For YOUNGS, Ever ALIVE | Gratuidade, sentido e beleza

Celebrámos o dia mundial do ambiente. Oportunidade para recordar os cuidados a ter com a nossa “casa comum”. Um tema que se torna cada vez mais recorrente e importante, no seio da Igreja e da sociedade em geral.

Neste dia, a fundação Scholas Occurrentes aproveitou para reunir, por videoconferência, várias personalidades, jovens e educadores de todo o mundo, com o objetivo de assinalar esta data de forma especial, e fazer memória da história desta fundação, que já se encontra espalhada por todos os continentes, com o objetivo de dar aos jovens uma nova perspetiva da educação. Este encontro cibernaútico terminaria com algumas palavras do Papa Francisco, ou não tivesse sido ele mesmo, enquanto cardeal de Buenos Aires, um dos criadores do Scholas.

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O discurso do Papa focou três imagens que inspiraram o início desta obra: ‘o louco’, do filme “La Strada”; ‘o chamamento de Mateus’, de Caravaggio; e ‘o idiota’ da obra literária de Dostoesvskij. Três figuras que nos ajudam a entrar no mistério da vida, e que nos conduzem a três palavras. Três palavras que o Papa focou no seu discurso, e que foram aparecendo nos diversos discursos feitos durante o encontro. Três palavras que o Papa pediu aos jovens que não se esquecessem: “Nunca se esqueçam destas últimas três palavras: gratuidade, sentido e beleza. Podem parecer inúteis, sobretudo hoje em dia. Quem se põe a fazer uma empresa buscando gratuidade, sentido e beleza? Não produz, não produz. E, no entanto, desta coisa que parece inútil, depende a humanidade inteira, o futuro.”

Estas três palavras podem ser a chave que nos conduzirão a uma cultura que gera sentido, uma sociedade onde se descobre o poder da gratuidade, e uma educação que educa à beleza. Estas três palavras sintetizam, no fundo, aquilo que realmente se perdeu nos dias de hoje: o sentido do verdadeiro amor. Amar e ser amado é oferecer-se gratuitamente, é encontrar sentido para a vida, e é descobrir a beleza do outro.

Sem este sentido do amor, são muitos os jovens que reclamam duma cultura sem sentido, onde aprendemos a relativizar tudo e todos, onde não encontramos convicções firmes, porque achamos que o mundo é feito à medida de cada um. Reclamam duma sociedade que vive focada na produção, na utilidade das coisas, e onde aquilo que parece inútil é descartado. Reclamam duma educação que os formata, que esconde o sentir, a criatividade e individualidade, para dar lugar a números e letras.

Talvez na tentativa de construir um mundo sempre melhor, mais rico e próspero, tenhamos esquecido o essencial da vida, que parece, muitas vezes, esconder-se nas coisas simples e aparentemente inúteis, naquelas coisas que parecem só servir para roubar tempo, e que vão sendo postas de lado: aqueles gestos de bondade e gratuidade, a procura de sentido, a contemplação do que é belo. Perdendo isto, perdemos também o sentido da beleza de tudo aquilo que nos envolve, e consequentemente, perdemos o respeito e a atenção ao cuidado pela natureza.

A vós jovens, deixo este desafio: parar para contemplar a beleza do que me rodeia, parar para procurar o sentido das coisas, parar para encontrar formas de me dar gratuitamente aos outros. Não será inútil fazê-lo, porque neste pequeno desafio, pode estar não só a felicidade de cada um, mas, como diz o Papa, o futuro da humanidade inteira.