Responsáveis da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana falam de uma «referência» na atenção aos reclusos
O padre João Gonçalves, coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, da Igreja Católica, faleceu ontem aos 76 anos de idade, informou a Diocese de Aveiro.
D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, disse que o sacerdote foi “uma referência de bem e de cuidado com as pessoas reclusas nos estabelecimentos prisionais”.
“Esse cuidado fazia já parte da sua identidade, de tal modo que ele ficou conhecido entre nós como o padre das prisões”, acrescentou o bispo de Santarém.
O responsável católico recorda “o amor” que o falecido sacerdote tinha pelas pessoas, bem como o seu trabalho na formação colaboradores como visitadores aos estabelecimentos, com uma “dedicação extrema, envolvendo os diversos serviços”.
“Foi uma referência para todos nós, no cuidado com os reclusos”, assumiu D. José Traquina.
“Estamos gratos a Deus pelo grande sinal de bem, pela grande referência, o grande dom que foi o padre João Gonçalves”.
O padre José Manuel Pereira de Almeida, secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, evoca, por sua vez, o padre João Gonçalves como “a figura incontornável” no que diz respeito ao cuidado pastoral com os reclusos, em Portugal.
“É uma área a que ele gostava de chamar a pastoral da pena e da liberdade”, lembra.
O sacerdote destaca o coordenador nacional da Pastoral Penitenciária viveu uma experiência “única, de intensidade e de duração”, que “tocou muitos corações e abriu esperanças a muita gente”.
“Mesmo quando parecia que nada era possível, ele ia mais longe”, prosseguiu.
O secretário da Comissão Episcopal responsável pela Pastoral Social assume a missão de continuar o “legado” deixado pelo falecido sacerdote, que colocou os reclusos e reclusas “no centro das preocupações”.
“A Pastoral Penitenciária diz respeito a todos, as paróquias devem estar abertas a esta dimensão, com atenção aos que estão nas prisões, aos seus familiares e, sobretudo, à inclusão dos ex-reclusos numa vida ativa e à prevenção primária”, concluiu.
Natural da freguesia da Gafanha do Carmo, onde nasceu a 28 de março de 1944, João Gonçaves foi ordenado por D. Manuel de Almeida Trindade a 21 de dezembro de 1969, na Sé de Aveiro.
“Entre as várias funções que assumiu ao longo dos destaca-se a sua entrega à pastoral social: capelão do Hospital de Aveiro, coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, diretor das Florinhas do Vouga e da Casa Sacerdotal. Foi ainda diretor espiritual da Irmandade Santa Joana”, refere a nota da Diocese de Aveiro.
A Missa de corpo presente é celebrada esta quinta-feira, pelas 14h00, na Capela do Seminário de Aveiro; o padre João Gonçalves será sepultado no cemitério da Gafanha do Carmo pelas 15h30.
Em fevereiro, por ocasião do 15.º Encontro Nacional da Pastoral Penitenciária, que decorreu em Fátima, o sacerdote destacava as suas preocupações sobre um setor onde trabalhou durante mais de 40 anos.
O responsável sublinhou que a prisão “devia servir não apenas de castigo para a pessoa que fez mal, ou como exemplo para a própria comunidade”, ou até para proteger o próprio que cometeu algum ilícito tem que ser protegido da sociedade para que não haja agressões contra ele ou façam justiça pelas próprias mãos”.
Em 2018, foi apresentada a obra ‘O padre das prisões portuguesas – ensaio baseado na vida do padre João Gonçalves’, da autoria de Inês Leitão, que dirigiu um documentário sobre a vida do sacerdote.
Fonte: Agência Ecclesia
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