Bispo de Leiria – Fátima, que vai ser criado cardeal no dia 28, elege áreas em que poderá contribuir
O novo cardeal português D. António Marto poderá vir a contribuir na Cúria Romana em áreas como a doutrina da fé, a família, a Nova Evangelização ou o sector da Cultura.
Estas são áreas “onde me sinto interessado e com um certo à vontade”, admitiu em entrevista à Agência ECCLESIA o bispo de Leiria – Fátima quando questionado sobre as áreas onde poderia vir a contribuir, após ser criado cardeal.
“Sou chamado a ser colaborador mais próximo do Papa, no que ele entender e confiar. De momento ainda não sei”, indica o novo cardeal português que se afirma “surpreendido” e “tranquilo”.
D. António Marto vai ser criado cardeal no dia 28, no consistório convocado pelo Papa Francisco, que vai elevar ao colégio cardinalício 14 novos elementos, 11 deles eleitores num futuro conclave.
“É com tranquilidade e paz de espírito que aceitei este pedido do Santo Padre, este encargo e missão. É mais um serviço à Igreja que exigirá de mim, porventura, mais trabalho e mais deslocações a Roma mas penso que não perturbará a vida da diocese”.
O bispo de Leiria – Fátima afirma que o Papa Francisco trouxe um “novo estilo” de ser pastor que, admite, “leva o seu tempo a ser interiorizado por todos”.
“É um estilo de pastor próximo, cheio de simplicidade, quer na maneira como se apresenta, quer na forma de falar às pessoas, na forma como se torna próximo”, destaca.
Para o prelado está em causa “uma Igreja ao estilo de Jesus, que se aproximava das pessoas, que saia pelas ruas; a Igreja em saída do Papa Francisco que vai ao encontro de todos sem exceção, sem descriminações”.
O novo cardeal afirma-se um parceiro “convicto” do Papa Francisco nas mudanças que ele opera na Igreja e na Cúria Romana.
“Ele tem um parceiro e sabe-o”, assinala o bispo de Lerira-Fátima, relembrando os encontros que manteve com o Papa onde prepararam a vinda a Fátima, por ocasião da canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto, em 2017, mas também debateram a situação da Igreja.
“Naturalmente a celebração do centenário das aparições teve influência na nomeação. Mas não posso por de parte que tenha sido um ato de confiança pessoal do Papa. Nas audiências privadas que tive com ele falámos desta reforma da Igreja e animei-o sempre a ir para a frente e manifestei-lhe todo o meu apoio”.
Para D. António Marto, o Papa tem sido um “construtor de pontes, de encontro e entendimento entre os povos”, apesar de “resistências” que possam haver.
“É natural que sempre existam, bolsas no meio do povo, como também entre os colaboradores próximos, mesmo entre os próprios cardeais. Existiu sempre isso mesmo em relação aos Concílios. Hoje, apenas, ganham um alcance mediático que antes não tinha”.
O bispo de Leiria-Fátima admite que não conhece “todo o itinerário que os cardeais e o Papa percorreram em ordem à renovação da Cúria” mas assinala a atenção pontifícia para o “desenvolvimento integral dos povos”, com a criação de um dicastério dedicado a esse sector.
O futuro cardeal português indica a inspiração do beato Paulo VI e de São João XXIII no pontificado de Francisco que retoma frases como «O novo nome da paz é o desenvolvimento» e «A Igreja prefere usar a medicina da misericórdia às armas da condenação».
“O pontificado do Papa Francisco é marcado precisamente por isto. Hoje vivemos um mundo ferido quer a nível pessoal, das famílias, muitas feridas, a nível social, de divisões, indiferenças, injustiças, atentados aos direitos humanos. É preciso quem olhe para as feridas”.
Fonte: Agência Ecclesia
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