Igreja Católica quer «serviço estruturado» para acompanhar os casais jovens

D. Armando Domingues destaca «acolhimento com amor» e «caminho sinodal» propostos pelo Papa Francisco

O Departamento Nacional da Pastoral Familiar, da Igreja Católica em Portugal, refletiu sobre o ‘acompanhamento dos casais novos’, um “mundo novo” que esteve no centro da jornada anual do organismo, em Fátima.

“É um mundo novo porque não é com uma pastoral tradicional e com estruturas de sempre que lá chegamos; Não é mudar a Igreja, a Igreja continua sempre a mesma, não é desconfiar da capacidade das estruturas que temos, desde que as deixemos renovar, que nos convertamos a este ir ao encontro, a este acolhimento com amor, a este caminho sinodal que o Papa nos pede que nos insiramos”, afirmou D. Armando Domingues, vogal da Comissão Episcopal Laicado e Família (CELF).

O bispo auxiliar do Porto apresentou como exemplo um casal novo que pede “o sacramento do matrimónio”, ou “quer educar cristãmente os filhos”, a Igreja Católica tem de “encontrar formas de continuar a acolher e também a acompanhar”.

“As paróquias deveriam constituir-se não tanto como estruturas, mas como alma, serem próximos aos adolescentes, aos jovens, aos que enveredam pela família. Serem capazes de com eles descobrir percursos também de formação, procurar dizer, perguntar e ouvir deles o que acham que Deus espera deles, isto é fazer percursos sinodais”, desenvolveu.

Segundo o vogal da CELF, “ninguém como a família está preparada para dar à Igreja esta característica unitiva, esta Igreja mãe, a dimensão generativa”.

Manuel Marques, do casal coordenador do Departamento Nacional da Pastoral Familiar, afirma por sua vez que o acompanhamento dos casais jovens “é algo que existe pontualmente”,

As jornadas de 2019 procuraram despertar nos participantes “a necessidade, a urgência e a importância de implementar” nas suas próprias comunidades “um serviço estruturado para acompanhar os casais jovens, ajudar a singrar na vida”.

Para o responsável, na prática este serviço de acompanhamento “não existe”, apenas “algumas amostras”, por isso, para o encontro deste sábado, em Fátima, convidaram “alguns movimentos que já fazem isso, casais que fazem o CPM (Curso de Preparação para o Matrimónio) e acompanham a própria equipa ao longo de alguns anos”.

Sónia Santos Martins e Manuel Martins, que também pertencem ao Departamento Nacional da Pastoral Familiar, explicam que a preocupação deste organismo “é criar ligações” às dioceses, e aos movimentos, tendo como “grande objetivo a colegialidade, trabalhar em conjunto”.

Segundo Manuel Martins, a atitude a promover é estarem juntos dos casais jovens e “acolher, ir mesmo até fora da Igreja acolhê-los, ouvi-los, escutá-los”, e aceitar a realidade em que vivem, “quer estejam integrados na Igreja, quer não estejam”, um ajudá-los a “fazerem uma caminhada, uma descoberta de novo caminho, de conversão”.

Sónia Santos Martins assinala que começaram a “sentir” que este era o caminho “há mais de 20 anos”, estarem “disponíveis para acolhê-los” na sua casa que “está aberta para receber”.

“Cada casal tem os seus problemas, não há tabelas, nem para o casamento há tabelas, e se os casais fossem todos iguais e o tratamento todo igual, os problemas estariam resolvidos, mas mal”, acrescentou Manuel Martins, realçando que vão “ao encontro” e estão “atentos aos sinais”, mesmo nas redes sociais.

Fonte: Agência Ecclesia