Imaculada Conceição, a única e verdadeira rainha de Portugal

Mais do que qualquer outro tempo do Ano Litúrgico, o Advento é tempo de Maria, pois é nele que A vemos em mais íntima relação com o Seu filho.


Se o Senhor veio ao meio dos homens, se Ele vem ainda, é por meio de Maria. N’Ela se cumpre, na verdade, o mistério do Advento.
Embora, na sua origem e no seu princípio, a Solenidade da Imaculada Conceição, que vem do século XI, não nos apareça em ligação com o Advento, contudo ela é uma verdadeira festa do Advento. Ela é a aurora que precede, anuncia e traz em si o Dia novo, que está para surgir no Natal.

Festa de Advento, a Solenidade da Imaculada Conceição constitui uma bela preparação para o Natal mas não só. Para Portugal celebrar a Solenidade da Imaculada Conceição tem uma enorme importância na nossa história.

Portugal nasceu sob a protecção do Anjo (Arcanjo São Miguel) e o patrocínio de Nossa Senhora, Mãe de Deus. Em diferentes momentos da História a invocámos como Santa Maria da Vitória, Santa Maria de Belém, entre outros títulos. De Norte a Sul de Portugal, encontram-se várias igrejas, capelas e ermidas dedicadas a Ela, a Mãe de Deus e rainha de Portugal.

D. Afonso Henriques, como grande devoto de Nossa Senhora, reconheceu toda a protecção e ajuda concedidas por Ela: então, como tributo pelas graças recebidas na manutenção do seu território, engrandeceu a Catedral de Braga elevando-a à categoria de templo nacional, passando deste modo, Santa Maria de Braga, a ser a Padroeira do território portucalense.

Em 1646, Dom João IV proclama Nossa Senhora da Conceição como “única e verdadeira Rainha de Portugal”. Durante a Cerimónia de Aclamação do Rei pelas Cortes, a Coroa Real é acomodada numa almofada ao lado do novo Rei, como símbolo real, e não na cabeça do monarca, que anteriormente a depusera aos pés de uma imagem da Imaculada. A partir dessa data os reis de Portugal nunca mais usaram coroa, em nenhuma circunstância: durante uma cerimónia de gala no Palácio de Buckingham, a convite do monarca inglês, em que os Reis presentes deviam apresentar-se com as cabeças coroadas, D. Carlos fez-se acompanhar de um pajem transportando a Coroa de Portugal colocada numa almofada.

Ao colocar o reino de Portugal sob o reinado de Nossa Senhora assume-se que é Ela a soberana Senhora, que tudo pode mas que também deve zelar pelo seu povo. Colocamo-nos sob a protecção de um amor de Mãe.

O dia 8 de Dezembro ultrapassa o “Dia Santo” dos Católicos e abrange incontestavelmente a comemoração da Independência de Portugal, que se assinala no dia 1 de dezembro. O feriado do dia 8 de dezembro é religioso, porém é acima de tudo um momento para celebrar a cultura, a tradição e a espiritualidade e a identidade do povo português. A devoção à Imaculada Conceição revela tanto a espiritualidade dos portugueses, que durante séculos o dia 8 de dezembro foi celebrado como o “Dia da Mãe”.

Que possamos sempre honrar este juramento “Seja assim, Senhora, seja assim; e eu vos prometo, em nome de todo este Reino, que ele agradecido levante um troféu a Vossa Imaculada Conceição, que vencendo os séculos, seja eterno monumento da Restauração de Portugal.” (dia 8 de Dezembro de 1640, Frei João de S. Bernardino, ao pregar na capela Real de Lisboa, diante do rei Dom João IV).

Paula Ferraz
Missionária Segundo Elo
Comunidade Canção Nova Portugal