Com o Domingo de Ramos na Paixão do Senhor inicia-se a Semana Santa, que os antigos cristãos chamavam “Semana Maior”. Neste dia, a Igreja celebra dois mistérios bem distintos e complementares: (1) a entrada solene de Jesus em Jerusalém para celebrar a sua última e definitiva Páscoa e (2) a sua Paixão e morte. A entrada é celebrada com a bênção dos ramos e a procissão; a Paixão e morte é celebrada na Missa. Assim, não existe uma Missa de Ramos, pois de Ramos é a Procissão; a Missa é da Paixão do Senhor. Pela procissão, os cristãos unem-se aos judeus para aclamar o Senhor e seguem-nO, não já para a Jerusalém terrestre, mas para a Jerusalém Celeste.
Terminada a Procissão, termina também toda a referência que a liturgia faz aos ramos. Agora, tudo se volta para a Paixão do Senhor. A Eucaristia torna presente o mistério da humilhação e da glorificação de Cristo. As leituras põem em relevo o despojamento total de Cristo – Ele que “sendo de condição divina […] Se despojou a Si mesmo, tomando a condição de servo”.
A entrada triunfal em Jerusalém conduz à Paixão do Salvador. A morte é apenas um aspecto do mistério total da Páscoa: não é um termo, mas uma passagem para a vida. O caminho, pelo qual o “Servo do Senhor” Se dirige a Jerusalém, está já iluminado pelos clarões da Ressurreição. Mas ficamos a saber também que Jesus Se encaminha para a morte, voluntariamente, numa total liberdade, em amorosa entrega por nós.
Evangelho que será proclamado antes da procissão com ramos – Evangelho de São Marcos ( 11, 1-10 ) – Ao aceitar o entusiasmo da multidão, que bem depressa se manifestará desiludida com o Messianismo de Jesus, o Senhor quer mostrar a liberdade perfeita com que o “Servo Sofredor” via realizar a Sua missão redentora.
LITURGIA DA PALAVRA
1ª Leitura do Livro de Isaías ( 50, 4-7 ) – Jesus Cristo é o “Servo de Deus”, que Se oferece, como vítima, pelos homens, Seus irmãos. Entregando-Se, confiadamente à Vontade do Pai, seguro de que Ele o assistirá não hesita em cumprir a Sua missão, que o levará à morte. Na Sua humilhação, Deus far-Lhe-á conhecer a exaltação.
Salmo 21 (22) – Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?
2ª Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses ( 2, 6-11 ) – Para resgatar a humanidade da desobediência de Adão, Jesus depois de Se ter despojado das Suas prerrogativas divinas pela Incarnação, sempre em filial obediência ao Pai, submete-Se a todas as contingências da Sua condição humana. A Sua humilhação vai até à Cruz. No aniquilamento da morte começa, porém, a Sua elevação à glória.
Evangelho de São Marcos ( 14, 1 – 15 , 47 ) – Discípulo de Pedro e seu companheiro em Roma, Marcos escreve o seu Evangelho para pagãos. O seu relato da Paixão é breve, mas denso e rico em pormenores concretos. Nele a Divindade de Jesus fica como que oculta, para sobressaírem mais os aspectos dramáticos da Paixão: o silêncio, a solidão e o abandono de Jesus. Tudo parece convergir para a dupla testemunha: a de Jesus (“És tu o Messias? – Eu sou”) e o do Centurião (“Verdadeiramente este era o Filho de Deus”).
Padre António Justino
(Padre Toninho)
Comunidade Canção Nova
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