Se a família é a esperança de Deus para o mundo, que tal investir tudo nesse relacionamento?
Em uma época de crises em campos como educação, economia e diplomacia, tomar consciência de que existe algo em que vale a pena apostar nossas energias é muito animador, não é mesmo? Mas qual é o segredo para ter um matrimônio feliz?
“Quando alguém me pergunta sobre o segredo do matrimônio, respondo que as estatísticas dizem que é rezar juntos. Sei que parece muito estranho, mas a oração é fundamental; outro ingrediente que indicaria é o sexo”, defende o casal australiano, Ron e Marvis Pirola.
Casados há 55 anos, o casal partilhou seu testemunho durante o Sínodo Extraordinário da Família, realizado em outubro de 2014, no Vaticano. “Devemos admitir que o sacramento do matrimônio é sexual, pois expressamos plenamente nossa espiritualidade no sexo, o qual faz parte do grande dom de Deus para nós. Por isso, considero que faz parte desse segredo”, afirmam os australianos.
Considerada “célula originária da sociedade humana”, a família é a mais antiga instituição. Querida por Deus, foi o berço escolhido por Jesus Cristo para assumir nossa humanidade. Obediente ao Pai, o Filho se encarnou no ventre de Maria por obra do Espírito Santo e cresceu em um lar sob a educação de José, Seu pai adotivo. “Um homem e uma mulher que se casam constituem uma família com os seus filhos”, ensina a Igreja Católica.
Consciente da importância da instituição familiar, o Papa Francisco iniciou, no dia 10 de dezembro de 2014, uma série de catequeses sobre esse tema. “Quando perguntavam à minha mãe qual era seu filho preferido, ela respondia: ‘Eu tenho cinco filhos, como cinco dedos. Se me batem neste, faz-me mal; se me batem neste outro, faz-me mal. Faz-me mal em todos os cinco. Todos são filhos meus, mas todos diferentes como os dedos de uma mão’. E assim é a família! Os filhos são diferentes, mas todos filhos”, disse o Santo Padre ao recordar o lar onde cresceu ao lado de quatro irmãos, na Argentina.
Bergoglio acredita que ser filho segundo o desígnio de Deus significa levar em si a memória e a esperança de um amor que se realizou iluminando a vida de um outro ser humano, original e novo. Para os pais, cada filho é único, diferente e diverso. Tal aprendizado nos proporciona valores que levamos para a vida toda. Se as pessoas se reconhecessem como irmãos, muitas barrerias não existiriam. As relações seriam menos complicadas e a solidariedade teria voz mais ativa diante da necessidade do nosso próximo.
Por que razão não conseguimos olhar, perceber e agir considerando o outro nosso irmão? A experiência fraterna é aprendida na família. Em nossos dias, novos modelos tentam se impôr na tentativa de ditar comportamentos. Tais vínculos são muito frágeis, carentes do equilíbrio próprio que apenas um lar com pai, mãe, irmãos pode oferecer. Se invertermos o título desse texto “Família, esperança de Deus para o mundo”, constatamos que a sociedade presente tem esperança de que a garantia do futuro da humanidade é a instituição familiar.
Nessa busca diária por sermos melhores para com aqueles que vivem mais perto de nós, que são os membros da nossa família, o Papa Francisco, como bom jesuíta, indica-nos o exercício do exame de consciência com as seguintes perguntas: “Hoje sonhei com o futuro dos meus filhos? Sonhei com o amor do meu esposo, da minha esposa, sonhei com meus pais e avós que fizeram a história também? É tão importante sonhar! Primeiro de tudo, sonhar em uma família. Não percam essa capacidade de sonhar”.
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