A missa da segunda Peregrinação Internacional Aniversária do ano Centenário das Aparições, sob o tema: “Glória a Ti, Rainha da Paz”, foi presidida pelo Cardeal Angelo Bagnasco, Arcebispo Metropolitano de Génova e ex-Presidente da Conferência Episcopal Italiana.
Esta peregrinação evocou a segunda aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria e trouxe a Fátima um enorme grupo de peregrinos italianos, sendo considerada a Peregrinação Nacional de Itália ao Santuário de Fátima.
O Santuário de Fátima registou no serviço de peregrinos, 23 grupos italianos, perfazendo um total de 1620 peregrinos deste país.
Para além dos grupos italianos, estavam inscritos 141 grupos de peregrinos num total de 6623 peregrinos de 37 diferentes países.
Homília da Missa Internacional Aniversária no Recinto de Oração pelo Cardeal Ângelo Bagnasco
Fátima, 12 junho, 2017
Centenário da II aparição de Nossa Senhora
“O meu coração triunfará”
Irmãos e irmãs no Senhor,
É uma grande alegria estar em Fátima no centenário das Aparições! Estar aqui convosco, peregrinos de Portugal e de outras nações. A canonização dos pastorinhos, feita pelo Papa Francisco, ressoa ainda neste Santuário, que se torna tão grande quanto o mundo. Este lugar – como um grande cenáculo – custodia Maria que vela para que a fé continue intacta. Desfigurar a fé significa desfigurar o rosto de Jesus, significa tirar do Evangelho a espinha dorsal da graça, da vida sobrenatural; é reduzi-lo a um manual de sabedoria humana. As aparições de Nossa Senhora convocam-nos ao coração da fé, sem o qual a vida seria assimilada pela lógica do mundo.
A 13 de Maio de 1917, na Cova de Iria, a Virgem Santa aparece aos simples, os três pastorinhos, que vivem as bem-aventuranças sem presunção: Deus resiste aos soberbos e oferece-se aos humildes. Em Fátima tudo acontece na luz: os relâmpagos, a luz sobre a árvore, o milagre do sol… tudo é luminoso. Mesmo as palavras mais sérias e as mensagens mais exigentes iluminam a fé, a vida da Igreja, a história do mundo.
Queridos amigos, a mensagem de Fátima concentra-se em duas palavras: oração e penitência! Uma certa maneira de contar as notícias hoje em dia quer fazer-nos crer que tudo é sombrio e que já não há esperança. Mas a realidade não é assim: se olharmos as coisas mais de perto, descobrimos Deus em ação. Nos apelos de Nossa Senhora temos uma visão elevada da vida, do homem, da história; vemos que a fé abraça todo o horizonte da existência. Nada fica de fora dessa luz, e nós somos chamados a morar nessa luz, a não nos afastar da autoridade de Cristo, sabendo que servir Deus não é senão deixarmo-nos salvar por Deus.
A oração e a penitência que nos recomenda Nossa Senhora, não são uma visão triste e sombria do mundo e da vida, mas, pelo contrário, exprimem a seriedade do amor de Deus por nós que somos obra das suas mãos. A superficialidade, e o desejo de possuir e de ter prazer, o desejo de fazer o que queremos sem nos referirmos a Deus, impedem-nos de ver a beleza e a seriedade do amor divino. Amar e ser amado é para nós tão necessário como o pão, mas não é um jogo: o Filho de Deus amou-nos até ao Calvário! O dom da vida é a medida decisiva e última do amor: dar a vida não é uma poesia ou um gesto sentimental, mas algo de terrivelmente sério, de trágico. Este é o Mistério da cruz: que mais poderia fazer um Deus que ama? A contemplação do crucificado expulsa de nós o torpor e a indolência, e desperta para o ardor da fé.
Fora do mistério da cruz, fora da seriedade do amor, até o pecado perde seriedade, e fica reduzido a uma norma à qual se pode dar a volta; a imortalidade da alma deixa de nos atrair, a vida eterna parece abstrata, o presente impera. A virtude da paciência, ou seja, o esforço das pequenas coisas do dia-a- dia aborrece-nos, a conversão deixa de ter um rosto religioso; rezar pelos pecadores, que somos todos nós, afigura-se como algo longínquo, quase uma insolência. Entramos assim no modo de pensar do mundo.
Mas a Santa Virgem, com persistente paciência de Mãe, volta e voltará para preservar a fé e nos reconduzir à luz de Jesus: “O meu Imaculado Coração triunfará”, repete Maria aos Pastorinhos. Mas quando?
Certamente no fim do mundo, quando Deus será tudo em todos: será então um triunfo glorioso e visível. Mas o coração triunfa já secretamente em tantos corações: é o triunfo de Belém, de Nazaré, do Calvário… é um triunfo secreto, mas não menos glorioso, fascinante e eficaz.
- Primeiro dia do funeral marcado pela trasladação do corpo de Bento XVI para a Basílica de S. Pedro - 3 de Janeiro, 2023
- Legado teológico de Bento XVI está a ser traduzido para português - 3 de Janeiro, 2023
- Canonista explica protocolo do funeral de Bento XVI - 2 de Janeiro, 2023