D. Manuel Linda lamenta falta de «profundidade» que marcou a preparação do debate desta terça-feira na Assembleia da República
O bispo do Porto espera que o debate desta terça-feira na Assembleia da República, sobre a eutanásia, reforce a defesa da vida e a necessidade da criar condições para o apoio e o cuidado dos mais frágeis da sociedade.
Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Manuel Linda lamenta que a preparação desta discussão tenha sido feita mais à base da “emotividade” e das “frases feitas” do que a partir de uma reflexão em “profundidade”.
“Dizer eu sou a favor da eutanásia porque quero alargar o espaço da liberdade, isto é um chavão que ao fim ao cabo não tem consistência nenhuma na realidade”, frisou o responsável católico
D. Manuel Linda apela ao Parlamento Português para que promova uma decisão consentânea com a vontade de “um povo que não quer a morte mas mais condições de vida”.
“Que os deputados sejam de facto consequentes com o povo que dizem servir”, exorta o bispo do Porto, que lembra não só o contexto dos mais doentes ou fragilizados mas a situação dos mais idosos, sobre os quais também irá pesar uma eventual aprovação da eutanásia.
“É muito mais fácil matar os velhinhos do que politicamente, economicamente, arranjar-lhes condições de vida para que eles possam sobreviver em condições humanas dignas”, realça.
O responsável católico conclui a sua mensagem com um repto para a sociedade em geral, para que esta afirme que toda a vida é igual na sua essência e merecedora de dignidade e de apoio até ao fim.
E não permita que se enverede por um caminho que há muito deveria estar fechado e ao qual não se pode voltar.
“Parto do princípio que os nossos deputados não irão para a solução fácil porque isso lembra-me uma outra que aconteceu lá para a Alemanha há muitos anos atrás”, referiu D. Manuel Linda.
Esta terça-feira vão ser discutidos na Assembleia da República quatro projetos de lei que pedem a legalização da eutanásia.
Ao abordar esta questão, o bispo do Porto tem alertado ainda para o risco da banalização não só da eutanásia, mas de todas as questões onde a moral deve ter um papel determinante.
Em entrevista à Rádio Renascença, D. Manuel Linda reforça a necessidade de apostar mais nos cuidados paliativos, uma área onde a Igreja Católica é “pioneira” e onde “o Estado” não pode “sacudir a água do capote”.
O responsável católico considera mesmo que o debate sobre a eutanásia “não seria tão agudo” se houvesse mais “vontade política de dotar a Saúde dos meios indispensáveis”.
Fonte: Agência Ecclesia
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