Médicos Católicos dizem que legalização da eutanásia criaria «enorme pressão» sobre os doentes mais frágeis

Associação reuniu-se com bastonário da Ordem dos Médicos

A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) reuniu hoje com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, reiterando a sua oposição à legalização da eutanásia em Portugal, alertando para a “pressão” sobre os doentes mais frágeis.

“Seguramente, muitos doentes, de modo particular os mais pobres e frágeis, sentir-se-iam socialmente pressionados a requerer a eutanásia, porque se sentem a mais ou um fardo para a família e para a sociedade. Há um enorme risco de se criar um efeito de desmoralização nestes doentes, levando-os a desistirem de viver”, assinala a AMCP.

A organização sublinha, em particular, a situação das pessoas com doenças graves e incuráveis, temendo ainda um “menor investimento” nos serviços de saúde para estes doentes.

“Corre-se o grave risco de se concluir que, afinal, para quê gastar recursos com estes doentes quando as suas vidas podem ser encurtadas?”, alerta a AMCP.

Os responsáveis falaram ainda ao bastonário do fenómeno de rampa deslizante (slippery slope).

A experiência dos Estados que legalizaram a eutanásia revela que não é possível restringir essa legalização a situações raras e excecionais; o seu campo de aplicação passa gradualmente da doença terminal à doença crónica e à deficiência, da doença física incurável à doença psíquica dificilmente curável, da eutanásia consentida pela própria vítima à eutanásia consentida por familiares de recém-nascidos, crianças e adultos com deficiência ou com alterações profundas do estado de consciência”, referiu Pedro Afonso, presidente da AMCP.

 

A associação espera que legalização da eutanásia seja rejeitada no próximo dia 29 de maio, na Assembleia da República, e propõe como alternativa “investir mais nos cuidados paliativos, aliviando o sofrimento, ajudando a melhorar a qualidade de vida dos doentes e das famílias”.

A Igreja Católica em Portugal celebra até domingo a Semana da Vida de 2018, dedicada ao tema da eutanásia, procurando promover um debate “sereno” sobre o tema, apresentando a sua posição à sociedade.

As propostas da Comissão Episcopal do Laicado e Família, através do seu Departamento Nacional da Pastoral Familiar (DNPF) partem de um alerta do Papa Francisco, sobre as “novas interrogações” relativas ao “sentido da vida humana”.

Esta quarta-feira, o Grupo de Trabalho Inter-Religioso (em saúde) vai promover em Lisboa uma conferência sobre a eutanásia com a participação de elementos de várias Igrejas e comunidades religiosas em Portugal.

O evento está previsto para as 16h00 na Academia das Ciências de Lisboa, e terminará com a assinatura de uma declaração conjunta sobre a eutanásia.

A 29 de maio vão estar em debate na Assembleia da República quatro projetos-lei relacionados com a legalização da eutanásia; para o mesmo dia está convocada uma manifestação de vários movimentos contrários à legalização da Eutanásia, como a Federação Portuguesa pela Vida.

Antes, no dia 24 de maio, o ‘Stop Eutanásia’ promove a manifestação ‘Os Portugueses Não querem a eutanásia’, às 12h30, diante do Palácio de São Bento.

 

Fonte: Agência Ecclesia