D. Ivo Scapolo convida ao Ato de entrega a Nossa Senhora de Fátima à semelhança de S. João Paulo II em 1994

Na vigília da Peregrinação Internacional Aniversária de junho, que evoca a segunda aparição da Virgem Maria aos pastorinhos de Fátima, D. Ivo Scapolo, Núncio Apostólico, representante do Papa em Portugal, lembrando a missão entregues a Francisco, Jacinta e, especificamente, a Irmã Lúcia, de estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria, convidou à renovação de algumas partes do Ato de entrega a Nossa Senhora de Fátima, que São João Paulo II realizou, diante da mesma Imagem da Virgem de Fátima, na  Praça de São Pedro,  em 25 de março de 1994, no contexto do Ano Jubilar da Redenção, em  comunhão com os Bispos de todo o mundo.

D. Ivo Scapolo nasceu em Pádua, a 24 de julho de 1953, e foi ordenado sacerdote a 4 de junho de 1978; entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 1984 e exerceu missão nas representações pontifícias de Angola, Portugal, Estados Unidos da América e na secção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado do Vaticano. Está em Portugal desde 2019.

Como núncio apostólico, representou a Santa Sé na Bolívia (2002-2008), Ruanda (2008-2011) e Chile (2011-2019).

 

 

Queridos irmãos e irmãs no Senhor 

Estou vivamente agradecido ao Em.mo Card. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, por me  haver convidado, na minha qualidade de representante do Papa em Portugal, a presidir a  esta peregrinação em que recordamos a segunda aparição da Virgem Maria, que teve lugar  em 13 de junho de 1917.  

Por uma feliz, e para mim também significativa, coincidência, este ano a sugestiva e intensa  vigília de oração de 12 de junho coincide com a memória litúrgica do Coração Imaculado de  Maria.  Por  esta  coincidência  não  posso  deixar  de  evidenciar  um  dos  elementos  que  caraterizou a aparição de 13 de junho de 1917: na IV Memória, escrita em 1941, a Irmã Lúcia  refere um pedido que ela, na idade de 10 anos, fez à Virgem Maria, também em nome de seus  primos Francisco e Jacinta, respetivamente de 9 e 7 anos: “Queria pedir-lhe para nos levar  para o Céu. Sim – respondeu a Virgem –; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas  cá mais algum  tempo.  Jesus quer servir-Se de  ti para Me  fazer conhecer e amar. Ele quer  estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. (…) Eu nunca te deixarei. O meu  Imaculado  Coração  será  o  teu  refúgio  e  o  caminho  que  te  conduzirá  até  Deus” (fim  de citação). É  o mesmo  coração  que,  como  escutamos  no Evangelho de  São  Lucas,  guardou,  contemplou e amou o Mistério de salvação realizado mediante o sacrifício do seu Filho Jesus.  Sabemos que foi uma missão que a Irmã Lúcia realizou com muita intensidade, fidelidade e  perseverança, encontrando um importante apoio da parte dos  vários Papas. De  facto, em  1942 o Papa Pio XII, que havia sido consagrado Bispo no mesmo dia 13 de maio de 1917, estendeu a toda a Igreja a Memória Litúrgica do Coração Imaculado de Maria, estabelecendo  que deveria celebrar-se no dia seguinte à Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que – de  facto – se realizou ontem. Em 1996, para lhe dar maior importância, São João Paulo II elevou a a Memória Litúrgica obrigatória.  

Além disso, em diversas ocasiões, vários Papas,  respondendo aos  pedidos  da  Irmã  Lúcia,  efetuaram, em comunhão com os bispos de todo o mundo, a consagração da Igreja e de toda  humanidade ao Coração Imaculado de Maria. Também o Papa Francisco cumpriu um “Ato de  Consagração a Nossa Senhora de Fátima” no dia 13 de outubro de 2013, na Praça de São  Pedro, no final da Missa por ocasião da Jornada Mariana.  

Ao recordar  a  missão  que  a  Virgem  Maria  confiou  aos  três  pastorinhos  e  de  maneira  particular a Lúcia de estabelecer no mundo a devoção ao seu Imaculado Coração, convido os a fazer própria, nesta noite especial, umas partes do Ato de entrega a Nossa Senhora de Fátima, que São João Paulo II realizou, diante da mesma Imagem da Virgem de Fátima, na  Praça de São Pedro,  em 25 de março de 1994, no contexto do Ano Jubilar da Redenção, em  comunhão com os Bispos de todo o mundo. 

« (…) À Vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus! (…) 

Mãe  dos  homens  e  dos  povos,  Vós  que  conheceis  todos  os  seus  sofrimentos  e  as  suas  esperanças, Vós que sentis maternamente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas,  que  abalam  o  mundo  contemporâneo,  acolhei  o  nosso  clamor  que,  movidos  pelo  Espírito Santo, elevamos diretamente ao Vosso Coração, e abraçai, com o amor da Mãe e da  Serva do Senhor, este nosso mundo humano, que Vos confiamos e consagramos, cheios de  inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos. 

(…) A força desta consagração permanece por todos os tempos e abrange todos os homens,  os povos e as nações; e supera todo o mal, que o espírito das trevas é capaz de despertar no  coração do homem e na sua história, e que, de facto, despertou nos nossos tempos. Oh! quão profundamente sentimos a necessidade de consagração, pela humanidade e pelo  mundo:  pelo  nosso  mundo  contemporâneo,  em  união com  o  próprio  Cristo! (…)  Mãe  da  Igreja! Iluminai o Povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança e da caridade! (…) Ajudai nos  a  viver  na  verdade  da  consagração  de  Cristo  pela  inteira  família  humana  do  mundo  contemporâneo. 

Confiando-Vos,  ó  Mãe,  o  mundo,  todos  os  homens  e todos  os  povos,  nós  Vos  confiamos  também a própria consagração do mundo, depositando-a no Vosso Coração materno. (…) Que se revele, uma vez mais, na história do mundo, a infinita potência salvífica da Redenção:  a  força  infinita  do  Amor  misericordioso!  Que  ele  detenha  o  mal!  Que  ele  transforme  as  consciências! Que se manifeste para todos, no Vosso Coração Imaculado a luz da Esperança!» Ámen.