Na homilia da Missa deste Domingo de Ramos, D. António Marto refletiu sobre a beleza do amor presente no rosto crucificado de Cristo, exortando os peregrinos a também “descobrir, mostrar e realçar, com olhar da fé”, a autêntica e extrema beleza do amor que salva e dá a vida.
Milhares de peregrinos reuniram-se no Santuário de Fátima, ao final da manhã de hoje, para celebrar o Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, que dá início à Semana Santa. Após a recitação do Rosário, na Capelinha das Aparições, comemorou-se a entrada do Senhor em Jerusalém, com a bênção dos ramos, seguida de procissão até ao altar do Recinto de Oração, onde foi celebrada a Missa, sob a presidência do bispo de Leiria-Fátima.
Na homilia, o cardeal D. António Marto começou por caracterizar “dois quadros” distintos que marcam a Semana Santa.
“No primeiro quadro, cheio de encanto e beleza, contemplamos Jesus, sentado sobre um jumentinho, a entrar na cidade de Jerusalém, com uma multidão em festa, que O acolhe com cântico de júbilo e louvor. No segundo quadro, que, à primeira vista, contrasta com o primeiro, contemplamos Jesus, flagelado, insultado, ultrajado, cravado na cruz, desfigurado, tal como nos é apresentado na narração da paixão, na leitura do profeta Isaías e no salmo.”
Constatando a dificuldade que muitos cristãos têm em “contemplar o rosto tão desfigurado e tão miserável de aspeto do crucificado”, apresentado no segundo quadro, o bispo de Leiria-Fátima desafiou os peregrinos a descobrir, com o olhar da fé, a “beleza escondida” no rosto desfigurado de Cristo, uma beleza que é “autêntica e extrema”, “que ama até ao fim, que dá a vida para que nós tenhamos vida e que é mais forte que o pecado e a morte”.
Na ajuda desta descoberta, e para concretizar a forma de “levar a beleza do amor de Cristo à nossa vida e às nossas tarefas mais simples do dia-a-dia até às periferias”, D. António Marto citou o Papa Francisco nas várias situações concretas do quotidiano que mostram e realçam a “beleza que lembra a de Cristo na cruz”.
“Há beleza no trabalhador, que regressa a casa surrado e desalinhado, mas com a alegria de ter ganho o pão para os seus filhos; na comunhão da família, reunida ao redor da mesa e no pão partilhado com generosidade; na esposa, mal penteada e já um pouco idosa, que continua a cuidar do seu marido doente, para além das suas forças e da própria saúde; ou na fidelidade dos casais, que se amam no outono da vida, naqueles velhinhos que caminham de mãos dadas”, concretizou o prelado, ao desafiar a assembleia a descobrir a beleza que está além da aparência e que tarefa própria do cristão.
“Para além da aparência ou da estética imposta pela moda, há beleza em cada homem e cada mulher que vive com amor a sua vocação pessoal, no serviço desinteressado à comunidade, à pátria, no trabalho generoso a bem da felicidade da família, comprometidos no árduo trabalho, anónimo e gratuito, de restabelecer a amizade social. Descobrir, mostrar e realçar esta beleza, que lembra a de Cristo na cruz, de que o mundo tanto precisa, é a nossa missão de cristãos”, concluiu.
As celebrações deste Domingo de Ramos continuam às 14h00, com Via-sacra, no Recinto de Oração, pelo não haverá a recitação do Rosário na Capelinha das Aparições a essa hora, como habitualmente. Às 17h30, celebram-se Vésperas, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Em todas as Missas do Santuário é feita a bênção dos ramos.
Para a Semana Santa, através da proposta “Fátima na Luz da Páscoa”, o Santuário de Fátima convida os peregrinos a viver o Tríduo Pascal participando nas Celebrações do Santuário e contemplando através de encontros espirituais, a profundidade do mistério da misericórdia de Fátima nos acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Fonte: Santuário de Fátima
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