Homens escolhidos para estarem a serviço de toda a humanidade

Devemos rezar por aquelas pessoas que, assim como Pedro e Paulo, estão a serviço de todos


A Igreja celebra os Santos Apóstolos Pedro e Paulo, considerados colunas da Igreja. A cada ano, esta é também a comemoração do Dia do Papa, quando elevamos as nossas preces por aquele que foi constituído sucessor de Pedro e Bispo de Roma, e seu nome hoje é Francisco. Nestes dias, o Papa cria um novo grupo de Cardeais e também abençoa os pálios, sinais de comunhão dos Arcebispos nomeados desde o ano passado. É a Igreja que manifesta sua unidade, consolida seus laços e acolhe os exemplos dos santos, escolhidos para serem sinais do amor de Deus pela humanidade, no exercício do serviço que lhe foi confiado.

Os Apóstolos de Jesus foram homens escolhidos, chamados quando se encontravam em suas lides diárias. Alguns eram pescadores, outros funcionários, ou também cobradores de impostos. Alguns mais inteligentes, outros limitados em sua ingenuidade ou suas dúvidas. O que chegou depois de todos, Paulo, foi perseguidor ferrenho dos cristãos da primeira hora, para depois, convertido, fazer a experiência da presença do Ressuscitado: “Por último, apareceu também a mim, que sou como um aborto. Pois eu sou o menor dos apóstolos, nem mereço o nome de apóstolo, pois eu persegui a Igreja de Deus. É pela graça de Deus que sou o que sou. E a graça que ele reservou para mim não foi estéril; a prova é que tenho trabalhado mais que todos eles, não propriamente eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Cor 15,8- 10).

A serviço da humanidade
Não eram menos humanos do que qualquer um de nós, com suas qualidades e seus limites. Jesus os chamou por pura gratuidade, assegurando-lhes, como faz com sua Igreja, no correr dos séculos, as graças necessárias para levar adiante a missão. Amados, com a carga de sua humanidade, tudo puseram à disposição de Deus e de sua Igreja. Na última ceia, o primeiro e pequeno grupo aprendeu a lição do lava-pés, norma de vida para todos os que se sentem amados, chamados e escolhidos para o serviço de Deus e da humanidade: “Entendeis o que eu vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós” (Jo 13,13-15).

“Por meio de homens ignorantes a cruz persuadiu, e mais, persuadiu a terra inteira. Não falava de coisas sem importância, mas de Deus, da verdadeira religião, do modo de viver o Evangelho e do futuro juízo. De incultos e ignorantes fez amigos da sabedoria. Vê como a loucura de Deus é mais sábia que os homens e a fraqueza, mais forte. Pensando nisso, Paulo dizia: O que é fraqueza de Deus é mais forte que todos os homens (1 Cor 1,25). Com isso se prova a pregação divina. Quando é que se pensou: doze homens, sem instrução, morando em lagos, rios e desertos, que se lançam a tão grande empresa? Quando se pensou que pessoas que talvez nunca houvessem pisado em uma cidade e, em sua praça pública, atacassem o mundo inteiro? Quem sobre eles escreveu, mostrou claramente que eles eram medrosos e pusilânimes, sem querer negar ou esconder os defeitos deles. Ora, este é o maior argumento em favor de sua veracidade. Que diz então a respeito deles? Que, preso o Cristo depois de tantos milagres feitos, uns fugiram, o principal deles o negou. É evidente que, se não o tivessem visto ressuscitado e recebido assim a grande prova de seu poder, jamais se teriam lançado em tamanha aventura. (Homilia de São João Crisóstomo 4,3.4: PG 61,34-36).

Levar a Palavra de Deus
A Missão que receberam, de levar a Boa Nova até os confins da terra, continua em todos os tempos. Ela se atualiza nos ministros que são escolhidos por Jesus do meio de todos os povos. Ao chamá-los, o próprio Senhor lhes concede a força e as graças necessárias, vindo em socorro de sua fraqueza. Entretanto, na justa medida e no estado de vida a que cada cristão é chamado, todos têm a tarefa de fazer chegar a Igreja onde quer que se façam presentes. Uma pessoa marcada pela graça dos sacramentos da iniciação cristã e pela unção do Espírito Santo, que não abandona a Igreja, pode ser um princípio para a implantação da Igreja. Vale recordar a experiência da florescente Igreja da Coréia, cuja história foi conduzida por séculos apenas pelos cristãos leigos. Onde quer que alguém responda como Simão Pedro, “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16), ali pode nascer um núcleo de vida cristã, a ser reconhecido e valorizado pela Igreja, já que a profissão autêntica da fé levará tais pessoas a estabelecerem os laços de comunhão com quem tem a tarefa de confirmar os irmãos na fé, o Papa e os Bispos.

Olhando para Paulo, outra sólida coluna da Igreja, contemplamos os passos dados na conversão e na missão, com a forte convicção que lhe dava as forças necessárias: “É Cristo que vive em mim. Minha vida atual na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). Deixou-se de tal modo moldar pela graça de Deus, que lhe foram concedidas todas as forças necessárias para ampliar os horizontes da Igreja, com seu zelo apostólico. Ao final, pode dizer com surpreendente sinceridade: “Quanto a mim, já estou sendo oferecido em libação, pois chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Desde agora, está reservado para mim a coroa da justiça que o Senhor, o justo juiz, me dará naquele dia, não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação”. (2 Tm 4, 6-8).

E desejamos assegurar ao Papa Francisco, Sucessor de Pedro, Missionário a modo de Paulo, homem a serviço de todos, cujo ministério faz a Igreja sair de si para ir ao encontro das pessoas e das culturas, nossa unidade, nosso afeto filial, nossa gratidão e nossas orações, a fim de que realize com toda força a missão que a Providência lhe confiou.