos um bom comportamento racional, diminuímos a ansiedade, e por isso, somos capazes de agir de um modo calmo, com autoconfiança, logo mais assertivo e coerente. Portanto, a pessoa demonstra capacidade para lidar com as emoções, quando consegue motivar-se a si mesma, persistir perante as frustrações e dominar os seus impulsos.

Será que eu tenho boa inteligência emocional?

 

(1)  Bass, M. B., & Avolio. J. A. (1993). Transformational Leadership and Organizational Culture Suny – Binghamton. Southern Public Administration Education Foundation.
(2) Goleman, D. (1995). Inteligência Emocional. Lisboa: Temas e Debates. 

 

Ver artigos anteriores sobre as emoções:

Emoções: esse mundo interior que me domina
Emoções: Porque é que são tão importantes?
Qual a função das emoções?