Escolher entre o bem e o Bem

Você sabe a diferença entre escolher o bem e o Bem?

Em nossa vida, encontramo-nos diante de muitas situações nas quais percebemos a fragilidade de nossa vontade em relação às coisas e situações que nos fazem mal. São Paulo nos lembra que a tendência ao mal, que de certa forma reside em nós, a qual é chamada por ele de “concupiscência”, é enganadora (cf. Gl 4,22).

Muitos filósofos já afirmaram (e com muita propriedade) que ninguém escolhe o mal, que as escolhas que fazemos sempre têm em vista o bem. Nosso problema é que nem sempre o bem é bem visto, ou seja, o problema não está em escolher o bem, mas em escolher de forma certa, escolher de forma justa. Nossa geração é marcada por grande fragilidade na vontade, mudamos de ideia com muita frequência, a falta de determinação gera o risco de escolhas que possuem data de validade curta, o que cria uma preocupação: “Será que existe bem que perdure?”. Não é minha intenção aqui estabelecer critérios para o bem e sim falar da escolha.

A escolha entre o bem e o mal é questão apenas de inteligência, lembra-nos Santo Inácio de Loyola, por isso escolher entre o bem e o mal é questão apenas de sobrevivência. Quem escolhe o mal morre, como nos lembra São Paulo ao dizer que o salário do pecado é a morte (cf. Rm 6,23). Mas a vida não está simplesmente na escolha do bem. É preciso saber que nem todo bem nos faz bem, nem todo bem faz bem a todos. Isso é o discernimento, é preciso saber escolher entre o bem e o bem devido. Se olharmos, por exemplo, o açúcar, ele é um bem, é bom, mas não faz bem a quem é diabético, nem a quem se recupera de cirurgias etc. Ou seja, nem todo o bem nos faz bem o tempo todo.

Escolher entre o bem e o bem devido é questão de sabedoria. Para ser feliz é preciso saber romper com o apego às coisas que são incompatíveis com nossa vida. Essa é a vontade de Deus! Quando Jesus fala do Reino de Deus como um tesouro (cf. Mt 13,44), mostra que o homem que encontrou o tesouro num campo vai e vende tudo o que tem para comprá-lo [campo], já que o tesouro não é possível comprar. Se vendeu tudo o que tinha, é sinal de que deixou tudo que tinha de valor, e que naturalmente era bom, para possuir um bem que lhe faz mais bem: o Reino de Deus. Precisamos amadurecer para as escolhas mais difíceis como essa, escolher entre tudo que é bom e encontrar a vontade de Deus, o bem que nos é devido. Acertar nessa escolha é questão de realização.

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Que Deus lhe dê sabedoria, muita sabedoria em suas escolhas. Sugiro a leitura de Sabedoria 9,1-6.9-11, a oração de Salomão que agradou a Deus.

Padre Xavier

Padre Antônio Xavier Batista, sacerdote na Comunidade Canção Nova ordenado em 16 de dezembro de 2007, é formado em Filosofia, Teologia e Mestre em Ciências Bíblicas e Arqueologia pela Pontifícia Universidade Antoniana (Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém). Twitter: @padrexaviercn