O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, nesta quinta-feira, 08, Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, com os fiéis reunidos na Praça São Pedro, no Vaticano.
“As leituras da Solenidade de hoje da Imaculada Conceição da Beata Virgem Maria apresentam duas passagens cruciais na história das relações entre o homem e Deus: podemos dizer que nos levam às origens do bem e do mal”, disse o Pontífice.
Não das origens
Francisco explicou que o livro do Gênesis mostra o “não das origens”, quando o homem preferiu olhar para si mesmo, ao invés do seu Criador, escolheu ser autossuficiente.
“Mas, assim fazendo, saindo da comunhão com Deus, perdeu a si mesmo e começou a ter medo, a se esconder e a acusar quem estava perto. Isto faz o pecado”, destacou.
Contudo, o Santo Padre disse que Deus não deixa o homem à mercê do seu mal.
“Imediatamente o procura e lhe faz uma pergunta cheia de apreensão: ‘Onde você está?’. É a pergunta de um pai ou de uma mãe que procura o filho perdido: ‘Onde você está? Em qual situação você se encontra?’. E este Deus o faz com tanta paciência, até preencher a distância criada nas origens.”
O sim de Maria
A segunda passagem crucial, narrada hoje no Evangelho, é quando Deus vem habitar entre nós, se faz homem como nós. E isso só foi possível por meio de um grande “Sim”, o de Maria no momento da Anunciação.
“Através deste “sim” Jesus começou o seu caminho nas estradas da humanidade; começou em Maria, transcorrendo os primeiros meses de vida no útero da mãe: não apareceu já adulto e forte, mas seguiu todo o percurso de um ser humano. Se fez em tudo igual a nós, exceto uma coisa: o pecado. Por isso, escolheu Maria, a única criatura sem pecado, imaculada. No Evangelho, com uma palavra, ela é chamada de “cheia de graça”, isto é cumulada de graça. Isso significa que nela, “imediatamente” cheia de graça, não há lugar para o pecado. E também nós, quando nos dirigimos a ela, reconhecemos esta beleza: a invocamos “cheia de graça”, sem sombra de mal”, sublinhou Francisco.
Maria responde à proposta de Deus dizendo: “Eis aqui a serva do Senhor”. Ela não diz: “Desta vez eu vou fazer a vontade de Deus, eu estou disponível, depois vamos ver …”. O seu é um “sim” total, incondicional. E como o “não” das origens tinha fechado a passagem do homem a Deus, assim o “sim” de Maria abriu o caminho para Deus entre nós. É o “sim” mais importante da história, o “sim” humilde que abate o “não” soberbo das origens, o “sim” fiel que cura a desobediência, o “sim” disponível que derrota o egoísmo do pecado.
Sim e não a Deus
O Pontífice disse ainda que para cada pessoa também existe uma história de salvação feita de sim e de não a Deus.
“Às vezes, porém, somos especialistas nos Sim à metade: somos bons em fingir de não entender bem o que Deus quer e o que a consciência sugere. Somos também astutos, e para não dizer um não verdadeiro a Deus dizemos: “eu não posso”, “não hoje, mas amanhã”; “amanhã serei melhor, amanhã eu vou rezar, vou fazer o bem, amanhã.” Assim, no entanto, fechamos a porta ao bem, e o mal aproveita desta falta de “sim”. Em vez disso, cada “sim” pleno a Deus dá origem a uma história nova: dizer sim a Deus é verdadeiramente “original”, não o pecado, que nos torna velhos dentro, nos envelhece por dentro. Cada sim a Deus origina histórias de salvação para nós e para os outros.”
Neste caminho do Advento, Deus quer nos visitar e espera o nosso “sim”, com o qual dizemos a ele: “Creio em Ti, espero em Ti, eu te amo; faça-se em mim segundo a tua vontade de bem”. Com generosidade e confiança, como Maria, vamos dizer hoje, cada um de nós, este sim pessoal a Deus.
Homenagem pública à Maria
“Nesta tarde eu vou até a Praça de Espanha para renovar o tradicional ato de homenagem e de oração aos pés do monumento à Imaculada. Depois vou à Basílica de Santa Maria Maior, para rezar diante da imagem de Nossa Senhora “Salus Populi Romani”. Peço-lhes que se unam a mim neste gesto que expressa a devoção filial a nossa Mãe celeste”.
O Papa concluiu desejando a todos boa festa e bom caminho de Advento sob a guia da Virgem Maria. “Por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até mais!”
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