Investigadora analisa Santuário à luz da visita do Papa Francisco em maio de 2017
A peregrinação aniversária de 12 e 13 de maio a Fátima, este sábado e domingo, é uma ocasião para revisitar a vinda do Papa Francisco ao Santuário, em diálogo com Teresa Bartolomei, da Universidade Católica Portuguesa.
O membro da Conselho de Direção do Centro de Investigação em Estudos de Teologia e Religião, da UCP em Lisboa, salienta que “seria errado ficar apenas pela dimensão mediática” que a passagem do Papa argentino significou há um ano, enquanto “fenómeno das massas”.
Para esta investigadora italiana, Francisco legitimou através das suas mensagens uma “experiência de fé coletiva”, nascida da “intuição religiosa popular”, que continua hoje a inspirar o mundo a viver as dimensões da “misericórdia” e da “humildade”.
Ao mesmo tempo, a mostrar uma Igreja Católica que surge diante das pessoas “não como vencedora e dominadora”, mas feita “de homens que se põe nas mãos de Deus”, que, neste caso por intercessão de Nossa Senhora, “pedem a Deus a salvação porque não são autossuficientes”, salienta Teresa Bartolomei.
“Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho”, afirmou o Papa argentino no Santuário.
Para a investigadora do CITER, frases como esta sublinham o cariz contracorrente da mensagem de Fátima, num tempo em que a sociedade carece de exemplos de “solidariedade” e “inclusão”.
Responsabilizam também os cristãos a afirmar-se como “testemunhas não de condenação, mas de abertura e de diálogo” com o mundo.
“Esse momento de cada cristão ser fator de reconciliação, de conversão, de acolhimento é essencial. Representa um passo em frente não na atualização da mensagem, mas na atualização da nossa receção da mensagem”, aponta aquela responsável.
Em maio de 2017, Francisco fez ainda questão de “suplicar a paz e a esperança” para os cristãos e para a sociedade em geral, “de modo especial para os doentes e pessoas com deficiência, os presos e desempregados, os pobres e abandonados”.
Denunciou depois o atual contexto de “indiferença” que cega o coração humano e “agrava a miopia do olhar” perante as dificuldades dos irmãos.
“Fátima torna-se importante para todos nós nos momentos de necessidade, de incerteza, de dor. E é esse encontrarmo-nos pequeninos perante a graça de Deus, na necessidade perante Deus, que nos torna também capazes de aceitar as fragilidades e as pobrezas dos outros”, sustenta Teresa Bartolomei.
Que considera esta referência a Fátima, enquanto refúgio para “os problemas e esperanças” dos homens e mulheres deste tempo, como outro “momento importantíssimo em que o Papa reconhece essa beleza de uma intuição da religiosidade popular”.
A peregrinação aniversária internacional de 12 e 13 de maio vai ter como tema ‘Dar graças pelo dom de Fátima’ e será presidida pelo arcebispo emérito de Hong Kong, o cardeal John Tong.
O evento, que encerrará também todo um ciclo de comemoração do Centenário das Aparições de Nossa Senhora, conta com um concerto do tenor italiano Andrea Bocelli, com participação especial da fadista Ana Moura, no domingo às 16h00, na Basílica da Santíssima Trindade.
Fonte: Agência Ecclesia
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