Desafio da Igreja Católica é captar atenção

O professor Fernando Ilharco, da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, disse em Fátima que o desafio que a Igreja enfrente no atual mundo comunicacional é “captar a atenção” das pessoas.

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O especialista falava na abertura do segundo e último dia de trabalhos das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que reúnem cerca de uma centena de profissionais e responsáveis do setor, das várias dioceses portuguesas.

Numa conferência sobre o tema ‘Ideias e ações para um Plano de Comunicação na Igreja Católica em Portugal’, Fernando Ilharco começou por sublinhar que a comunicação contemporânea tem um maior peso da “intuição” face à lógica, com prevalência do “imediato, da superficialidade”.

Segundo o responsável, o grande desafio é, por isso, “captar a atenção” num “ambiente de estimulação constante”.

“Um desastre, um acidente, um fracasso, desde que seja em grande, é um sucesso de comunicação”, exemplificou, sublinhando que a atenção tende a ser captada pelo que é “mais sensacional”.

Numa situação de crise, acrescentou, é necessário “dizer alguma coisa” e “nunca tratar os media como adversários”.

“Comunicar mal, de uma forma amadora, é um tiro no pé”, alertou.

O especialista propôs uma aposta em “histórias” concretas, com “atores, com motivos, com causas e consequências”, para comunicar melhor num ambiente “aural”, mais emocional.

Fernando Ilharco pediu que seja tida em consideração a “dificuldade de encontrar o relevante” por causa da abundância de informação, num contexto marcado pela “inovação, mudança, novidade”.

As “potencialidades imensas das tecnologias da informação” não podem ser ignoradas pela Igreja Católica, tendo em conta que o ambiente digital, hoje em dia, é o “mais natural na comunicação”.

Para Fernando Ilharco, uma estratégia comunicacional deve ser hoje “tão mais simples quanto possível, duas ou três ideias-chave, porque o ambiente é muito confuso”.

O responsável deixou três ideias-chave para esta estratégia: falar do “ser cristão hoje”; “proximidade e cuidado”; “participar na sociedade”.

Outra necessidade, prosseguiu, passa por garantir presença “no mundo dos media sociais”, estabelecer uma relação com os jornalistas e promover o treino em “comunicação digital e comunicação de crise”.

As jornadas de Comunicação Social têm como tema, em 2016, ‘Pensar a Comunicação da Igreja em Portugal’.

“Jesus é a mais espantosa história de sempre. Isso é um ativo imenso da Igreja, hoje em dia”, disse Fernando Ilharco.

O especialista admitiu que está em causa um “desafio vasto, imensamente complexo, com milhões de atores e sobre a história mais espantosa de sempre”.

O docente universitário propôs a criação de uma plataforma comunicacional para as dioceses portuguesas, com a ajuda da rede social Facebook, que permita partilhar as “melhores práticas” na comunicação digital da Igreja e abra a possibilidade de que qualquer pessoa coloque perguntas sobre “problemas que está a enfrentar”.

“Não podemos estar sempre a descobrir a pólvora”, precisou.

As jornadas tinham começado esta quinta-feira com dois painéis dedicado ao tema das jornadas – Comunicação na Igreja em Portugal – com intervenções de responsáveis diocesanos e debate.

Fonte: Agência Ecclesia