Quando uma mãe é desconectada de seu filho de modo precipitado e violento, há um trauma natural. Ela experimenta uma morte não natural.
Em muitos casos, ela viola sua ética moral e seus instintos naturais. Dá-se um golpe terrível a sua imagem de «mãe» que nutre, protege e sustenta a vida.
Aconselhei milhares de mulheres cujas vidas se haviam quebrado com o trauma do aborto, que experimentaram como um procedimento cruel e degradante. Há pena, tristeza, angústia, culpabilidade, vergonha e cólera.
Aprenderam a calar-se com o álcool e as drogas, ou a dominar seu trauma através de repeti-lo. Algumas renovam a dor de seu aborto através da promiscuidade e de voltar a abortar, presas em ciclos traumáticos de abandono e rejeição.
Outras relegam sentimentos através de desordens alimentares, ataques de pânico, depressão mental, ansiedade e idéias de suicídio. Algumas sofreram danos físicos e reprodutivos permanentes que as fazem incapazes de ter filhos no futuro.
O aborto é uma experiência de morte. É o falecimento do potencial humano, da relação, da responsabilidade, do apego maternal, da conectividade e da inocência. Tal perda raramente se experimenta sem conflito e ambivalência.
Seríamos curtos de mente se pensássemos que pode realizar-se sem complicações. Em meu livro «Forbiden Grief: The Unspoken Pain of Abortion» (Esquecer a Pena: A Dor não expressada do Aborto), com David C. Reardon, convidamos o leitor ao coração íntimo da experiência humana, ao lugar onde o debate do aborto rara vez penetra.
Quando se põem diante das polêmicas, as marchas, as políticas de liberdade e direitos, há aspectos emocionais do aborto que desafiam as palavras.
A agonia psicológica e espiritual do aborto é silenciada pela sociedade, ignorada pelos meios de comunicação, rejeitada pelos profissionais da saúde mental, e desprezada pelo movimento de mulheres.
O trauma pós-aborto é uma enfermidade grave e devastadora, que não tem nenhum porta-voz famoso, nem um filme para a televisão, nem nenhum show televisivo que sirva de plataforma para falá-lo.
O aborto toca três temas centrais do próprio conceito de mulher: sua sexualidade, moralidade e identidade maternal. Também implica a perda de um filho, ou ao menos a perda de uma oportunidade de ter um filho. Em todo caso, esta perda deve enfrentar-se, processar-se, chorar-se.
Em um aborto natural, a mãe também sofre a perda de um filho. A diferença está no nível de culpabilidade e vergonha que experimenta as mulheres depois de ter abortado por uma decisão deliberada e consciente de acabar com a vida; contra um aborto natural, que ocorre devido a causas naturais.
Com o aborto, sua perda é um segredo. Não há apoio nem consolo social dos amigos ou da família.
É importante observar que há também um alto aumento dos abortos naturais após um aborto provocado. Quando uma mulher perde um filho querido pela experiência de um aborto, as mulheres freqüentemente falam de uma culpa e depressão complexas, porque crêem que seu aborto natural é um «castigo de Deus».
Trecho de entrevista concedida por Theresa Burke ao Zenit.
Theresa Burke, fundadora do Rachels ineyard Ministries, um ministério de retiros de fim de semana de cura interior, após aborto.
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