Educando os filhos para as virtudes

Virtudes se constroem com exemplo, ensinamento, correção e caridade

Canção Nova

É um desafio, um treinamento que exige firmeza, amor, compreensão e depois firmeza de novo. Quando percebemos um de nossos filhos pequenos fazendo algo que não convém, como jogar lixo na rua, pegar o que não é seu, estragar algo de outra pessoa, e não os corrigimos, não lhes mostramos o que não é bom naquele ato, estamos perdendo uma grande oportunidade de educá-lo para as virtudes, de ensinar a ele como fazer o que é certo.

Às vezes, por pressa ou cansaço, deixamos para falar depois e até nos esquecemos de dizer algo. É preciso, no entanto, falar, orientar os filhos. Isso fará toda diferença! Mas sempre com amor, senão, o efeito pode ser contrário.

Lembrei-me de uma situação engraçada que vivi com meu filho quando tinha dois anos. Foi engraçada, mas eu sofri ali. Ele começou a chegar diante da fruteira, que ficava na altura dele, pegava uma maçã, mordia e devolvia na fruteira. Comecei a ver várias maçãs assim. Quando vi que era ele mordendo e devolvendo, fui bem firme com ele, e disse brava: Não! Não pode fazer isso! Fui dura nas palavras e na expressão do meu rosto, não falei melosa: “Não filhinho, isso não pode, tá?”.

Bom, o resultado: No dia seguinte, procurando meu filho pelo apartamento que morávamos, não o encontrava. Até que me lembrei do cantinho, depois da cozinha, onde havia meia parede e dividia espaço com a lavanderia. Um espaço minúsculo. Quando cheguei lá, bem devagarinho, lá estava ele, escondido, comendo uma maçã, e comendo de verdade! Quase chorei. Percebi que ele havia entendido que não poderia mais comer maçã. Então, expliquei que ele poderia comer a maçã, o que não poderia era morder e devolver na fruteira.

É uma cena que sempre me lembro. Já contei para ele (agora com 16 anos) com uma cara toda piedosa, e ele acha o máximo. O que aprendi, nesse dia, é que a orientação de fazer o que é certo precisa mesmo ser dada. Mas, dependendo da idade, precisa de um adendo, de um livro, de um desenho animado sobre isso, e talvez até um exemplo para ele entender.

Aprendemos com os erros, não é mesmo?
Existem casos mais sérios, quando um filho chega em casa com dinheiro que você não deu. Ou uma outra situação, como essa que me contaram e partilho com você.

Um pai e uma mãe, que convivem conosco, perceberam que sumiu de um móvel da casa uma nota de 50,00. Não a encontraram. Naquele dia, o filho mais velho, que tinha de 7 para 8 anos, chegou da escola desconfiado, com a agenda na mão. Já meio choroso, entregou-a aos pais. Na agenda, a professora anotou que o garoto chegou na escola com uma nota de dinheiro alta, que não era costume ele levar, e que ela percebeu um movimento entre as crianças. O menino comprou balas e começou distribuir dinheiro para as outras crianças comprarem também. A professora viu em tempo, explicou, pegou o dinheiro, colocou na agenda com o bilhete. Mas já tinham sido gastos 7,00.

O pai chamou ele no quarto abraçou, fechou a porta e começou a conversar. “Por que você pegou o dinheiro?”. “Porque eu queria comprar bala”. “Então, sempre que pegamos um dinheiro, sem pedir, é roubo. Quando você quiser e precisar, você vai pedir para o papai ou para a mamãe, e, se puder, vamos dar. Se não puder, você vai esperar”.

Ainda mais: O pai aproveitou para explicar o valor do dinheiro. Pegou uma nota de 50,00 e explicou o que dava para comprar com aquele valor, que era alto. E foi pegando notas menores e explicando o que dava para comprar. Quando terminou a conversa, a mãe entrou e disse que aquele dinheiro, que estava no móvel, não era deles, era de um lugar onde ela era voluntária.

“Então, como você usou os 7,00 daqui para comprar bala, nós estamos pegando da carteira do papai e devolvendo, porque aquele dinheiro não era nosso. Ainda bem que você nos contou, mostrou a agenda e não escondeu de nós”.

Conversaram, explicaram, formaram e, com certeza, selaram ali uma ou mais virtudes que fez a diferença para toda a vida dele. Virtude de devolver o que não é nosso. Virtude de pedir em vez de roubar. Virtude de contar aos pais um erro. Virtude de não esconder aquela agenda. Fizeram tudo isso, sem que o filho perdesse o respeito por eles, sem que ficasse com medo de pedir a eles o que precisa.

Virtudes se constroem com exemplo, com ensinamento, correção e caridade.

Deus nos abençoe e nos dê essa graça de não perdermos as oportunidades que a vida nos traz.

Rosení Valdez Oliveira, missionária da Comunidade Canção Nova