Famílias Novas, para um mundo novo

Um homem e uma mulher, unidos em matrimónio, formam com os seus filhos uma família.

Uma vez que o desígnio de Deus sobre o matrimónio e sobre a família visa o homem e a mulher no concreto da sua existência quotidiana, a Igreja com o intuito de cumprir a sua missão precisa de se esforçar para conhecer todas as  situações em que o matrimónio e a família se encontram hoje.

O dever de santificação da família tem a sua primeira raiz no baptismo e a sua expressão máxima na Eucaristia, à qual está intimamente ligado o matrimónio cristão. (Exortação Apostólica Familiaris Consortio) 

Se pelo batismo enraíza em nós a vida de Deus, compreendemos que o nosso primeiro chamado é a santidade. Ela levar-nos-á a receber o prémio celeste que será a participação na pátria definitiva.

O caminho da santidade a percorrer é uma meta a alcançar, não de modo individual, pois temos um legado para que toda a nossa família se santifique e tenha como herança, o céu.

Monsenhor Jonas Abib, nosso fundador, sacerdote salesiano atento aos apelos de Deus e da Igreja, tem como meta a formação de “Homens Novos”, e com isso está intrínseco, a formação de “Famílias Novas para um Mundo Novo”, com objetivo de transformar a nossa sociedade, com novas estruturas, novo sistema de vida, uma nova ordem, enfim, um mundo novo dentro do projeto de Deus. A Canção Nova existe para formar homens novos, famílias novas, dando testemunho, a ponto de acontecer um efeito cadeia e que muitas famílias adiram a esse modo de viver. É na oficina da vida, no dia a dia com cooperação do Espírito Santo, que se extrai do interior do velho homem o homem novo, cópia o mais fiel possível do Homem Novo: Jesus Cristo! É formar cada pessoa para que viva à maneira nova trazida por Jesus.

São João Bosco, com o seu modo de vida, educou muitos jovens para a santidade! Numa típica família de camponeses do Piemonte, em que também havia diferenças de temperamentos e limitações humanas, recebeu a motivação para viver os valores da fé. O seu lar  foi a  escola de muitos valores e deveres do bom cristão, as orações, o bom comportamento … Na sua família, Dom Bosco contou sempre com a presença dos pais que se empenharam na boa educação dos filhos, e isso foi a base que o fez descobrir a sua vocação ao sacerdócio, tornando-se fundador de uma grande obra com a juventude, o fez santo e gerou santos para a Igreja.

Essa santidade do hoje, do agora, é que devemos almejar e esmerar-nos para a alcançar. Diante dos desafios da vida, seja em dias bons ou menos bons, procuremos com a ajuda do Espírito Santo responder santamente no momento presente da vida dando o nosso melhor, pois se assim o fizermos estaremos colaborando na construção de famílias novas para um mundo novo.

Embora as famílias vivam tantas adversidades, elas são instrumentos de santificação para nós. Muitos na Igreja deixam o seu testemunho ao se depararem com as provas da vida. Recordemos Frei Bernardo de Vasconcelos, religioso beneditino e poeta português, nascido em Celorico de Basto, Arquidiocese de Braga. Recebeu o chamamento de Deus para ser sacerdote e buscou corresponder-lhe. Ao partir para estudar teologia foi diagnosticado com tuberculose vertebral. Ele foi perseverante,e mesmo não conseguindo atingir essa meta alcançou o subdiaconato. Frei Bernardo viveu um calvário, mas o seu sofrimento não retirou de si o desejo ardente pela santidade, pois soube unir as suas dores a paixão de Jesus Cristo.

É para nós um testemunho de fé provada nas adversidades da vida e somos convidados, como ele, a unir também os nossos sofrimentos a Cristo neste tempo propício que vivemos, a quaresma.

Na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, o Papa Francisco diz-nos que: “O bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja.” 

Com esta frase, somos convidados a refletir sobre a nossa família e a perguntarmo-nos: como ela está?

Para responder a esta questão são-nos apresentados alguns passos:

1 – Parar, retirar-se para um lugar adequado e fazer uma reflexão à luz da fé.

2 – Refletir a partir de si mesmo: como vejo a minha família e como atuo nela.

3 – Com amor e gratidão, olhar cada membro da família de modo particular, reconhecer a sua importância, valorizar as suas qualidades e com paciência e misericórdia acolher os seus limites.

4 – De que maneira eu posso ajudar a minha família? Quais as minhas capacidades e disposições?

5 – Dar passos concretos de amor e misericórdia, não se trata aqui de sentimentos e vontades, trata-se de consciência, de decisão e de escolha de vida. Saiba que cada membro da nossa família tem algo a oferecer que favorece a aproximação e fortalecerá a unidade. Procure ver sempre a partir do que é bom e positivo. Lembre-se que essa pessoa é única no mundo, e a cada dia nos é dada a oportunidade de eternizar o relacionamento. Não espere que correspondam ou retribuam os seus gestos. Ame gratuitamente.

Com objetivo de alcançarmos a santidade individual e também familiar, façamos escolhas mais adequadas que nos favoreça a santificação no dia a dia, buscando sempre e antes de tudo a conversão pessoal, deixar a vida velha, os maus hábitos, os vícios, as más palavras. Silenciemos, busquemos a oração e diante das dores e sofrimentos unamo-nos a Jesus e ofereçamos-Lhe pela santificação da nossa família e conversão dos pecadores, atendendo aos apelos de Nossa Senhora, quando  apareceu em Fátima.

As Sagradas Escrituras dão-nos a garantia que a seu tempo faremos uma boa colheita: ”Lembrem disto: quem planta pouco colhe pouco; quem planta muito colhe muito. Que cada um dê a sua oferta conforme resolveu no seu coração, não com tristeza nem por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria. E Deus pode dar muito mais do que vocês precisam para que vocês tenham sempre tudo o que necessitam e ainda mais do que o necessário para fazerem todo tipo de boas obras. E Deus, que dá a semente para semear e o pão para comer, também dará a vocês todas as sementes que vocês precisam. Ele fará com que elas cresçam e dêem uma grande colheita, como resultado da generosidade de vocês. (2 Coríntios 9:6 -8.10)

A família ideal não deve ser perfeita, deve buscar a santidade diária numa contínua conversão, buscando as coisas do Alto e deixando vir à tona o homem e a mulher novos que Cristo veio nos trazer.

Tenhamos fé, nós e nossa família alcançaremos o Céu!

Nilza Maia e Gilberto Maia, Família Missionária da Comunidade Canção Nova