Deus no homem e o homem em Deus

O Encontro de Jesus com Pedro e os seus companheiros introduz-nos nos inícios da Igreja, enquanto comunidade dos discípulos de Jesus.

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É um encontro centrado na palavra: Jesus anuncia a Palavra de Deus a partir da barca de Pedro; dá ordens de manobras pesqueiras, com uma palavra vence a desconfiança de Pedro; pela palavra, chama Pedro a ser “pescador de homens” (Lc 5,10). O encontro com o divino gera no coração humano o temor da morte (cf. Is 6,5; Lc 5,8), com base na crença de que ninguém pode ver a Deus e continuar vivo. Mas a ação de Deus santifica o coração humano, capacitando-o para esse encontro (cf. Is 6,7), e infunde confiança, repetindo as palavras: “Não temas” (Lc 5,10).

1ª Leitura: Livro de Isaías 6, 1-2a.3-8  — “Eis-me aqui: podeis enviar-me”
Esta leitura apresenta a vocação de Isaías e a sua missão, para introduzir a missão dos Apóstolos, de que falará o Evangelho. A vocação e a missão vêm de Deus, são dom seu. Em presença de tais dons, ao homem compete simplesmente responder e deixar-se enviar, porque a obra a que é enviado é toda de Deus. Foi por isso que o profeta começou por sentir-se envolvido em sinais da presença e da santidade de Deus. E ao reconhecer que Deus o chamava, respondeu a esse chamamento e deixou-se enviar para a missão a que Deus o destinava.

Salmo 137(138) — Na presença dos anjos, eu Vos louvarei, Senhor.

2ª Leitura: Primeira Epístola do Apóstolo São Paulo aos Coríntios 15, 1-11 — “É assim que pregamos e foi assim que acreditastes”
Os cristãos de Corinto, cidade grega de ambiente pagão, deviam sentir a atitude negativa dos grupos no meio dos quais viviam, em relação à ressurreição dos mortos, que até os próprios Judeus só lentamente foram admitindo. Para os cristãos, a morte e a ressurreição de Cristo constitui a base e o fundamento da sua fé. Ao afirmar o mistério pascal de Cristo, São Paulo apresenta o núcleo central da profissão de fé da Igreja, o “Credo”.

Evangelho: São Lucas 5,1-11 — “Deixaram tudo e seguiram Jesus”
A disponibilidade verificada no profeta Isaías, vemo-la agora nos Apóstolos. É o Senhor que os envia, mas eles, por seu lado, deixam-se enviar. A obra de Deus está também nas mãos dos homens, porque Deus os quer associar a Si na obra de salvação: Deus no homem e o homem em Deus. E a única atitude possível para o homem a quem Deus chama e envia é responder como Isaías: “Eis-me aqui”, e como Pedro: “Já que o dizes, lançarei as redes”.