For YOUNGS, Ever ALIVE | À procura…

Por vezes, nós, jovens crentes, damos como que por assegurada a fé que fomos adquirindo através dos nossos pais, catequistas ou amigos. Quase que nos esquecemos que a fé, para se manter viva, tem de ser alimentada por uma constante busca, uma constante sede de descoberta da verdade, deste Deus que se faz presente, mas também escondido.

foto | cathopic by Dimitri Conejo Sanz

Na nossa fragilidade, por mais que nos esforcemos, será sempre difícil dizer: Deus está aqui ou ali, é isto ou aquilo. Por isso, se queremos descobri-Lo, não temos outro remédio se não avançar numa eterna procura, não descurando as pistas que nos vão sendo deixadas no caminho. Neste caminho que deve ser orientado pela eterna interrogação: “Quem é este Deus? Onde é que Ele se esconde?”. Estas são as perguntas que devem guiar os crentes, mas que se encontram também enraizadas no coração daqueles que não creem. Aquilo que poderá marcar a diferença na resposta, é a importância que cada um dá a esta dúvida.

O escritor e sacerdote checo, Tomás Halík, afirma que “o número daqueles a quem chamo «residentes» (dwellers), ou seja, aqueles que se identificam profundamente com a forma tradicional de religião, e também aqueles que declaram um ateísmo dogmático, está em diminuição, enquanto aumenta o número dos que estão «à procura» (seekers). Além disso, está obviamente em aumento também o número dos «apáticos», os indiferentes, pessoas a quem não interessam, em absoluto, as questões religiosas, ou a resposta tradicional. A principal linha de separação, já não é entre os que se consideram crentes e os que se consideram não-crentes. Há quem esteja «à procura», sendo crente (aqueles para quem a fé não é uma «bagagem hereditária», mas um «caminho»), e há quem seja não-crente, que rejeita os conceitos religiosos que lhe são propostos pelos que o rodeiam, mas, ao mesmo tempo, sente o desejo de algo que satisfaça a sua sede de significado.”

Portanto, creio que podemos e devemos começar a pensar a comunidade de crentes, de uma forma totalmente diferente do que temos feito até hoje. Teremos de deslocar a nossa perspetiva da resposta à pergunta “Deus existe?” para a pergunta em si. Ou seja, aquilo que, a nível religioso, poderá vir a marcar diferença, não é tanto se as pessoas confessam acreditar ou não em Deus, mas a importância que dão à dúvida da Sua existência.

Se a Igreja se quer manter viva, terá de aprofundar esta questão e tentar perceber se aqueles que se dizem “ateus”, se interrogam e buscam uma verdade maior que dê sentido às suas vidas, ou se simplesmente ignoram todas estas questões. Da mesma forma, importa perguntar àqueles que se consideram crentes, se continuam a interrogar-se sobre a forma de Deus se faz presente na sua vida, ou se dão a fé como um dado adquirido de uma vez para sempre.

Mudar o foco da resposta para a pergunta “Deus existe”, é retirar a linha de separação entre crentes e ateus, para separar os que estão «à procura» e os «indiferentes». Esta mudança pode ter o condão de transformar a nossa fé, vivida como o cumprimento de rituais e feita de um conjunto de verdades imutáveis, para uma presença de Deus que se faz sempre novidade, a cada momento das nossas vidas, acompanhando os sinais dos tempos. Esta mudança de perspetiva poderá também fazer com que olhemos para aqueles que não acreditam, como pessoas que continuam genuinamente à procura de um sentido profundo para as suas vidas. Só acreditando profundamente nisto poderemos, enquanto Igreja, criar uma nova linguagem. Uma linguagem que ajude a encontrar no Amor e na beleza do dar-se aos outros, um sentido para vida. Algo que nos conduz Àquele que nos ama infinitamente e que se oferece continuamente no altar pela humanidade: Jesus Cristo.